"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 18 de outubro de 2015

Dilma recebe apoio latino-americano


Por Darío Pignotti, para o Página/12, de Brasília


A América do Sul contra o “golpe paraguaio”. Diante do risco de um assalto conservador ao poder, o secretário-geral da Unasul e o candidato favorito a vencer as eleições argentinas viajaram a Brasília para manifestar seu apoio ao governo legítimo de Dilma Rousseff.

O candidato presidencial da Frente para a Vitória (FpV), Daniel Scioli, foi recebido ontem em Brasília por uma Dilma Rousseff sorridente, após ter vencido sua batalha mais dura contra os grupos que ela definiu como “cúmplices de um golpe contra a democracia”. Horas antes do desembarque de Scioli em Brasília, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou uma medida cautelar que jogou por terra, por enquanto, a escalada para derrubar a presidenta, cujo mandato finaliza no dia 31 de dezembro de 2018.

Quando Scioli chegou ao piso térreo do Palácio do Planalto, se sentia um ambiente menos estressado que o observado na manhã, quando chegavam as notícias do Congresso sobre o iminente início do processo de impeachment impulsionado pelo deputado Eduardo Cunha – acusado de possuir milhões de dólares ocultos em contas na Suíça, criadas para receber dinheiro desviado dos cofres públicos – e pelo ex-candidato presidencial Aécio Neves, derrotado por Dilma nas eleições de 2014 e obcecado em reverter esse resultado à força.

Depois de uma hora de reunião com Dilma Rousseff, o governador da província de Buenos Aires falou com um grupo de jornalistas, que perguntaram sobre as tentativas de destituir a presidenta do Brasil. “Eu vim trazer à presidenta Dilma uma saudação da presidenta do meu país. Como vocês sabem, entre Dilma e Cristina existe uma grande afinidade pessoal e política. Eu sou um fiel defensor da institucionalidade, e confio nas instituições da República, elas vão atuar com toda a responsabilidade”, respondeu.

Logo, reforçou o apoio, dizendo que “nós já sentimos isso na Argentina, esse triângulo midiático, jurídico e político (surgido) da impotência das forças opositoras por não conseguir chegar legitimamente ao poder através do voto popular. Essas forças buscam deslegitimar e atacar os governos com caráter mais popular. Foi o que eu disse à presidenta Dilma, com essas mesmas palavras”.

Claro que Scioli e Dilma também conversaram sobre as eleições do próximo dia 25 de outubro na Argentina. Sem protocolos, Dilma demonstrou sua preferência pela postulação de Daniel Scioli.

“Encontrei a presidenta Dilma bastante tranquila e falando muito sobre o futuro, ela disse que vai torcer ela nossa vitória, numa eleição que será muito importante para toda a região. Porque sabemos que temos uma agenda em comum, e temos uma visão de futuro em comum”, contou Scioli, acompanhado pelo governador da província de Entre Ríos, Sergio Urribarri, e o embaixador da Argentina no Brasil, José María Kreckler.

Junto com a presidenta brasileira, estavam presentes o chanceler e ex-embaixador na Argentina, Mauro Vieira, e o assessor especial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, que já está no cargo há 13 anos – desde a chegada de Lula ao Planalto, em janeiro de 2003.

Antes do encontro com o governador argentino, Dilma havia recebido o secretário-geral da Unasul, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper.

Quando deixava o Planalto, Samper deu uma declaração ressaltando o princípio de estabilidade institucional e destacando que “a presidenta Dilma é uma pessoa honesta, foi eleita constitucionalmente e esperamos que todos os temas políticos sejam manejados dentro da Constituição”.

Por sua parte, Scioli mencionou a importância da viagem de Samper a Brasília na atual conjuntura, e reafirmou sua intenção de dar continuidade à Unasul e ao Mercosul. Recordou que a integração teve suas “primeiras etapas com Alfonsín, Sarney, logo com a Unasul, com Néstor, Lula, Dilma e Cristina, e agora nós temos que ir ao próximo capítulo, que é a de reforçar a infraestrutura, para sermos mais competitivos”.

Durante a noite de uma terça-feira agitada – talvez a mais agitada desde o início do seu segundo mandato, há dez meses –, Dilma viajou a São Paulo, para participar, junto com Lula e com o ex-presidente uruguaio José Mujica, na abertura do Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Depois de neutralizar a avançada opositora para derrubá-la, a presidenta procura recompor sua interlocução com os movimentos sociais e organizações sindicais – no próximo dia 8 de novembro, haverá uma mobilização em vários estados, cuja pauta será marcada pelas críticas às tentativas de impeachment, mas também aos ajuste realizados pelo ministro da Fazenda, o neoliberal Joaquim Levy.

Porém, esses atos poderiam ser antecipados, caso aconteçam manifestações em favor do impeachment, planejadas (mas ainda não confirmadas) por Aécio Neves e por grupos neoconservadores como o Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL), cujas consignas mesclam insultos a Dilma com apelos em favor de uma intervenção militar.

Enquanto a delegação argentina se despedia dos funcionários brasileiros, Rafael Follonier, assessor internacional de Scioli, comentou com a nossa reportagem “a importância do encontro de hoje, num momento especial” como o que atravessa a gestão de Rousseff.

“Conheço a Dilma há muito tempo, a vi muito bem, ela é muito forte, não a vão atropelar”, comentou Follonier, que esteve no escritório da mandatária.

Consultado sobre se está garantida a continuidade de uma boa sintonia entre o Mercosul e a Unasul, Follonier respondeu de forma segura: “eu acho que sim, isso caminha muito bem, porque existe uma proximidade muito boa entre Daniel Scioli e Dilma Rousseff”, e destacou que ambos estão comprometidos em dar continuidade ao projeto latino-americanista de Néstor, Lula e Cristina”.
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Tradução: Victor Farinelli