"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Discurso do Ministro de Relações Exteriores da República de Cuba Bruno Rodríguez Parrila, na Cerimônia de Reabertura da Embaixada de Cuba nos Estados Unidos.




Exmª Sra. Roberta Jacobson, secretária de Estado Adjunta, e senhores funcionários do Governo dos Estados Unidos que a acompanham:

Honoráveis Membros do Congresso:


Estimados Representantes das Organizações, Movimentos e Instituições estadunidenses que realizarem ingentes esforços pela mudança de política em relação a Cuba e o melhoramento das relações bilaterais:
Estimados Representantes das Organizações e Movimentos da emigração patriótica:
Excelentíssimos Srs. Embaixadores:
Companheiros da Delegação Cubana:
Encarregado de negócios José Ramón Cabañas, funcionários e trabalhadores da Embaixada de Cuba:

Estimadas amigas e amigos:
A bandeira que honramos à entrada desta sala é a mesma que aqui foi arriada há 54 anos, conservada zelosamente na Flórida por uma família de libertadores e depois pelo Museu de nossa cidade oriental de Las Tunas, como antecipação de que este dia teria que chegar.
Ondeia novamente neste lugar a bandeira da estrela solitária que encarna o generoso sangue derramado, o sacrifício e a luta mais que centenária de nosso povo pela independência nacional e pela plena autodeterminação, frente aos mais graves desafios e perigos.
Rendemos homenagem a todos os que caíram em sua defesa e renovamos o compromisso das gerações presentes e, com absoluta confiança nas que virão, de servi-la com honra.
Invocamos a memória de José Martí, quem viveu consagrado à luta pela liberdade de Cuba e conheceu profundamente os Estados Unidos. Em suas “Escenas Norteamericanas” nos deixou uma nítida descrição da grande nação do norte e o elogio do melhor dela. Também nos legou a advertência de seu exacerbado apetite de dominação que toda uma história de desencontros confirmou.
Chegamos aqui graças à condução firme e sábia do líder histórico da Revolução Cubana Fidel Castro Ruz, a cujas ideias sempre guardaremos lealdade suprema. Recordamos sua presença nesta cidade, em abril de 1959, para promover relações bilaterais justas e sua sincera homenagem a Lincoln e Washington. Os propósitos que prematuramente o fizeram vir são os que tentamos nestas décadas e coincidem exatamente com os que nos propomos hoje.
Muitos nesta sala, políticos, jornalistas, personalidades das letras ou das ciências, estudantes, ativistas sociais estadunidenses, usufruíram de infinitas horas de enriquecedora conversação com o Comandante que lhes permitiram compreender melhor nossas razões, objetivos e decisões.
Este ato foi possível pela livre e inquebrantável vontade, pela unidade, o sacrifício, a abnegação, a heroica resistência e pelo trabalho de nosso povo, e pela força da Nação e da cultura cubanas.
Várias gerações da diplomacia revolucionária confluíram neste esforço e entregaram seus mártires. O exemplo e o verbo trepidante de Raúl Roa, o Chanceler da Dignidade, continuam estimulando a política externa cubana e estarão na lembrança dos mais jovens e dos futuros diplomatas.
Sou portador de uma saudação do Presidente Raúl Castro, expressão de boa vontade e da sólida decisão política de avançar, mediante o diálogo baseado no respeito mútuo e na igualdade soberana, para uma convivência civilizada, ainda dentro das diferenças entre ambos governos, que favoreça a solução dos problemas bilaterais, promova a cooperação e o desenvolvimento de vínculos mutuamente vantajosos, como desejam e merecem ambos povos.
Sabemos que isso seria uma contribuição à paz, ao desenvolvimento, à equidade e à estabilidade do continente, ao exercício dos propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas e na Proclamação de América Latina e Caribe como Zona de Paz, firmada na II Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, em Havana.
Com o restabelecimento das relações diplomáticas e da reabertura de Embaixadas, culmina hoje uma primeira etapa do diálogo bilateral e se abre passagem ao complexo e certamente longo processo para a normalização das relações bilaterais.
É grande o desafio porque nunca houve relações normais entre os Estados Unidos da América e Cuba, a pesar de um século e meio de intensos e enriquecedores vínculos entre os povos.
A Emenda Platt, imposta em 1902 sob ocupação militar, cerceou um esforço libertador que havia contado com a participação ou a simpatia de não poucos cidadãos norte-americanos e deu origem à usurpação de território cubana em Guantánamo. Suas nefastas consequências marcaram indelevelmente nossa história comum.
Em 1959, os Estados Unidos não aceitaram a existência de uma pequena e vizinha ilha totalmente independente e, uns anos depois, ainda menos, a de uma Revolução socialista que teve que se defender, e desde então encarna a vontade de nosso povo.
Cito a história para afirmar que hoje se abre a oportunidade de começar a trabalhar para fundar umas relações bilaterais novas e diferentes a todo o anterior. Para isso, o governo cubano compromete toda sua vontade.
Só a eliminação do bloqueio econômico, comercial e financeiro, que tanto dano e privações ocasiona a nosso povo, a devolução do território ocupado em Guantánamo e o respeito à soberania de Cuba darão sentido ao fato histórico que estamos vivendo hoje.
Cada passo que se avance contará com o reconhecimento e a favorável disposição de nosso povo e governo, e receberá evidentemente o estímulo e o beneplácito da América Latina Caribenha e do mundo.
Ratificamos a vontade de Cuba de avançar para a normalização das relações com os Estados Unidos, com ânimo construtivo, porém sem menosprezo algum a nossa independência, nem ingerência em assuntos que pertencem à exclusiva soberania dos cubanos.
Persistir em objetivos obsoletos e injustos e só propor-se uma mera mudança nos métodos para consegui-los não fará legítimos aqueles nem ajudará ao interesse nacional dos Estados Unidos nem ao de seus cidadãos. No entanto, se assim ocorrera, estaríamos dispostos a aceitar o desafio.
Acorreremos a este processo, como escrevera o presidente Raúl Castro em sua carta de 1º de julho ao Presidente Barack Obama, “estimulados pela intenção recíproca de desenvolver relações respeitosas e de cooperação entre nossos povos e governos”.
Desde esta Embaixada, continuaremos trabalhando com empenho para fomentar as relações culturais, econômicas, científicas, acadêmicas e desportivas, e os vínculos amistosos entre nossos povos.
Transmitimos o respeito e reconhecimento do governo cubano ao Presidente dos Estados Unidos por seu chamado ao Congresso a suspender o bloqueio e pela mudança de política que enunciou, em particular pela disposição que expressou de exercer suas faculdades executivas com esse propósito.
Relembramos especialmente a decisão do Presidente Carter de abrir Seções de Interesses respectivas em setembro de 1977.
Me alegra agradecer ao governo da Confederação Suíça por sua representação dos interesses cubanos durante os últimos 24 anos.
Em nome do Governo e do povo de Cuba, desejo expressar nossa gratidão aos membros do Congresso, académicos, líderes religiosos, ativistas, grupos de solidariedade, empresários e tantos cidadãos estadunidenses que se esforçaram ao longo de muitos anos para fazer chegar este dia.
À maioria dos cubanos residentes nos Estados Unidos, que têm defendido e clamam por uma relação diferente deste país com nossa Nação, expressamos reconhecimento. Nos disseram, comovidos, que multiplicarão seus esforços, leais à tradição da emigração patriótica que serviu de sustentação aos ideais de independência.
Expressamos gratidão a nossos irmãos latino-americanos e caribenhos, que estiveram de maneira decisiva junto a nosso país e exigiram um novo capítulo nas relações entre os Estados Unidos e Cuba, assim como o fizeram com extraordinária constância muitíssimos amigos em todo o mundo.
Reitero nosso reconhecimento aos governos, aqui representados pelo Corpo Diplomático, que com sua voz na Assembleia Geral das Nações Unidas e em outros âmbitos deram uma contribuição decisiva.
José Martí organizou a partir daqui o Partido Revolucionário Cubano para conquistar a liberdade, toda a justiça e a dignidade plena dos seres humanos. Suas ideias, reivindicadas heroicamente no ano de seu Centenário, continuam sendo a essencial inspiração neste caminho que nosso povo, soberanamente, escolheu.

Muito obrigado.


Equipe ANNCOL - Brasil