"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 8 de fevereiro de 2015

Que significa tudo isto, Senhor Presidente?


Recentemente, conhecemos declarações oficiais do mais alto nível que negam a existência de grupos paramilitares, apesar da evidência diária de ameaças e crimes contra dirigentes sociais, políticos e populares que levam a firma de vários desses grupos de assassinos.
A realidade assinala outra coisa. No dia 30 de janeiro se produziu o crime do dirigente campesino Jáminton Andrés Ávila, do município de Yondó, no Nordeste de Antioquia, líder, entre outras organizações, da Zona de Reserva Campesina do Río Cimitarra, ao tempo em que se denunciam de novo as ameaças de morte contra o dirigente de ANZORC, César Jerez.
Em Cumbitarra, estado de Nariño, no último 23 de janeiro, se produziu um combate entre unidades da Frente 29 das FARC-EP e os membros de um grupo paramilitar que tinha fixado uma reserva na corregedoria de Remolinos e ameaçava com avançar até Palo Grande. O saldo foi de um paramilitar morto e mais dois feridos. Após esse acontecimento, marcou presença em Sidón, parte alta de Remolinos, uma patrulha do Exército que entrou decididamente a apoiá-los.
Reforçados pela tropa oficial, os paramilitares penetraram até as veredas Palo Grande e La Perdiz, de onde começaram a enviar chamamentos aos comerciantes de Sidón, Sánchez e Remolinos, para que se apresentem ante eles com somas que oscilam entre 5 e 20 milhões de pesos, sob a ameaça de morrerem no caso de se negarem [a pagar]. Segundo o expressado à população pelos paramilitares protegidos pelo Exército, se encontram à espera de mais homens e armas.
Por outra parte, a 30 de janeiro, em altas horas da noite, se apresentou uma patrulha da força-tarefa Apolo do Exército Nacional, na casa de um morador da vereda El Tierrero, município de Caloto, Cauca, destroçando as portas e causando toda uma desordem, após o que procederam a arrancar de sua cama, à força, o chefe da família. Ante os gritos e súplicas de sua esposa e filhos, a comunidade se apresentou, as quais as tropas tentaram rechaçar empregando suas armas de fogo, fuzis e lança granadas MGL. Só a valentia da população decidida a impedir a arbitrariedade oficial obrigou a tropa a retirar-se, que expressou abertamente ameaças contra a população e seus habitantes.
No município de Chaparral, sul do Tolima, se incrementam as operações militares na área rural, particularmente nas corregedorias La Marina e León, onde patrulhas de 10 soldados profissionais que levam consigo mulheres, enviam às casas da comunidade pequenos grupos vestidos à paisana, com uma ou mais mulheres, a que se apresentem como guerrilheiros que reclamam remessas, dinheiros ou qualquer outro encargo depositado ali para eles. Ante a surpresa e a negativa da população, mais tarde chega a tropa fardada nas mesmas casas, arrasando completamente seu interior e levando até a mais mínima das provisões das pobres famílias campesinas.
Continuam as operações militares nas áreas da Frente 15 e na região do Guayabero, no Meta, com tropas que avançam por terra, tomam posse de lugares dominantes e dali se dedicam a bombardear com granadas de morteiro 120 mm a área circundante. Sobra dizer que a orientação que se deu às unidades guerrilheiras é a de responder de maneira contundente.
Que significa tudo isso, senhor Presidente? Estamos à beira de assumir o tema da diminuição da intensidade do conflito, em meio a um cessar-fogo unilateral rigorosamente cumprido por nossa organização. Discutir sobre assuntos como o desminado ou a violência sexual em meio à guerra não representa para nós nenhum problema, sempre que sejam atendidas as dificuldades apresentadas em ambos os bandos. Porém, há de se ter em conta que nossa atitude atual tem contribuído para que as vítimas da confrontação sejam cada dia menos. Uma atitude semelhante por parte do Estado faria mais rapidamente realizável o velho anseio de pôr fim aos sofrimentos do povo colombiano.


SECRETARIADO DO ESTADO-MAIOR CENTRAL DAS FARC-EP
La Habana, 3 de fevereiro de 2015.
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Equipe ANNCOL - Brasil