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Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Por acordo de paz, FARC vão exigir que Bogotá reconheça existência de presos políticos


Por Vanessa Martina Silva

Marco León Calarcá, em entrevista a Opera Mundi, defende que prisioneiros sejam considerados vítimas do conflito e que seja formada comissão sobre tema.

O governo nega que eles existam, mas a Rede Internacional de Solidariedade com as Prisioneiras e Prisioneiros Políticos Colombianos denuncia que presos políticos, de consciência e de guerra, são mantidos na Colômbia em situação precária, sem tratamento médico e com alimentação insuficiente. Em entrevista exclusiva a Opera Mundi, o porta-voz das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Marco León Calarcá, afirma que, para que seja concluído o processo de paz, o governo terá não só que admitir a existência dos presos políticos, mas também reconhecê-los como parte das vítimas do conflito.

De acordo com o guerrilheiro, “há uma superpopulação carcerária no país, que ultrapassa 400%, e as piores condições são dadas aos prisioneiros políticos e sociais”, relata.

Para protestar contra o tratamento a que são submetidos, um grupo com pelo menos 400 detentos, em 14 presídios no país, realizou uma greve de fome em meados de novembro e que se estendeu por dias. “Eles pediam condições dignas. Nada além do que é garantido a qualquer outro ser humano. Hoje, a situação é que um guerrilheiro chega ferido e é deixado abandonado, sem tratamento. Em alguns casos, tiveram que recorrer à amputação como solução porque chegaram com ferimento na perna e não receberam nenhum cuidado”, conta Calarcá.

De acordo com o Inpec (Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário), em 2012, 102 mil pessoas estavam privadas de liberdade na Colômbia. 

Destes, 3.500 seriam presos políticos. O governo, no entanto, nega a existência desse tipo de detentos. Mas, de acordo com Calarcá, o tema será tratado dentro do quinto ponto da agenda que está sendo negociada em Havana no marco dos diálogos de paz.

A questão é que hoje tudo é considerado terrorismo para colocar juridicamente responsabilidades sobre as pessoas”, afirmou o guerrilheiro, que defendeu ainda a necessidade de que os colombianos possam “exercer o direito à rebelião, castigado pela legislação como crime, quando para nós é um direito. Você não pode ser rebelde sem ter armas”, afirmou.

A guerrilha defende que os prisioneiros políticos sejam considerados vítimas do conflito. Para isso, defendem a formação de uma comissão especial de estudo da situação dos prisioneiros políticos formada por diversos setores da sociedade e do Estado. A comissão será responsável por identificar as vítimas do sistema estatal de administração da Justiça. Também serão considerados os chamados “falsos positivos judiciais” e prisioneiros políticos cujos direitos humanos foram violados.

Com apoio de Opera Mundi