"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 18 de janeiro de 2015

Há motivos para suspeita





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Há lugar para a comoção. Um grupo de homens armados ingressa na redação em Paris de uma revista muito conhecida por seu tratamento pouco comedido dos temas do islã, e com rifles automáticos AK 47 assassina doze jornalistas e várias pessoas mais. Em muito breve prazo, a polícia francesa afirma ter identificado os assassinos. Inclusive fornece os nomes dos três criminosos, aos quais, sem maior averiguação, chama de terroristas. No lugar dos fatos comparece o presidente da França e diz, frase explosiva, que os assassinos serão perseguidos sem descanso e levados ante a justiça.


Em poucas horas, a polícia informa que já tem localizados os responsáveis pelo múltiplo homicídio. Um pouco depois, os gendarmes afirmam que os assassinos foram mortos durante um enfrentamento com as forças da ordem. Já se sabe que os mortos não falam.


Também em brevíssimo tempo chega a Paris um montão de chefes de Estado para encabeçar uma multitudinária marcha condenatória do terrorismo. E chama a atenção que na vanguarda da manifestação se encontra um célebre praticante do mais cruel terrorismo: o primeiro-ministro de Israel.


Ato seguido, como num filme de ação vertiginosa, esse montão de chefes de Estado, junto com o presidente dos Estados Unidos, convoca a uma conferência internacional sobre segurança para fazer frente, de maneira conjunta e coordenada, ao flagelo do terrorismo. Porém, atenção!, não qualquer terrorismo, mas sim o terrorismo islâmico. E mais concretamente o terrorismo jihadista, ao qual, sem maior evidência e do modo mais categórico possível, se atribui o atentado contra a revista parisiense.


No calor do conhecimento destes fatos vertiginosos, não pode alguém evitar que lhe venha à memória o incêndio do Reichstag, atribuído pelos nazistas “aos comunistas”, atentado que produziu quase automaticamente a chegada de Adolf Hitler ao poder absoluto.


E como não recordar o afundamento na baía de Havana, em 1898, do Maine, buque da armada estadunidense, atribuído por Washington ao exército espanhol e que serviu de perfeito pretexto para o ingresso dos Estados Unidos na guerra de independência de Cuba contra o domínio colonial espanhol e que, depois da derrota de Espanha, permitiu aos Estados Unidos apoderar-se militarmente de Cuba e exercer sobre a ilha um domínio neocolonialista que só terminou com o triunfo da Revolução da Sierra Maestra?


Já se esqueceu o celebérrimo incidente do golfo de Tonkin em que, nos disseram, umas lanchas torpedeiras do Vietnã do Norte haviam canhoneado um barco gringo, o que mais tarde se comprovou que foi um fato inexistente, uma rotunda falsidade, porém que serviu de pretexto para iniciar os bombardeios massivos do Vietnã do Norte, ocultados, evidentemente, pela imprensa e opinião pública estadunidenses?


E as Torres Gêmeas? Também se responsabilizou a uns fanáticos muçulmanos desse feroz fato. Porém, até agora ninguém pôde provar que, com efeito, as coisas ocorreram como diz a versão oficial. Nem em Nova Iorque nem em Washington nem em Maryland, onde nos disseram que, quem sabe como, um avião lotado de passageiros veio aterrissar. Na literatura política mundial, a este tipo de ações se lhes chama atentados com bandeira falsa.


Aquele montão de mandatários e seus serviços secretos e seus aparatos de inteligência e espionagem e a polícia parisiense terão sequer considerado a hipótese de um atentado com bandeira falsa? Ou só seguiram pontualmente e com cara de circunstâncias o livreto prescrito para aumentar e justificar a islamofobia ocidental e novas guerras coloniais contra os países muçulmanos, Irã em primeiro lugar? De modo que, se há motivos para a comoção, também os há para a suspeita.

Economista e professor de Economia Política. Fundador e diretor do Centro de Estudos de Economia e Política. É colunista do diário El Sol de México, do Centro de Estudos de Economia e Política. É colunista do diário El Sol de México, do quatorzenário Siminforma, do diário Rumbo de México, entre outros meios. Analista político em distintos programas de rádio.

Fonte: teleSUR

Tradução: Joaquim Lisboa Neto