"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

As propostas do camarada Timo a Santos


Autor: Comandante Miguel Ángel.


«De repente os meios vêm nos apresentar o uribismo como o abandeirado da paz e da

solução política, e Uribe como o divino menino rechaçado pelas FARC»


Não se trata de que, por buscar a paz e a solução política ao conflito colombiano, os guerrilheiros e mandos das FARC-EP deixemos de ser revolucionários, isto é, de sonhar com a tomada do poder para o povo e trabalhar por ela. E, desde logo, tampouco se trata de que os reacionários e militaristas até à morte, os patrocinadores do paramilitarismo e do terror, da noite para o dia se transformem em anjos piedosos sem obsessões pelo lucro.


Em Colômbia, como no resto do mundo, têm existido talvez desde quanto tempo atrás os que, movidos pelo ânimo do enriquecimento e da dominação social, empregaram os mais grosseiros métodos para aumentar suas propriedades, sem importar-lhes para nada o despojo produzido a outros, nem o sofrimento causado com suas condutas. Se trata de setores que invocam uma suposta superioridade fundada em seu talento natural para os negócios, sua inteligência, sua cor de pele, sua fé religiosa e até em sua bravura. De maus ou estúpidos os demais, e nasceram para viver no andar de baixo.


Porém, também em Colômbia e no resto do mundo têm existido os que creem e cultivam outro tipo de valores, os que pensam nos interesses gerais, em que o da comunidade em seu conjunto tem prioridade sobre o individual e egoísta. Os que pensam que o mais pobre e insignificante dos seres humanos é também um ser digno, que merece todo o respeito e a solidariedade dos demais com o objetivo de contribuir com ele para superar seu estado. Este setor da sociedade é amigo do diálogo, se opõe ao emprego da violência e da guerra, sobretudo quando se propõem a expropriação e a vassalagem. Nesses casos, não teve outro remédio senão rebelar-se.


Os que põem de presente os diálogos de Havana é essa profunda contradição de interesses entre os que estão pelo caminho da guerra, da mão dura, da repressão e da intolerância, e os que estão pela via da democratização, do debate político aberto, da paz e da tolerância. Que a poderosa e venenosa propaganda dos primeiros desespere por todos os meios para apresentar as coisas ao revés não muda seu real significado.


O camarada Timo acaba de pôr o dedo na ferida. O urubismo e seu aparato político cinicamente denominado Centro Democrático representa a mais raivosa expressão da ultra direita de corte fascista, ainda que por seu estilo respeitoso nosso chefe não o expresse assim. São demasiados e contundentes os fatos históricos que provam os procedimentos desse setor político, ligado por nexos muito poderosos à cúpula militar e policial do país, que vão desde o desterro e o assassinato individual de compatriotas até as hordas do paramilitarismo e do deslocamento massivo de milhões de colombianos, passando por sua vinculação com as máfias do narcotráfico, sua humilhação ante as posições abertamente dominantes do imperialismo no mundo, sua intolerância total à crítica do sistema econômico e do regime político vigentes, sua hipócrita religiosidade cristã e suas presunções de superioridade, entre tantas outras condutas desprezáveis.


Assim que não nos digamos mentiras, o uribismo é um inimigo declarado da paz, da solução política e da reconciliação entre os colombianos. É o principal incitador e fazedor da guerra, do terror de Estado e da lei do mais forte. É a fonte da qual emana toda a podridão da qual a Colômbia padece. E está demonstrando o descaradamente com sua doentia posição ante os diálogos de Havana e o acordado até agora. Jamais se havia visto tanta construção mentirosa, suja e canalha como a exibida em suas 52 objeções aos acordos alcançados. Uma autêntica latrina de
fantasiosas porcarias.


O que o camarada Timo está dizendo a Santos e por seu conduto a toda a nação colombiana é que é urgente, prioritário, vital para a paz da Colômbia que o governo nacional faça a um lado e contribua para isolar essas perturbadas posições extremas.


Que, se na realidade o Presidente Santos pensa passar à história como o Presidente da paz, se encontra na obrigação de definir de uma vez por todas se se soma ao clamor da imensa maioria dos colombianos que se inclinam pela solução política, ou permanece atado às cadeias do uribismo fascista, preocupado como o primeiro por não desagradar a seu mentor. Quer dizer, se aposta na paz ou na guerra.


Por isso Timo acompanha sua respeitosa cominação com a proposta pública de um armistício, de um cessar bilateral de hostilidades que reforce e legitime os diálogos que se desenvolvam em Havana. Inclusive sugere ao Presidente que as gestões que se prepara a adiantar pela Europa na próxima semana, que, segundo seu dito, apontam a promover a paz no exterior, cumpra-as acompanhado de uma delegação das FARC. Isto é, em resumo, que se case definitivamente com a aposta da verdadeira reconciliação e dê as costas a seus inimigos declarados.


O manejo que os grandes meios de comunicação deram à carta do camarada Timo põe de presente que em realidade se encontram alinhados com a ultra direita uribista, ainda que se mostrem timidamente solidários com os esforços de paz do Presidente Santos e o conseguido em Havana. De outra maneira não se explica que saiam a dizer que Timoshenko está exigindo a Santos que arranque Uribe dos diálogos, inclusive até ironizando porque não se pode tirar a quem não está dentro. De repente, da noite para o dia, vêm nos apresentar o uribismo como o abandeirado da paz e da solução política e a Uribe como o divino menino rechaçado, apesar de sua declarada vocação pela paz. Não há direito. Que maneira tão miserável de manipular tudo.


Para Uribe e seu séquito é uma questão de fé o extermínio total das FARC-EP e, de passagem, dos que de um ou outro modo coincidem com nossas posturas políticas. A paz para eles consiste em que não exista ninguém que possa confrontar sua avareza assassina. É algo que os colombianos devemos ter a cada dia mais claro. Por isso é necessário rechaçá-los e isolá-los.


Montanhas de Colômbia, outubro de 2014.

--

Equipe ANNCOL - Brasil

anncol.br@gmail.com

http://anncol-brasil.blogspot.com