"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 7 de setembro de 2014

O Conflito Interno Colombiano: Três Dimensões: Socioeconômica, Política, Armada



Escrito por NotiColombia Press

A base do conflito interno colombiano está sustentada numa classe oligárquica que se apoderou do Estado, fê-lo seu, e excluiu ao restante de colombianos da gestão benfeitora que nosso Libertador Simón Bolívar proclamou e pretendeu desenvolver.
Já há 200 anos encontramos as raízes de nossas desgraças, tratadas muito certeiramente pelo Dr. Hernando Vanegas em seus escritos sobre o Libertador. [Ver: El pensamiento complejo del Libertador Simón Bolívar / O pensamento complexo do Libertador Simón Bolívar] Os “crioulos” se apoderaram do aparelho produtivo, traíram o ideário de Bolívar e se colocaram sob a sombra nefasta e “protetora” do imperialismo estadunidense.


Desde então legislaram contra a maioria pobre dos colombianos, em favor de seus interesses terra-tenentes-oligárquicos e dos do império. Já na segunda metade do século 20 é ostensiva a presença estadunidense nas decisões do país e sua política de guerra. Isso não é obstáculo para promover o maior e histórico saqueio de nossas riquezas naturais. Petróleo, café, esmeraldas, ouro, níquel, etc são consideradas como matérias-primas -”compradas” a preço baixo ou exploradas com contratos leoninos como as concessões [100% para a empresa] e os contratos de associação de 70% para as multinacionais gringas e 30% para o país produtor.


Esta realidade continuou na segunda metade do século 20 e no começo do século 21. As políticas econômicas e sociais são ditadas pelos organismos em poder dos Estados Unidos –FMI, BID, OMC, BM etc-, os quais, logicamente, favorecem as multinacionais. O neoliberalismo é implantado desde a administração de Virgilio Barco [1986-1990], o qual é desenvolvido com toda a maquinaria de “guerra total” elaborada pelos gringos e pela oligarquia durante a administração de César Gaviria Trujillo [1990-1994], traduzida na chamada “Abertura Econômica” que não era mais que abrir nossos mercados à “competitividade” desigual com as empresas multinacionais, ao tempo em que os Estados Unidos desenvolviam um protecionismo de seu mercado.


O neoliberalismo rapace continua com a política imperial de espoliar todos os nossos recursos, o qual se traduz em aumento da pobreza do povo colombiano e no aumento da riqueza em mãos de uns poucos oligarcas e gringos. A concentração da riqueza foi considerada excessiva inclusive pelo Banco Mundial [1998], situando-o como o segundo país no mundo. Em Colômbia cinco grupos financeiros controlavam 92% dos ativos do setor: 36% em mãos do Grupo Empresarial Antioqueño, 28% em mãos de dois grupos controlados por uma só pessoa [Santodomingo e Sarmiento Angulo] [apoiadores de Uribhitler]; quatro grupos econômicos controlam 80% dos meios de comunicação; 50 grupos econômicos dominam mais de 60% da indústria, dos serviços, do comércio, do transporte e da agricultura. [Cifras de 1998]


Investigadores econômicos nos indicam que: “O incremento da pobreza entre 1995 e 2000 deveu-se totalmente ao incremento no desemprego; se não fosse pelo incremento no nível da educação dos lares e na redução no tamanho do lar, a situação teria sido mais crítica: um aumento de 10% no nível educativo dos lares reduz a pobreza total em 9%; um aumento da taxa de ocupação de 10% reduz a pobreza em 30%. O maior nível de pobreza aparece relacionado positivamente com os incrementos no desemprego e na inflação, e com maior regressão na distribuição da renda; incrementos na taxa de câmbio real e no salário mínimo real diminuem a pobreza. Em 15 anos se poderia reduzir a pobreza pela metade, se o PIB per capita aumenta a um nível médio de 4% anual e se, ao mesmo tempo, a distribuição da renda melhora em média 0.5% por ano. [Projeto “Apoio à implementação de um sistema de indicadores de desenvolvimento sustentável” – CEPAL/PNUD COL/01/008]


Os investigadores econômicos nos mostram uma realidade dantesca, à qual estamos “acostumados”: “A pobreza é sinônimo de fome. Mais de 8% da população sofre diariamente de fome; como consequência, mais de 12% das crianças menores de cinco anos apresentam desnutrição crônica, e nos estados como La Guajira e Boyacá esta taxa é de aproximadamente o dobro da média nacional. Esta falta de acesso aos nutrientes requeridos põe as crianças em condições de vulnerabilidade frente às doenças, muitas vezes com consequências catastróficas para seu desenvolvimento.


A pobreza e a desnutrição trazem como consequência baixos níveis de saúde [incluindo incapacidades permanentes] e morte precoce. [Ver: LAS TRAMPAS DA POBREZA EN COLOMBIA: QUE HACER? DISEÑO DE UN PROGRAMA CONTRA LA EXTREMA POBREZA. –AS ARMADILHAS DA POBREZA EM COLÔMBIA: QUE FAZER? ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA CONTRA A EXTREMA POBREZA. JAIRO NÚÑEZ MENDEZ. LAURA CUESTA]


Evidentemente que, mais que “armadilhas da pobreza”, são armadilhas de um sistema que busca sempre perpetuar o atual estado de coisas, isto é, mais riqueza para os ricos, mais exploração para os pobres. Destas políticas se derivam todo o mal e negativo que nosso país vive. É um círculo vicioso do qual nenhum pobre poderá sair sem a ajuda do Estado, seja qual seja o sistema imperante. No Capitalismo o Estado o faz para garantir uma mão de obra oportuna para poder explorá-la; no Socialismo o Estado o faz porquanto o povo é sua razão de ser e sua meta é produzir a maior quantidade de felicidade possível a seus concidadãos.


A situação continuou aprofundando-se durante os 8 anos de Uribhitler. Luis Carlos Sarmiento Angulo y Julio Mario Santodomingo continuaram se enriquecendo e seu capital aumentou mais de 3 vezes durante este período. O lucro dos bancos que operam em Colômbia subiu 16,75% interanual entre janeiro e abril de 2009, ante uma maior rentabilidade de seus investimentos que compensou a desaceleração do mercado do crédito, informou na terça-feira a Superintendência Financeira. A utilidade líquida acumulou 2,01 bilhões de pesos [US$954,7 milhões] a abril, frente aos 1,72 bilhões de pesos obtidos nos primeiros quatro meses de 2008, segundo o regulador bancário num comunicado de imprensa.


São eles, a chamada oligarquia, o suporte do regime narco-paramilitar. A eles não interessa o mais mínimo a pobreza, o desemprego, a falta de educação e saúde, a falta de serviços públicos, de bem-estar etc. Mais bem, eles são os modelos a reproduzir, talvez por esse apetite desmedido os dois filhos de Uribhitler embolsaram mais de 30 bilhões de pesos no negócio da Zona Franca de Mosquera, mostrando aos colombianos como é que se faz negócios em Colômbia.


O incremento do desemprego e do subemprego, naturalmente, são também consequência destas políticas criminosas. O desemprego passou de 15% durante o regime narco-paramilitar de Uribhitler, o qual trata infrutiferamente de mostrar outra realidade com a manipulação dos índices de desemprego e subemprego e só reconhece que no mês de fevereiro 2010 a taxa de desemprego foi de 12.6 por cento, com um total de 2 milhões 708 mil colombianos sem emprego e 6 milhões 880 mil no mercado dos camelos.


Assim, é natural que os pobres em Colômbia ultrapassem os 70% da população, ainda que o regime divulgue que é de 49,9%. A situação de pobreza do povo é um caldo de cultura para qualquer empresa criminal. Ela explica o aumento da criminalidade em Colômbia e o corrompimento de grandes setores da juventude colombiana envolvidos em narcotráfico, vício em drogas, roubos, assaltos etc. É a política do não-futuro para a juventude colombiana.


Evidentemente, são as políticas do Estado as responsáveis pelo atual estado de coisas. Com o simples exemplo do deslocamento forçado de indígenas e campesinos vemos as políticas estatais para reduzir a pobreza. 2,5 milhões de deslocados durante o regime narco-paramilitar de Uribhitler, pessoas despojadas de seu único meio de sustento são lançadas à miséria, à indigência, passando a engrossar os cinturões de miséria das cidades; consequentemente, suas terras passam para empresários do campo ligados ao projeto narco-paramilitar, apropriando-se de mais de 5 milhões de hectares [mais da superfície total agrícola]* num país cuja superfície agrícola é de mais de 50 milhões de hectares.


*Em Colômbia há 4,5 milhões de hectares de superfície agrícola e 36,5 milhões de superfície em pastos. O total da superfície agrícola total é de 50 milhões de hectares.


Conflito Interno Colombiano: Conflito Político
NotiColombia Press


Os governos colombianos chamam a si mesmos como “a democracia mais estável de latino-américa”, num intento de enganar a comunidade internacional e ao próprio povo colombiano.


A realidade nos mostra outra coisa. O assassinato de Jorge Eliécer Gaitán significou a acumulação de um Terrorismo promovido pelo Estado desde 1928. No Massacre das Bananeiras se encontra a primeira mostra da maneira como se manejariam as coisas. Repressão, fome e exclusões para o povo, e todo o contrário para os ricos e o império.


Rastrear na história foi o imenso mérito do livro “Colombia, Laboratorio de Embrujo. Democracia y Terrorismo de Estado” de Hernando Calvo Ospina. E, em meados de 1927, segundo nos diz Ospina, se aplicava a chamada “Lei Heroica” que incitava o ódio em relação às pessoas que falavam de “comunismo” e o tratamento repressor –e consequentemente excludente- a todos os partidários de tal sistema de governo. É talvez a primeira exclusão de gentes do povo que pensavam diferente ao sistema imperante, e ali devemos talvez buscar as origens do ódio à causa popular.


A Jorge E. Gaitán lhe cobram, por um lado, o medo que a oligarquia tinha –e tem- a tudo popular e, pelo outro, a tudo que cheirasse a socialismo, a comunismo, no entendido de que Gaitán era um dos máximos líderes que empunhava estas bandeiras. Seu assassinato marcou o início d’ “A Violência” mais descarada contra o povo, enfrentando povo contra povo sob as bandeiras partidaristas liberais-conservadoras.


Os chefes dos partidos liberal e conservador pactuam para desmontar as guerrilhas populares em sua base, assustados pela independência política que começavam a mostrar, instauram o general Rojas Pinilla no poder, e os chefes guerrilheiros são assassinados depois de firmada a paz, assim como muitíssimos civis, o que “significou a perda de suas vidas”. O prêmio que o povo recebia eram mais de 300.000 mortos e mais de um milhão de deslocados, vítimas populares, porque nenhum dos líderes oligárquicos dos partidos liberal e conservador morreu por causa d’ “A Violência”, e a mais absoluta exclusão com a composição da “Frente Nacional”, uma vez deposto Rojas Pinilla, que alternava o poder entre os partidos liberal e conservador e a burocracia se nomeava milimetricamente, e ninguém mais cabia entre esses dois partidos.


Foram 16 anos da mais absoluta negação dos direitos políticos do povo. A essa exclusão se somava a declaratória de guerra ao movimento popular feita no governo de Guillermo León Valencia em 1964. Assim, há que entender a posta em marcha da maquinaria da guerra por parte do Estado com o Ataque a Marquetalia, a qual encontra a resistência e a valentia de um punhado de homens e mulheres que lutavam, em primeiro lugar, por suas vidas, e em segundo lugar contra a exclusão política em todas as suas manifestações. Se inicia a 2ª Violência com toda sua carga de exclusões políticas.


Terminada, a “Frente Nacional” em 1974 [Misael Pastrana] nos deixou uma história infestada de perseguições, exclusões de todo tipo, e um país mais dependente do império estadunidense. Continuavam assim a oligarquia e o império estadunidense negando os direitos ao povo e se instaura a mais escura noite na vida do país. Continuam as execuções extrajudiciais, os massacres, os desaparecimentos, o deslocamento, e se assassina desde líderes comunais até sindicalistas e membros de partidos políticos de esquerda, numa orgia de sangue que mostra às claras que o “da democracia” na boca da oligarquia e do império não é mais que discurso vazio e sem sentido.


Os colombianos do povo experimentamos as mais aberrantes formas de exclusão política. Desde a obrigatoriedade de ser liberal ou conservador na “Frente Nacional” para poder ter acesso a cargos ou nomeações, até a exclusão política sofrida no extermínio da União Patriótica [U.P.]. Em todas as formas de exclusão política está sempre presente, jogando seu papel repressor, a maquinaria estatal, seja através das leis que oprimem o livre arbítrio para decidir pertencer ou não a um partido político até o Terrorismo de Estado da Doutrina de Segurança Nacional através das armas do Estado que assassina por pertencer a um partido político de oposição de esquerda.


Não é exagero dizer que o povo colombiano, durante todos estes anos, sofreu exclusões de todo tipo. Exclusão da educação, exclusão da saúde, exclusão de ser alimentado corretamente, exclusão de um ambiente saudável, exclusão de uma moradia digna, exclusão do lazer, exclusão da tranquilidade para viver a vida, até as exclusões mais modernas, os infoexcluídos.
A cada quatro anos se ativa a “vida política” com umas eleições fraudulentas, com compra-venda do voto, com pressões sobre votantes e juntas de votação através das forças militares-narcoparamilitates, deixando em mãos dos funcionários estatais uma “democracia representativa” que lhes permite roubar o erário, decidir políticas contra o querer da população, e decretar a guerra quando o povo quer a paz; assim como a impunidade mais absoluta para os delitos por eles cometidos.


Excluíram da vida política aos melhores filhos do povo colombiano mediante o assassinato desumano e os valentes que ainda persistem inermes em pôr o peito às balas, veem cair um a um, como em conta-gotas, a membros do Partido Comunista Colombiano e outros partidos de esquerda, na forma mais radical de exclusão política: a morte. Entre 250 e 500 mil vítimas o conflito lançou em sua última periodização, segundo cálculos de diferentes analistas.


Mas os colombianos de bem lutamos com a esperança de alcançar a ser os “incluídos”. Em Colômbia, a única forma de fazer política segura é, paradoxalmente, a luta armada. As outras formas são supremamente arriscadas e põem constantemente suas vidas em perigo de morte, uma morte decretada a partir dos centros de poder oligárquico-imperiais através dos planos como o Plano Colômbia, a segurança democrática ou qualquer outro que se inventem.


Nas guerrilhas das FARC e do ELN está representado o anseio de paz do povo colombiano, o qual lhes entregou seus melhores filhos. Eles são a esperança do povo colombiano e estamos certos de que o povo, em seu acionar, arriscando suas vidas contra a exclusão, tem sempre presente que a solução será dada pela “combinação de todas as formas de luta”. Então, construiremos a Nova Colômbia em paz e com justiça social.


********************************************************************
O Conflito Interno Colombiano – Conflito Armado
Domingo 25 de Abril de 2010 
NotiColombia Press


O Conflito Interno Colombiano é algo mais que o Conflito Armado colombiano. Engloba o conflito em suas três dimensões, todas inter-relacionadas, conflito armado propriamente dito, conflito político e conflito econômico-social.


Se bem que o Conflito Armado é o que produz maior relevância à situação colombiana, nem por isso devemos esquecer os outros componentes. Comecemos a rastrear o Conflito Interno Colombiano em suas três dimensões.


O Conflito Armado finca suas raízes no assassinato de Jorge E. Gaitán, o qual foi a senha dada pelo império desde o divisor ou largada do Terrorismo de Estado em Colômbia. 300 mil mortos e 1 milhão de deslocados falam muito às claras como seriam daí em diante as “soluções” aos conflitos gerados pelas carências insatisfeitas do povo.


Se produziu, então, uma redistribuição da terra –um país eminentemente campesino, nessa época- e surgiram as novas classes terra-tenentes, ao ponto que se considera que a redistribuição violenta da terra é a característica fundamental desse capitalismo deformado que transitava por Colômbia.


Posterior a um curto período de paz, ou de silenciamento dos fuzis populares mas não das armas estatais, por conta desde o Estado se produz a caçada dos comandantes guerrilheiros, Guadalupe Salcedo, entre outros, se dissemina a mais feroz operação militar conhecida até então. O Plano LASO ou “Ataque a Marquetalia”, com 16.000 soldados, a aviação e a guerra biológica com lançamento da “Peste Negra” contra 48 campesinos que trabalhavam a terra, assinalam o início do experimento que os governos dos Estados Unidos adiantavam a fim de “combater o comunismo” mediante operações contra insurgentes que hoje se vêm como “normais”.


Nascem, como resposta, as FARC e, desde seu nascimento, empunham a bandeira da paz entre os colombianos, ademais das palavras de ordem contra o capitalismo que representa a exploração do homem pelo homem e toda a carga de desigualdades e exclusões das quais o povo colombiano padece. As FARC se declaram Marxistas-Leninistas, doutrina que aplicam criativamente através dos anos em sua vida política-militar, base de suas análises sobre a situação colombiana.


É necessário esclarecer que a luta promovida pela guerrilha das FARC é assimétrica, desigual, só igualada pela criatividade popular que vai encontrando maneiras de golpear as forças estatais que respondem ao ideário e as doutrinas ditadas a partir dos centros de poder do império e aplicadas docilmente pelos governantes de turno. É assim como cada governante tem seu próprio “Plano de Guerra”, começando pelo “Plano LASO” de Guillermo León Valencia, seguindo com o “Estatuto de Segurança” de Julio César Turbay Ayala, posteriormente a “Guerra Integral” de César Gaviria Trujillo, até chegar ao “Plano Colômbia” de Andrés Pastrana e as fases II e III do Plano Colômbia, conhecidas como “Plano Patriota” e “Plano Consolidação” de Álvaro Uribe Vélez.


A enorme frustração da oligarquia colombiana ao não poder vencer no campo de batalha e o crescente peso específico das FARC na vida nacional obriga os governantes a sentar-se em mesas de diálogo, a fim de buscar uma saída política ao conflito armado. A oligarquia e seus funcionários estatais sempre quiseram ganhar na mesa de negociação o que não puderam no campo de batalha –vencer as FARC-, o qual levou ao fracasso as tentativas dos diálogos de paz e por isso os governos oligárquicos chutaram a mesa de negociação, com a orientação e aquiescência do império.


A guerrilha das FARC tem sido consciente de que não é possível
alcançar uma paz duradoura se não se abordam os crônicos problemas que o povo colombiano sofre, se não se abordam as causas que deram origem ao Conflito Armado Interno. No Caguán [última tentativa de alcançar a Paz] se acordou uma Agenda Comum que é um passo significativo nessa direção, porém, precisamente quando a oligarquia e o império estadunidense se deram conta disso, chutaram a mesa para implementar o Plano B imperial, o Plano Colômbia.


Dez anos que significaram a mais cruenta guerra e milhares de milhares de vítimas, de parte a parte, porém também significaram a demonstração irrefutável da invencibilidade da guerrilha quando ela é expressão indiscutível de povo em armas. Poderão gastar milhares de milhões de dólares –já gastaram mais de 135 bilhões de dólares com o Plano Colômbia-, porém, se não se dialoga, nunca poderão solucionar o Conflito Armado porque suas raízes estão no sistema econômico e político que o império gringo impôs a nossa nação, aceitado com os joelhos fincados pela oligarquia colombiana.


Por isso, hoje, dez anos depois, esperamos que a conduta guerreirista dos funcionários do Estado, em primeiro lugar do presidente da República, seja reprimida pela realidade, a única fonte de verdade. Esperamos que os esforços que a sociedade civil faz –entre eles COLOMBIANAS E COLOMBIANOS PELA PAZ- sejam justamente avaliados. Não quiséramos que o futuro de nosso país fosse “a guerra civil”.