"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 17 de agosto de 2014


Onde estão agora os EUA após o veto russo?

Putin move suas peças e impõe um veto às importações de bens perecíveis procedentes de mercados como o da União Eueopeia e dos Estados Unidos.


Por David Bollero / Publico.es

Os Estados Unidos anseiam isolar a Rússia. Ficou muito distante aquela promessa de Bush (pai) a ao Gorvachov de não se mover nem um milímetro ao leste dos milites da OTAN. Clinton abriu uma brecha em 1997 ao fazer novos aliados como Hungria, Polônia ou a República Tcheca. Sete anos mais tarde, somaram-se a eles os antigos países satélites soviéticos (Lituânia, Letônia e Estônia) e, já em 2007, foram seguidos pela Croácia e pela Albânia. A continuação do muro russo da OTAN tem agora como alvo as antigas repúblicas soviéticas, e a Ucrânia exerce papel de protagonista nesta geoestratégia.

Como já é habitual, o papel da União Europeia nesta conjuntura é o de aplaudidor de Obama. Assim, a UE não hesitou, inclusive, em apoiar grupos neonazistas para derrocar o governo anterior ucraniano, que havia sido democraticamente eleito. Posteriormente, Bruxelas também não questionou ao apoiar as sanções econômicas à Rússia. E tudo o que for necessário para estar ao lado do amigo norte-americano.

Agora, Putin move suas peças e impõe um veto às importações de bens perecíveis procedentes de mercados como o da UE e dos EUA. Em Washington, qualificam o impacto de tal medida como “insignificante”. Uma insignificância que, para o mercado norte-americano, supõe uma perda de aproximadamente 813 milhões de euros. Eles têm razão: essa cifra é insignificante comparada aos mais de 5,7 bilhões de euros em perdas que esse veto supõe para a UE.

Onde estão agora os EUA? Por que não apoiam a UE diante deste panorama tão pessimista? E, o mais preocupante, por que os aplaudidores de Bruxelas continuam bajulando a Administração Obama, apesar de serem tratados como sócios de se usar e jogar fora? Com um descaramento grotesco, algumas vozes se atrevem a assegurar que o grande prejudicado com o veto de Putin é o próprio povo russo, que verá como a escassez de alimentos faz os preços subirem e gera problemas de desabastecimento. Um erro.

Não são apenas os produtores russos que verão seus lucros crescerem ao contribuírem em maior medida com o mercado interno. Na América do Sul, alguns já estão esfregando suas mãos com o relevante aumento que suas exportações terá. Estes países têm o ano todo para se fazerem com o mercado russo, ganhando sua confiança a ponto de, uma vez levantado o veto, quem voltará a precisar dos produtores da UE?

Para a Espanha, ainda que Rajoy acredite que o veto seja “uma espora”, para os produtores, representa um revés de 440 milhões de euros... 40 milhões a mais do que o instrumento de reserva da PAC (Política Agrária Comum) para aliviar a situação em toda a Europa. Em outras palavras, os fundos de reserva não alcançam nem 10% de todas as perdas da União, que volta a se mover em ritmo lendo, enquanto os produtores assistem ao estrago de suas colheitas. Talvez estejam preocupados demais contemplando as conquistas de Obama no Iraque...

E como diz o ditado, em águas tumultuadas é que os pescadores ganham... ou os urubus, porque as grandes cadeias de distribuição, supermercados que se colocam como exemplo de modelo empresarial, arrocham os produtores espanhóis um pouco mais o do que o habitual, comprando deles, por poucas moedas, o excedente com o qual se deparam após o veto russo. Em troca, vendem ao mesmo preço. Vamos, que estão fazendo seu agosto à custa de todos.

Lembrem-se da próxima vez que sentirem orgulho por esse empresariado espanhol que encheu os bairros de supermercados: da mesma forma que rouba os peixes dos saharauis, agora se aproveita da desgraça dos agricultores espanhois.

Tradução: Daniella Cambaúva