"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Farc pedem que guerrilheiros presos e feridos sejam ouvidos como vítimas


As Farc asseguraram que não vetarão nenhuma vítima que aspire a ser ouvida nos diálogos de paz, porém reclamaram que também tenham voz seus “combatentes guerrilheiros” que se encontram presos ou feridos pelo conflito.
O justo e equilibrado é que integrantes da insurgência que hoje se encontram em estado de aglomeração, vários deles feridos, mutilados, alguns com risco de vida por problemas de saúde nas prisões da Colômbia, também devem ser ouvidos”, assinalaram os negociadores da guerrilha numa mensagem datada em Havana com a qual saúdam o Fórum Nacional sobre vítimas que se celebra em Cali.
As Farc argumentaram que se o Governo pretende que se ouça a seus militares e policiais nas audiências sobre o tema das vítimas, deve ter “plena disposição a que se ouçam também os combatentes guerrilheiros e, inclusive, os representantes daqueles que, como o Comandante Alfonso Cano, foram assassinados, convertendo-se também em vítimas do conflito”.
Ademais, tacham de “inadequada e indecorosa” o “fundamento midiático que se desenvolveu usando o rótulo de vítimas, para fazer passar como tais os servidores da força pública, aos quais se busca, além disso, converter em heróis desde a perspectiva de uns grupos de poder e seus braços publicitários”.
Nesse sentido, consideram que se trata de membros de uma das partes em contenda militar, que “deveriam conhecer o estatuto do combatente e, portanto, o que isso implica”.
A guerrilha também ratificou sua decisão “sempre de ouvir e manter” a defesa das vítimas, “sem restrição nem discriminação alguma” através de todos os mecanismos e espaços dispostos para isso, e afirmou que tampouco “vetam nem vetarão” nenhuma vítima que aspire a ser ouvida.
Chamam as vítimas a defender “sua visão, sua qualidade, sua integridade, sua dignidade; a não converter-se em objetos, senão que a recobrar sua titularidade, autonomia e lucidez como sujeitos de direito, com opção política, conscientes de uma realidade na qual estão convocadas a contribuir com plena legitimidade para a superação da violência”.
A guerrilha sustenta que a insurgência “surgiu do seio das vítimas, como consequência da perseguição do movimento social e popular, que buscou transformações no exercício do direito universal à rebelião”.
Ademais, insiste em que a necessidade de pactuar o cessar-fogo bilateral “é uma lógica e fundamental” reclamação que tem surgido com força em cada fórum, e pede que “se respeite e reconheça essa voz profunda que nos convoca a ambas as partes deter já o conflito armado”.
Não obstante, as Farc declaram seu “otimismo na conquista da paz” pela via do diálogo que estabeleça a justiça social e como “base da verdadeira reparação” e “garantia de não repetição” de violações dos direitos humanos.
Nesse sentido, asseguram que esperam em Havana as vítimas do conflito, “com respeito, com disposição absoluta ao diálogo, a ouvir, a corrigir, sanar e construir as bases de um novo país em democracia”.
As vítimas são o quarto ponto que se abordará nas negociações de paz entre o Governo colombiano e as Farc, que se iniciaram em novembro de 2012 em Havana.
Em junho passado, as partes acordaram uma “declaração de princípios” sobre o tema das vítimas que foi qualificada de “histórica”.
Este tema começará a ser debatido na nova rodada de conversações de paz que se iniciará no próximo dia 12 de agosto na capital cubana, e está previsto que o primeiro grupo de vítimas compareça na Mesa de Diálogos de Havana em 16 deste mês.
Durante os mais de 50 anos de enfrentamento entre as guerrilhas, os paramilitares e as forças do Estado se contabilizaram no país 220.000 mortos, uns 25.000 desaparecidos, 5,7 milhões de deslocados e 27.000 sequestrados, ademais de uns 2.000 massacres, segundo o Centro de Memória Histórica.