"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 18 de maio de 2014

Juan Manuel Santos fala de paz, mas vomita fogo


Por Iván Márquez
Integrante do Secretariado das FARC

O presidente da Colômbia, que assume um processo de paz com as FARC em Havana, Cuba, afirmou em recente teleconferência com os chefes militares que "é preciso manter a ofensiva: aqui não vamos deixar de atuar com contundência em toda atuação de nossas forças armadas contra a guerrilha, enquanto não chegar o momento em que assinemos os acordos".

Torna-se paradoxal e incoerente que um homem que fez da paz a bandeira de sua campanha pela reeleição à presidência, ordene, ao mesmo tempo, seus oficiais a pressionar com mais operações militares a insurreição guerrilheira com a qual dialoga.

Somente em Macondo (aldeia ficticia da obra Cem Anos de Solidão) acontece de um Presidente porta-bandeira da paz ser, ao mesmo tempo, porta-bandeira da guerra. E somente seus governantes, que vem respirando durante décadas a loucura da violência, horrorizam-se quando o anelo de paz se ergue como esperança possível e, então, ordenam, disparar contra ela e bombardeá-la a fim de matá-la. Preferem a paz dos sepulcros à paz com mudanças sociais, econômicas e políticas.
Fazer concessões à guerra, jogando a paz ao fosso dos leões da disputa eleitoral, é um despropósito, um insulto ao sentimento de reconciliação das maiorias nacionais.

E é justamente a esse cenário contaminado de militarismo do regime e em absurdo contraste que nos deve chamar à reflexão, que nos chega o importantíssimo apoio ao processo de paz da Colômbia, apoio enviado por mais de duzentos parlamentares dos Estados Unidos e da Europa, ao qual agradecemos em nome do país que anela a reconciliação.

A confiança e o otimismo que os amigos de paz para a Colômbia têm nos diálogos de Havana, estimula-nos a seguir em frente e, com eles, compartilhamos que a única opção para conseguir  uma paz efetiva e duradoura é através da solução política que, sem dúvida, deve ter início ao se tomar as medidas necessárias para reduzir o custo humanitário do conflito. E é a partir desta consideração, exatamente, que deriva a nossa posição constante a favor de um cessar-fogo que alivie as aflições e penúrias do conjunto da população, e nossa disposição de assumir uma trégua bilateral nos termos propostos pelos parlamentares de Washington, Londres, Dublín e Belfast, ao se unirem ao clamor nacional.

É preciso fazer pela paz até o impossível porque ela é a síntese do grande direito, sem o qual nenhum outro direito é viável. A direita guerreirista que impôs a injustiça e a exclusão não vai nos condenar a uma guerra perpétua.

A Colômbia toda, a urbana e a rural, a negra e a indígena, a das camadas médias e dos estratos baixos, deve se levantar e andar para defender o bem sagrado da reconciliação e da paz. Esta oportunidade de paz pertence ao povo e somente o povo é soberano e tem o direito de definir seu rumo.

O sonho de paz dos colombianos não está sozinho. Esperamos o reforço dos povos o mundo para que a reconciliação nesta esquina do norte da América do Sul seja, finalmente, uma realidade para seus habitantes e exerça sua influência benéfica no resto do continente.