"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 5 de maio de 2014

FARC insistem em Comissão da Verdade para esclarecer conflito armado


--> Reforçando suadisposição de avançar nos diálogos para a superação do conflito armado colombiano, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP) insistem na criação de uma Comissão da Verdade para esclarecer a história do embate e responsabilizar seus protagonistas. A guerrilha se inclina a converter-se em partido político aberto, legal e inclusivo, com vistas a alcançar um acordo de paz com o governo do país.



Desde novembro de 2012, o Estado colombiano e as FARC estabelecem diálogos em Havana, capital de Cuba, para buscar uma saída política que suplante o conflito interno por que passa a Colômbia há mais de meio século. Em informe emitido no último 29 de abril, dia do 14º aniversário do Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia (braço político da guerrilha), a delegação de paz da organização defendeu a Comiss~´ao como um dos meios para reconciliação entre a força clandestina e o poder institucional colombiano.


"Tal esclarecimento deverá obrigar os distintos atores a reconhecerem suas responsabilidades e pedirem perdão a toda a sociedade pelo dano causado nesse confronto imposto pelo regime. De nossa parte, jamais, como gente do povo e revolucionários que somos, evitaremos nossas responsabilidades”, garantiu a guerrilha no informe. O grupo explica que a função da Comissão teria não só efeito jurídico, como também faria relato histórico com conclusões e efeitos políticos, estabelecendo-se como um marco conceitual de uma nova conjuntura no país.


As FARC querem que a trajetória do confronto seja reconstruída reconhecendo os impactos sobre a vida e os direitos da população, e a participação dos atores sociais, políticos e econômicos transnacionais. "Que geraram o conflito e se serviram do mesmo. Através dele têm obtido benefícios”, aponta.


O informe rechaça qualquer atribuição de responsabilidade centralizada no próprio grupo: "Pretender reduzir as origens e a história do conflito a decisões ou determinações das FARC-EP ou de outras expressões prévias da insurgência que apelaram ao direito à rebelião dos povos contra as injustiças, reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, não é o caminho da reconciliação”.


Para as FARC, tal iniciativa deve contribuir para fundar as bases e superar as condições e causas sistêmicas que originaram e reproduziram a violência no país, além de permitir reparação para as vítimas do conflito, provendo garantias reais e materiais da não repetição.


A proposta foi apresentada ao governo colombiano, bem como a diversos setores políticos, sociais, acadêmicos, a vítimas do conflito e à população em geral. Até agora, a iniciativa não foi bem recebida pelo governo, porém tem sido respaldada por setores dos movimentos sociais do país.


Caso a proposta não seja acolhida pelo Estado, as FARC cogitam suspender o diálogo com o governo. Investigações prévias divulgadas em 2013 contabilizam 220 mil assassinatos, 25 mil desaparecidos, 27 mil sequestrados e 5,7 milhões de deslocados pelo fogo cruzado do conflito entre os anos 1958 e 2012.


A guerrilha das FARC é o movimento de luta armada mais antigo e numeroso da América Latina. Operando atualmente em diversas regiões da Colômbia, esse Movimento guerrilheiro foi fundado em 27 de maio de 1964. Apoiados em ideais marxista-leninistas e bolivarianos, afirmam que seu objetivo é acabar com as desigualdades sociais, políticas e econômicas, a intervenção militar e de capitais estadunidenses na Colômbia.