"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 27 de maio de 2014

50 anos de Resistência!



Levantamos hoje nossa palavra, com a força do amor a favor da reconciliação nacional e, em especial, da unidade de nossos povos submetidos durante décadas ao poder cruel das oligarquias.


Nossa voz emerge para chamar, com sentimentos de fraternidade e esperança, as organizações sociais, políticas e populares em geral, as comunidades afro-colombianas, camponesas e urbanas castigadas pela miséria, as igrejas, os jovens e estudantes, as mulheres, o movimento LGBTI, as camadas médias, os acadêmicos e especialmente os povos indígenas, para além das dificuldades ou desencontros que houvéssemos tido em qualquer tempo e lugar, a empreender com mais determinação do que nunca, a marcha pela unidade pelas transformações radicais que a pátria nos reclama para rumar pelo caminho da paz com justiça social, em que todos encontremos o cenário de abrigo que  nos permita o bem viver e a concórdia.


Com sinceridade e profundo sentimento de alteridade, as FARC-EP clamam pela unidade popular e pela defesa da pátria hoje, a partir de uma circunstância em que, com convencimento, assumimos um processo de diálogo pela paz pensando em um destino melhor para a Colômbia: fato que, por ser anelo das maiorias, é causa que deveremos defender como uma só força de mudança.


Necessário é dizer que a paz é o direito síntese que está acima de tudo. Se não há paz não há nada; nem sequer país. A segurança uribista (do ex-presidente Uribe, 2002-2010) é um ardil que só acentua o caos. Não pode haver segurança para todos sem paz.


Queremos ressaltar a importância e o compromisso que revestem propósitos necessários, como o de encontrar a coincidência política dos setores populares e sua unidade em função da defesa do processo de diálogo para a consecução da paz com justiça social, que beneficie o conjunto da nação. Este "pòr-se de acordo" em função da paz dá início a um caminho de mudança, de aproximação, de portas abertas para dar cabida a todos na sociedade e nas instituições. Abrir-se ao diálogo para encontrar a verdade, a justiça integral e conseguir a paz após setenta anos de violência, impulsiona com maior vigor a marcha sem parar do processo constituinte que estamos aspirando.


Vem sendo construindo um processo constituinte após se tornar evidente a necessidade de superar a crise da justiça, das regiões, da terra e do território, dos recursos naturais não renováveis e do meio ambiente, dos órgãos de controle, do congresso nacional. Torna-se necessário, então, um ponto de encontro que vá além dos diálogos de Havana. Esta dinâmica deve transcender para a materialização de um grande acordo nacional que dê vida à Assembleia Nacional Constituinte, porque nesta instância histórica do pluralismo e do pluriculturalismo, a Constituição deve ser um acordo de convivência que interprete cabalmente o tempo presente; deve conter, igualmente, a alma requerida para desenvolver a necessária capacidade institucional que aposte por assimilar, com sabedoria os tempos que estão por vir.


Mas esta missão é de todos filhos e filhas da Colômbia e requer da opinião e do protagonismo de cada setor da sociedade. Consequentemente, chamamos as organizações sociais e populares a se expressarem. a que intercambiemos em torno de como deve ser o rumo a seguir em função desta causa. Vocês têm a palavra.


Nossa contribuição de início é expressar que, no caminhar constituinte que felizmente teve início para não ser interrompido, o sentimento pluricultural, os diversos povos indígenas e afro-colombianos, as múltiplas expressões sociais, como as organizações camponesas, estudantis do campo e da cidade, trabalhadores e patrões, movimentos políticos, setores informais da economia, crentes religiosos, não crentes e demais componentes do tecido nacional, devem ocupar desde já seu lugar, sem timidez alguma. Eventualmente, haverá que se aplicar a lei pela qual se convoca a sonhada Constituinte. Tal lei teria a faculdade constitucional de indicar a composição que haverá de ter essa Assembleia. Cabe na norma estabelecer circunscrições especiais para dar cabida a comunidades que devem ter presença em seu seio, com urgência social e sentido de paz. Tal é o caso dos povos indígenas e afro-colombianos e outros setores historicamente submetidos.


As FARC-EP é feitura de povo e, como tal, enfatiza seu sonho para que essa construção de unidade se multiplique em cada cenário de interlocução das organizações populares, tornando causa comum, por exemplo, na luta pelo reconhecimento das Zonas de Reserva Camponesa já estabelecidas na lei, na concretização do respeito aos territórios ancestrais indígenas e na consolidação de suas reservas, no realce dos territórios comunitários das negritudes e dos direitos da gente que fazem convergir sua existência nas zonas de realidade interétnica e interultural. Cada povo e cada comunidade devem garantir seu direito à terra e ao território em apoio mútuo, macomunadamente que, ao mesmo tempo que reconheça os direitos dos camponeses, reafirme os direitos adquiridos dos povos indígenas e afro-colombianos e ofereça, por fim, possibilidades de existência digna aos depauperados que habitam no campo  e na cidade, no entendimento de que a pátria é de todos e é contra a depredação das transnacionais e das burguesias locais que devemos defendê-la a partir do mais profundo do nosso ser indígena, de nosso ser negro, de nosso ser mulato, de nosso ser mestiço e mameluco vilipendiado e que grita com o peito aberto: já basta de tanta exploração!


Com a fé absoluta na integração e unidade dos nossos povos, com o fortíssimo ideal emancipatório que é o "macro cosmo da raça humana", com o imparável caminhar constituinte, com total compromisso e esperança na paz, deixamos os braços abertos para estreitarmos com os nossos irmãos no convite e na minga da unidade para a ação que nos liberte.
DELEGAÇÃO DE PAZ DAS FARC-EP