"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 23 de novembro de 2013

“Que se abram cem flores”


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Por Alberto Pinzón Sánchez


Que se abram cem flores e compitam cem escolas do pensamento para promover o progresso nas artes e das ciências e de uma cultura socialista florescente em nossa terra”; foi uma das famosas frases pronunciadas por Mao Tsé-Tung no verão chinês de 1956, e que só como frase impactante bem traduzida pode ser relembrada na atual Colômbia.


Não foi possível [como haveríamos querido] separar na realidade social colombiana o processo de paz de Havana da campanha eleitoral parlamentar e presidencial que se avizinha. Pelo contrário, cada vez mais por efeito de que em nosso país mais que em qualquer outra formação social capitalista, tal e como o sentenciou Marx, “a ideologia da classe dominante é a ideologia dominante”, estes dois processos se fundiram e o anseio popular de viver em paz se converteu no centro dinamizador e ponto de referência da grande mobilização social passada e de campanha eleitoral futura:


A clase dominante colombiana ou Oligarquia Transnacionalizada, impregnada até os tutanos de neoliberalismo autoritário e sanguinário, finalmente concentrou neste ponto da paz as contradições havidas no seio de suas duas frações rivais representadas por JM Santos e por Uribe Vélez, aos quais não separa nenhum aspecto econômico. Assim, pois, que o denominado “santo-uribismo” atua como um só bloco no que a economia neoliberal se refere, porém tem uma visão totalmente enfrentada no que se refere à paz com a insurgência e à finalização do histórico conflito social armado colombiano. Diferenciação esta última à qual não se lhe tem dado a importância que tem, no momento de afinar ainda mais nossa análise concreta da realidade concreta.




LAS CLASSES SUBALTERNAS, por sua vez, intimidadas e massacradas durante muitos anos pelo ritual eleitoral “eleitoreirismo dos dominantes” e que ao largo nunca resolveu nem resolve nada; têm arraigada a ficção política criada durante tantos anos de subordinação pelo aparelho ideológico dos dominantes, de que as eleições celebradas na Colômbia [onde num mesmo dia se dão todos os delitos e crimes conhecidos e não conhecidos contra o sufrágio universal] são a “essência da democracia” e, uma vez mais, se dispõem a participar no jogo eleitoral, porém numa situação desta vez diferente, marcada primeiro pela grande mobilização social e popular que se está dando na Colômbia, e segundo pelas garantias políticas acordadas no segundo ponto da Mesa de Havana, já amplamente conhecidas pelo Povo Trabalhador, e isto é novo.


No setor da denominada “Esquerda colombiana”, que aspira a representar eleitoralmente esse Povo Trabalhador, há três concepções, não só do que deve ser a substituição ao neoliberalismo dominante, como também no que tange ao processo de paz que se está levando a cabo em Havana:


1 – O candidato presidencial Navarro e seu grupo não fizeram nenhuma proposta, nem séria nem de brincadeira, para a superação do neoliberalismo dominante que ajudou a implementar durante seu governo no estado de Nariño, e concebe a paz para Colômbia como uma réplica de sua desmobilização feita há 23 anos, quando sua guerrilha nacionalista foi derrotada.


2 – Clara López, candidata presidencial do partido Polo Democrático, se bem que tenha um excelente programa prático e teórico anti neoliberal e uma excelente palavra de ordem sobre a democracia com cultura de paz com justiça social e soberania [1], por efeitos das diversas tendências marxistas, maoístas, enver-hoxistas, trotskistas, anapistas, nacionalistas, social-democratas de direita e de esquerda e até liberais anti marxistas que compõem as bases desse partido, não pôde passar de uma formulação proteiforme de um apoio formal ao processo de paz de Havana e à formulação de que, se ganhasse a presidência da República, continuaria o processo de JM Santos, porém com uma insistência sua e própria [sugerida pelo Centro Carter] de recorrer necessariamente a uma “Mediação Internacional”.


3 – E como se se tratasse de salto inesperado de uma lebre no caminho, neste 18 de novembro um acordo que se vinha forjando com paciência e discrição, entre a ressuscitada Unión Patriótica, o Partido Comunista Colombiano, a Marcha Patriótica e outras organizações populares independentes, se lançou a candidatura Unitária e Popular de uma das vítimas mais destacadas do conflito colombiano, Aída Avella.


Suas primeiras declarações apontam, primeiro, à composição de uma necessária Frente Ampla pela Paz com Justiça Social, Democracia e Soberania; quer dizer, onde o ideal da paz, que ninguém rechaça, nem sequer Uribe Vélez, se materialize numa paz concreta, resultado de uma Solução Política do conflito social e armado colombiano, do qual se está pactuando só sua finalização na Mesa de Havana, e, sobretudo, resultado da mobilização do povo humilde, possuidor da chave da paz e em Marcha para sua segunda e definitiva independência. E segundo, que deve necessariamente implicar a superação “definitiva” do neoliberalismo sanguinário dominante.


HOUVERAM, NOS ÚLTIMOS 50 ANOS, várias tentativas de união da chamada esquerda colombiana, todas frustradas porque, ademais do anticomunismo, da repressão e do extermínio sanguinário por parte dos dominantes, ali também imperou a ideologia dominante do “muito cacique e pouco índio”, que faz transbordar os apetites pessoais e as ambições eleitoreiras dos seres humanos disfarçadas de “divergências ideológicas”. [2]


Experiências negativas pactuadas para fins puramente eleitorais, assim que tenham na teoria um maravilhoso programa político presidencial como a Unión Nacional de Oposición, Firmes, Frente Democrático, Polo Alternativo, Polo Democrático etc não se podem voltar a repetir, levando uma nova frustração ao povo humilde; pois não só seria não aprender da experiência o que, segundo o filósofo inglês Francis Bacon, é a maior ineptidão humana, senão que o momento histórico é outro, muito diferente.


Neste caso, seria melhor dar sentido à frase poética e até democrática de Mao Tsé-Tung com a qual iniciamos esta coluna: “Que se abram cem flores e que compitam cem escolas do pensamento”.

Tradução: Joaquim Lisboa Neto     


Notas:
(1) http://www.polodemocratico.net/index.php?option=com_content&view=article&id=5294:paz-democracia-soberania-y-justicia-social-ejes-fundamentales-del-programa-alternativo-de-gobierno-de-clara-lopez-&catid=75:noticias&Itemid=66

Fuente imagen Poder ciudadano.co