"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 27 de julho de 2013

Paralisações e greves debilitam o regime santista





Fonte: Rebelión


A Colômbia vive uma das conjunturas mais álgidas em matéria de mobilização social de amplos grupos da população com paralisações, greves, bloqueios de estradas e manifestações públicas.

A ação social popular engloba os camponeses da região do Catatumbo, os mineiros artesanais, os pequenos cafeicultores, o setor da saúde e os operários da mineração de carvão da Drumond, que declararam a paralisação das atividades.

No mesmo sentido, há expressões de inconformismo contra elementos recalcitantes do sistema político hegemônico, como o Procurador Alejandro Ordoñez, que bloqueia a vigência de direitos para segmentos sociais excluídos por normas vetustas como as que afetam casais do mesmo sexo e mulheres a favor do aborto. Da mesma forma, o programa social do governo da cidade de Bogotá por uma cidade mais humana, é bloqueado pelas máfias criminosas de ultra direita, ocasionando um movimento cidadão de inconformismo que se estende por toda a cidade.

Existe indignação pelos escândalos de corrupção nas altas esferas governamentais, pois proeminentes figuras oficiais, como o embaixador em Washington, aparecem envolvidas em vergonhosas manobras para apropriação de extensos territórios com jogadas “jurídicas” que transferem títulos para reconhecidas multinacionais da alimentação.

Ainda que ocorram conversações de paz em Havana, a violência não para porque o acordo que se projeta é uma “pax oligarchica neoliberal” que deixa o sistema econômico, social e político intacto, tal como funciona desde a herança colonial que temporalmente interrompeu a campanha pela independência que se iniciou em 1810.

Muitos se perguntam o que está acontecendo com o governo e com o atual Presidente.

As questões que surgem são varias. Qual é o comportamento das autoridades estatais nas atuais circunstâncias? Será derrubada a administração diante da força das revoltas? O que acontecerá com o processo em Havana? A reeleição de Santos para outro mandato presidencial é certeza? A coalizão governamental se debilitou? Surgirão outros candidatos do campo governista? A ultra direita uribista paramilitar vai recuperar espaço político?

Santos e sua equipe de governo tem demonstrado uma descomunal incompetência para atender adequadamente as demandas populares. Desde o chefe da Casa de Nariño para baixo, todos os burocratas (uns mais e outros menos) tem sido um desastre na negociação com as lideranças das greves. Nenhum mostrou a mais elementar das competências para dar um tratamento político aos camponeses, aos trabalhadores, aos mineiros e às lideranças da oposição que tem expressado com firmeza suas denuncias.

O que tem prevalecido é a violência como função central do governo, executada por estruturas sanguinárias como o Esquadrão Móvel Antidistúrbios da polícia/ ESMAD, que assassina, atropela, tortura e aprisiona cidadãos humildes, camponeses desvalidos, que diante do desespero pela situação social saem às ruas para exigir soluções do Estado que reage com balas, cadeia e tortura.

Violência que tem o acompanhamento óbvio do linchamento e manipulação midiática dos grades meios de comunicação, concentrados em mentir e fazer guerra psicológica contra as manifestações sociais. São uma vergonha. O ocorrido com Cesar Jerez é um ato de maldade miserável.

Mesmo que Santos tenha dito através dos meios de comunicação favoráveis ao governo que sua resposta é diferente pois o seu temperamento é o de um democrata, na prática o que tem se dado é a velha política de violência de um regime oligárquico que mantém sua essência autoritária.

Há uma sensação de tremendo vazio de poder. A sociedade sente que o Estado e seu governo ficaram no ar, que as instituições do regime não funcionam e que as mesmas são os instrumentos de diversas facções nacionais e territoriais que o capturaram para o beneficio particular e dinástico.

Há uma derrubada e paralisia no conjunto das instituições formais que supostamente representam o senhor Santos. O seu debilitamento é muito intenso e qualquer coisa pode acontecer.

Disso, os altos funcionários, não ficam sabendo, pois seu autismo é crônico. Vivem em outra realidade. A das suas fantasias e elucubrações.

É por essa razão que crescem as preocupações pelo que possa acontecer com as conversações de paz entre o governo e as Farc. Se bem que há avanços importantes, a guerra mantém o seu rigor com as vitimas correspondentes no campo de batalha. Isso é o real do conflito, sem querer dizer que o discurso acumulado nas rodadas de diálogo e fóruns públicos seja irrelevante.

A reeleição de Santos, por mais quatro anos, não é uma opção viável diante do seu desgaste geral. Santos não consegue ser levantado nem pelo poder do orçamento público, nem a imposição ianque que prepara outras formulas para a continuidade do domínio burguês, com outros nomes e marcas eleitorais. Santos é um cadáver do qual as pessoas devem se desprender já.

A coalizão governamental é apenas um nome e as tendências centrifugas estão em curso com muita velocidade. Tanto que um dos principais sócios, Vargas Lleras, já decolou para formalizar sua oferta presidencial, trincando em três partes o bloco dominante da elite colombiana. Vargas Lleras já abandonou o barco dos náufragos governistas, em ato de oportunismo político que custará caro, pois seu cálculo esquece o que foi o desastre da sua passada campanha nacional na que obteve escassos 150 mil votos. É um pedante e um boneco de papel sem maiores opções. Assim será visto pelas imobiliárias que o financiam de mãos cheias.

É um momento de tremenda desordem e confusão para a ultra burguesia que por muitos anos tem exercido o controle do Estado e do sistema de poder.

É claro que a facção mais recalcitante, a ultra direita fascista de Uribe Vélez, enche o peito e aposta pelo seu triunfo. Movimenta peões e espalha a ofensiva com todo o poder acumulado. Entretanto, não é uma tarefa fácil, dada a sua tremenda responsabilidade nos desatinos e abusos durante o longo período de domínio paramilitar de oito anos da presidência do senhor Uribe como cabeça dos grupos assassinos das autodefesas e narcotraficantes. Uribe tem centenas de litígios penais em andamento em diferentes níveis judiciais, nacionais e estrangeiros.

Assim sendo, ainda não se configurou uma alternativa política consistente desde a esquerda e o campo progressista. O que não quer dizer que não existam enormes potenciais.

As reformas substanciais de toda a sociedade colombiana e das mudanças revolucionárias são uma prioridade e uma necessidade que demandam maior lucidez dentre as lideranças e da multidão que pressiona o salto excepcional na história da Colômbia.