"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 28 de março de 2013

Manuel Vivo


17 vezes , têm dito que morreu e não podem explicar por que está mais vivo que o sol”.
(De uma canção popular).

Compatriotas:
Neste 26 de março ao comemorar o V aniversário da morte de nosso Comandante em Chefe, Manuel Marulanda Vélez, à vez que rendemos homenagem à sua memória e nela a todos os guerrilheiros e guerrilheiras que tombaram nessa larga luta pela verdadeira democracia, a justiça social e a plena soberania para Colômbia, ratificamos nosso indoblegável compromisso de dar até o ultimo alento de nossa vida por alcançar os nobres ideais pelos que lutou a largo de sua existência o legendária e invito Comandante de Guerrilhas. Sua entrega e compromisso até a morte por conquistar uma sociedade justa, são exemplo para as futuras gerações. Manoel Marulanda foi um desses homens que terminam vivendo para sempre porque sua titânica luta ultra passa os limites da existência física, ficando gravada na memoria dos povos.

Sua vida dedicada totalmente à luta revolucionária reflete como nenhuma outra, a estóica resistência camponesa ao despojo de suas terra mediante a violência latifundiária que envolve a Colômbia desde os próprios origens da nação e que ainda hoje continua se apropriando das regiões camponesas, para vergonha de suas castas dominantes. Sua obra, a criação de um Exército popular guerrilheiro forjado ao calor do enfrentamento contra dezenas de operações militares de extermínio que não têm logrado enfraquecer nunca a decisão do campesinado de lutar até ver cumpridas suas aspirações. Dívida histórica que haverá que saldar se de verdade se quer alcançar a paz para o nosso país pela via de um entendimento e, é por isso que dentro desse espírito declarado pelo Presidente Santos, não se entende o qualificativo de “republiquetas independentes” dado pelo Ministro de agricultura às Zonas de Reserva Camponesa, criada mediante uma lei da República. Com esse mesmo argumento, em 1964 o então senador Álvaro Gómez Hurtado, iniciou a campanha para ambientar a agressão miliar do regime contra a região agrária de Marquetalia, que deu origem às FARC; abrindo-se um capítulo de violência e terrorismo estatal, com a consequente resposta organizada dos camponeses que houve, 49 anos depois, continua e que estamos precisamente tratando de fechar pela via do diálogo civilizado em La Habana, sobre a base de dar solução aos problemas que o originaram, entre eles o problema da terra para os camponeses e sua reinvindicação socio-econômica e política ao lado das comunidades indígenas e afro-descendentes, como o recomenda a ONU, organização da qual Colômbia faz parte; mas cujo cumprimento bate de frente com os planos governamentais que aposta aos grandes projetos agro-industriais e mineiro-energéticos, que requerem para sua materialização imensas regiões agrárias mas sem camponeses.

Talvez, por isso a moléstia do ministro causada pelas Zonas de Reserva Camponesa. Porém, antes de ficar bravo deveria lembrar a história da Colômbia para que entenda que essa arrogância, esse desrespeito dos setores dominantes pelos camponeses que produzem com seu trabalho a riqueza nacional; essa outra forma de violência que é a exclusão e a marginalidade, fazem parte das causas que têm gerado e alimenta a grande resistência popular, da qual faz parte a luta guerrilheira, que não acabará enquanto não sejam resolvidas as causas que a geraram, entre elas a violência exercida desde o poder porque para terminar com ela não são suficientes as raibas de uns burócratas, nem os inchados boletins militares, nem as fantasiosas cifras de prisioneiros, desmobilizados e desertores que cada determinado tempo apresententam os generais e ministros de turno. Basta lembrar como quem hoje são nossos delegados em La Habana, há tão só 5 anos, incluído o próprio Juan Manuel Santos, nesse então Ministro da Defesa, a meio da euforia pelo assassinato aleive do Comandante Raul Reyes em território equatoriano, a mão cerceada ao cadáver do Comandante Iván Rios e o falecimento do Camarada Manuel, se apressuraram a decretar nossa pronta desaparição. “O fim do fim”, foi a frase lançada por um general cujo nome muito poucos lembram.

Não podem explicar por que na selva e nos rios Manuel vai pelejando vivo, se tantas vezes morreu. Manuel permanece vivo”.

Se algo de sensatez tivessem os governantes colombianos, não deveriam desconhecer os justos reclamos dos camponeses e de outros muitos setores da sociedade; seria suficiente, como botão de mostra, o que está acontecendo no momento atual com a economia nacional e a agitada situação social que há, para uma vez mudar o rumo e tomar distância dos ditados imperiais que nos obrigam a andar com os olhos vendados por um sendeiro que sem dúvida nenhuma nos levará à ruína como o testifica a parálise da industria manufatureira e a crise do setor agro-pecuário que nos obriga a importar mais de 10 minhões de toneladas de alimentos, incluindo arroz e café.

Esses fatos, dizemos, bastariam para mudar o rumo; mas fiel aos anti-patrióticos interesses, a classe dominante se empenha em continuar em frente com um modelo que recheia de dólares seus bolsos, à vez que amarra a nação à insaciável voracidade dos grandes consórcios minero-energéticos e do agro-negócio para a exploração intensiva e extensiva dos recursos naturais à vez que pisoteiam os mais elementais direitos das comunidades que moram nesses territórios, se destrói o meio ambiente, se atenta de contra a biodiversidade e se altera gravemente o equilíbrio dos eco-sistemas, afetando de tal forma as condições socio-ambientais das regiões que não é exagerado dizer que de continuar adiante com esse modelo, em poucos anos, teremos por solo pátrio grandes desertos e imensos buracos onde antes dormiam seu sono milenar invaluaveis riquezas que deveriam serveir para direcionar Colômbia pelo caminho do desenvolvimento, mas em câmbio, foram feriadas ao melhor postor por parte de uma minoria indolente com o destino da nação, o que com sobradas razões alenta cada dia que novos setores exigiam a mudança do modelo econômico.


Se tantas vezes morreu por que cada que aparece, leva a seu lado mais gente, Manuel guerrilheiro vivo”.

Necessidade de mudança mais que palpável, se levamos em conta a crise estrutural do sistema atual que deixam em evidência as grandes economias do denominado primeiro mundo e, que no caso colombiano se expressa no desmantelamento da incipiente industria nacional e na morte anunciada do setor agropecuário, conseqüência direta dos acordos de livre comércio assinados com diversos países, enquanto se privilegia a economia extrativa dos bens primários projetando um falso crescimento econômico, insostenível no largo prazo por se tratar de recursos não renováveis e, sujeito ao capricho do valor de ditos bens nos mercados internacionais e, que para o momento já tem ao setor exportador em apertos ante a revaluação do peso e o conseguinte aumento do desemprego, mal escondido trás as fantasiosas cifras do governo que em realidade o que mostram é como cresce a cada dia o número de colombianos que devem correr atrás do trabalho informal. Para não mencionar a corrupção em torno da privataria da saúde e a contratação pública manejada a sue antojo pelos beneficiarios do modelo.

É essa realidade a que faz que a cada dia sejam mais e mais os conflitos sociais que estalham e que refletem o estado de coisas em que se debate a sociedade colombiana: Param e protestam os cafeteiros, os transportadores, os trabalhadores universitários, os cortadores de cana, os carroceiros, os cacaoteiros, os trabalhadores do Cerrejón, os estudantes universitários, os juízes, os professores, os usuários dos serviços públicos e, se mobilizam comunidades enteras contra a locomotora mineira que ameaça os territórios onde moram em precárias condições por culpa de um Estado policial que só se lembre deles para para reprimir-os a físico cacete; inteveterado costume dos sucessivos governos, que fazem ouvidos surdos aos justos reclamos da população enquanto insistem  em manter a aprofundar o modelo econômico, verdadeira causa dos sofrimentos dos colombianos do comum; o que a final das contas não fazem mais que aumentar o fermento social que alente as protestas dos diversos setores às que responde com leis como a de segurança cidadã ou lei de “mãos livres” para que a força pública possa reprimir e os juízes penalizar a protesta social, trás da qual sempre terminam por “descobrir” o fantasma das FARC.

Todos os dias o matam e não podem explicar, que ao outro dia apareça com mais ganas de pelejar
Com mais ganas de ganhar”.

Dentro desse marco, não é para nada realista pretender que as conversações entre governo e insurgência, para pôr fim ao conflito e sentar as bases de uma paz estável e duradoura, não toquem para nada o modelo econômico, o caráter do regime e as principais políticas do governo; mas ademais, mostra a pequenhez e a recortada ideia que tem a classe dominante, como uma fixação, do que é a paz da nação: Rendição incondicional das guerrilhas, entrega das armas, sometimento a suas políticas, todo a câmbio de dois ou três postos no Congresso, o passeio por uns meses de um Comandante no cargo de Ministro do Trabalho ou de saúde, umas quantas promessas e até uns anos de cadeia para os principais líderes da insurgência nos anunciam e pronto!

Ingenuidade ou cinismo? Talvez as duas coisas. Ingenuidade porque terminaram acreditando suas própria mentiras e sonharam com levar à Mesa, uma guerrilha derrotada, desligada da realidade, sem propostas e sem iniciativa política. Cinismo porque pretendem descarregar sobres os ombros da insurgência a responsabilidade do conflito, apresentando o estado terrorista como vítima e a resistência popular como vitimário.

De nossa parte, fieis ao que tem sido e será sempre nosso destino histórico, proclamado pelos legendários marquetalianos no Programa Agrário dos Guerrilheiros, reiteramos nossa decisão de lutar até alcançar o poder para o povo colombiano; independentemente da via pela qual nos toque fazer essa luta.. Se na Mesa de La Habana logramos acordos certos que abram a possibilidade real de entrar a disputar o poder político à oligarquia por meios não violentos, com plenas garantias para o exercício da oposição revolucionária ao regime, estamos dispostos a dar esse passo, com a mesma firmeza e decisão com que temos enfrentado a guerra que nos foi imposta; começando por um cessar de fogos bilateral e definitivo que gere um melhor ambiente para o desenvolvimento dos acordos, tendo claro que não se trata de negociar benefícios (gabelas) para os insurgentes. Se trata de abrir espaços para a participação política democrática ao conjunto da sociedade, algo que vai além das garantias para a actividade eleitoral, dentro de um novo sistema que acabe com os vícios e limitações do sistema atual e que implica abordar temas fundamentais para todos os colombianos como a militarização da vida nacional, a doutrina de segurança do Estado, a plena vigência dos direitos humanos, a penalização da protesta social, aceso aos meios de comunicação, esclarecimento dos responsáveis da criação, apoio financeiro e proteção dos grupos paramilitares e desmantelamento de ditos grupos, deixar em liberdade os prisioneiros de guerra e políticos, incluída a repatriação dos combatentes extraditados e reconhecimento pleno dos direitos das vimas do conflito, entre outros temas. Acordos que por sua trascendência, profundidade e importância para o futuro da Colômbia, devem ser refrendado por uma Assembléia Constituinte, de caráter popular que lhes imprima o selo de sua aprovação como vontade última do povo soberano.

Lograr superar um conflito que leva meio século, é um propósito de alcance e dimensões históricas, pois significa se despojar de coisas sem importância, assumir responsabilidades, pôr no centro e no alto, o mais grande e mais caro de todos os interesses nacionais: A Paz com justiça social para nosso povo. Com essa convicção chegamos a La Habana e com essa mesma convicção tem trabalhado nossa Delegação na Mesa. Valorizamos altamente o trabalho realizado pelas partes e consideramos de grande importância os rascunhos construídos de forma conjunta sobre temas do Primeiro ponto da Agenda, clara demostração de que é possível alcançar Acordos entre as partes enfrentadas; por lo mesmo, consideramos que um propósito nacional de tal significação e trascendência para toda a nação não pode estar sujeito aos vai-vens da política eleitoral, a veleidades pessoais, a pressões de grupos minoritários por poderosos que sejam, a limitações de tempo e prazos perentórios que no consulta a realidade. Por esses caminhos andam os inimigos do processo, manter-lo a salvo é tarefa de todos os colombianos sem distingo e a forma de lograr-lo é defender a existência da Mesa e o alcançado até agora, com a massiva vinculação dos diversos setores que desejam a paz e o progresso da pátria, de todos os interessados em participar da discussão dos temas, abrindo espaços para essa participação e impulsando todo tipo de iniciativas que busquem rodear o processo e continuar avançando sem vacilações na construçaõ de acordos,         apesar das vozes que se empenham por impedir seu avanço, algumas vezes de maneira incompreensível desde o interior do próprio governo. Esse é o caminho mais sensato. O outro seria matar as esperanças de milhões de compatriotas e com elas a possibilidade de um futuro certo para as próximas gerações de colombianos.

Manuel permanece vivo levando rumo à cidade toda sua selva e seus rios”.

Ainda em vida os Camaradas Manuel e Jacobo comentavam como semanas antes de se iniciar a agressão a Marquetalia, se dirigiram por meio de cartas públicas aos diversos setores da opinião nacional e internacional, para tratar de impedir a ofensiva militar do regime prevendo a tragedia que poderia se apresentar e, apesar do pronunciamento de muito setores e personalidades, entre as que se destaca a menagem do Padre Camilo Torres, não foram escutados esse chamados e, pelo contrário, obedecendo ditados de interesses estrangeiros e atendendo a histeria de um pequeno grupo de oligarcas foi realizada a operação militar com os resultados conhecidos. Anos depois em uma das tantas reuniões das que se fizeram em El Caguán, com a participação do Camarada Manuel, relatava como as demandas dos camponeses de Marquetalia, houvessem podido ser resolvidas pelo Estado com pouco recursos e um pouco de tolerância para com as ideais politicas revolucionárias dos camponeses da região. Capítulos de nossa historia que vale a pena ter em conta.


Este 26 de março, dia do quinto aniversário da morte do Comandante em Chefe, Camarada Manuel, nós herdeiros do legado dos homens e mulheres de Marquetalia, de sua coragem, decisão e firmeza que sob o comando de Manuel e Jacobo sentaram as bases do Exército do Povo que são hoje as FARC, podemos declarar com orgulho e plena confiança no futuro, ante nossos compatriotas e o mundo todo, que seguiremos mantendo em alto a bandeira da luta pela paz com justiça social para nosso povo até que seja uma realidade.

Manuel que não morremesmo que o matem um dia, pois ninguém pode matar a luz, o ar ou a vida

¡Viva a memória do Comandante Manuel Marulanda Vélez!
¡Temos jurado vencer e venceremos!
Montanhas de Colômbia, março 26 de 2013.
Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP.