"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A DESMOBILIZAÇÃO DOS COMBATENTES DAS FARC É IMPOSSÍVEL!

Sergio Camargo*

Jornalista e escritor


O mundo dirigido pelos fascistas está em festa e não é para menos, pois um país rico em petróleo e outras riquezas acaba de ser destruído e seus principais lideres e uma parte do seu povo assassinados, enquanto que outros governos da África, Ásia e América obedecem aos desígnios do império sem pestanejar, agravando ainda mais o empobrecimento dos seus povos, da sua cultura, da honra e da dignidade.

Com relação à guerra civil colombiana, que leva cerca de 191 anos e que foi declarada mais nitidamente a partir de 1960, quando os contingentes rebeldes tomaram forma e se tornaram grupos político-militares com a ideologia comunista – com excessão de um caso – para confrontar o poder oligárquico dominante na tentativa de recuperar o poder que o bipartidarismo, liberal e conservador, conseguiram arrancar do povo colombiano através do crime, da barbárie, da corrupção e da fraude, em meados do século XIX.

Homens e mulheres valentes, gloriosos, honestos e determinados, empunharam o fuzil para criar as duas guerrilhas mais importantes do país e do continente americano para combater esse lumpem oligarca colombiano, pois está classe dominante, representada pelo bipartidarismo, não deixava outra escolha. Sua dita democracia contaminava com sangue, com violações de todos os tipos, com corrupção, com exclusão e racismo. Nasciam nesse momento os movimentos político-militares: Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP) e Exército de Libertação Nacional (ELN).

A violência imposta pela classe dominante, após quase um século,a todo um povo, desta vez era confrontada por uma parte dessa classe explorada e vilipendiada que não mais engole as coisas inteiras, que já não admitia tanta vilania e traição. Esse bipartidarismo pestilento rodeado de uma minoria de colombianos e sustentado pelas forças armadas e polícia inteiramente entregues ao banditismo e ao crime sem limites, sentiu medo, sentiu terror e, como um monstro ferido, correu para o abismo da guerra suja e desenfreada como solução rápida para salvaguardar os seus enormes interesses e em nenhum momento pensou racionalmente em deter a confrontação matando seus erros, abrindo espaço para as maiorias e abrindo e ampliando um diálogo produtivo para o benefício de todas e todos.

Mas não é somente essa pestilenta classe colombiana no poder, desde sempre e para sempre, sentiu o terror do despertar de uma parte do povo em armas, mas o império, em sua imensa sujeira e ganância, em sua eterna luta para submeter seus semelhantes que considera inferiores, aterrorizou-se e sentiu medo, a "democracia" colombiana deveria ser armada, assessorada e aconselhada uma vez mais e como mais assiduiade, para que enfrentasse e eliminasse o comunismo que chegava ao continente para roubar sua "liberdade", a sua “democracia" e sua "paz". Não se permitiria uma outra Cuba. Não senhor!

A incruenta guerra continuava na Colômbia, mas desta vez não mais entre grupos armados pertencentes ao Partido Liberal e esquadrões da morte pagos pelo Partido Conservador, incluindo forças militares e policiais. Não, desta vez era entre sistema bipartidário, composto por liberais e conservadores e que tinha feito a paz militar para assim distribuir o poder e as gabelas ganhas por estar no poder, contra um guerrilha de esquerda que falava e se expressa em nome dos milhões de colombianos excluídos e sem voz e que o corrupto poder oligárquico nunca quis ouvir. E por acaso alguma vez ous escutou?

Na ausência de uma reforma agrária, o regime ditatorial reforçava suas forças de repressão na ausência de soluções para os problemas sociais e econômicos da maioria, o regime – que é a própria oligarquia – reprimia, assassinando e encarcelando as lideranças populares e os opositores, para a falta de emprego, o regime atiçou a criação e manutenção dos esquadrões da morte, camuflados em grupos privados de vigilância (Convivir), para cuidar e proteger os proprietários de terras, empresários, banqueiros, corporações multinacionais e seus interesses. Contra a falta de um ensino gratuito e de qualidade, a oligarquia político, econômica e militar continuou deixando nas mãos da oligarquia eclesiástica as formas de subjugar o povo e torná-lo mais crente, pacífico e idiota, assim a fome e a miséria seguem seu caminho devastador, pois é melhor ver um pobre com fome e com a Bíblia debaixo do braço, do que com um fuzil defendendo seus direitos. Para a falta de informação fidedigna, a oligarquia soube impor ao povo, através de seus próprios meios de comunicação, a mentira, a morbidade, a baixeza e a pornografia. Fazendo-os acreditar que a guerra é boa e conveniente quando ele matam e destroem e é horrível e injusta quando os revolucionários da verdade a aplicam como a única solução para os grandes males.

Os diálogos e negociações em São Vicente del Caguán, entre a oligarquia e as FARC-EP, serviram somente para que esta putrefata elite fosse se aprontando para endurecer a guerra, que por ordem imperial dos EUA, se daria com modernidade, mais feroz e mais democrática, pois já não apenas os rebeldes em armas seriam assassinados com a tecnologia de ponta proveniente do império, mas os líderes populares, liderese camponseses e indígenas, sindicalistas, jornalistas alternativos e honestos opositores políticos, entre outros, cairiam sob as balas das forças de repressão e esquadrões da morte, ambos a serviço deste regime ditatorial, e tudo isso na mais completa impunidade e silêncio cumplice da comunidade internacional – Estados Unidos, Inglaterra e França.

Hoje, a Colômbia é dirigida pela máfia. Uma mafia entregue ao tráfico de drogas, à prostituição e ao crime. O país, dirigido por essa oligarquia mafiosa, esta entregue aos interesses imperialistas, que, por sua vez, a protege com armamento moderno e a ajuda a eliminar os rebeldes de todos os tipos. Esta oligarquia não sabe o quê é um diálogo, não tem essa cultura, nem o procura. A elite colombiana possui a cultura da guerra e, enganando, chantageando ou subornando conseguem seus objetivos. Por isso é que a maioria de seus cidadãos estão resignados, submetem-se ou caso contrário desaparecem.

Os guerrilheiros das FARC-EP e do ELN, estão cientes de que uma desmobilização significa desaparecer fisicamente. Os milhares de combatentes sofreriam processos piores do contra criminosos e seriam condenados sem piedade e imparcialidede e os muitos que pudessem salvar-se de penas vingativas e assassinatos, passariam a engrossar a enorme massa de desempregados, sem teto, sem direito à saúde ou educação e seriam eternamente perseguido por políticos, empresários, latifundiários e seus esquadrões da morte.

Os Comandantes, exceto alguns casos de extrema obediência, seriam processados – se estiverem vivos – e seus atos de guerra revolucionária, colocados na arena pública e tratados como atos criminosos de terroristas, sem ideologia e, coitados daqueles que defendam a sua causa revolucionário, pois imediatamente lhes seriam criados expedientes onde se "comprovaria" o seu envolvimento no tráfico de drogas, e o império, com todo o seu moral que é devido, pediria a extradição para condená-los por tráfico de drogas.

E, como no caso do comandante Simon Trinidad (condenado nos EUA a 60 anos por seqüestro), em que não conseguiram provar o crime de tráfico de drogas, os comandantes seriam acusados de atentar contra os interesses dos Estados Unidos e seriam condenados a sessenta , oitenta, ou talvez 200 anos, por ser verdadeiros revolucionários socialistas, embora a guerrilha colombiana nunca tenha colocado em perigo a segurança de qualquer país do mundo, nem dos 40 milhões de colombianos que vivem na pobreza e abandono.

NOTA: A democracia colombiana é sui generis, 95% dos seus políticos estão associados com a máfia e o crime organizado; suas forças armadas e policiais comportam-se com a população civil pior do que um exército de ocupação e os sucessivos governos obedecem à risca as ordens emitidas pelo regime norte-americano... A imprensa é livre copia e publica diariamente tudo o que “informa” a imprensa imperialista.


09 de novembro de 2011
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* Sergio Camargo, é autor de: Democracia Real Universal e O Narcotraficante N.º 82 Álvaro Uribe Velez. Foi editor da revista Universo Latino e autor de numerosos artigos sobre a realidade latinoamericana e mundial.