"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 19 de junho de 2010

A guerra secreta contra a Bolívia



Fortunato Esquivel
Fonte: Rebelion.org


No início deste mês, o presidente da Bolívia, Evo Morales, voltou a denunciar à Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID) e após acusá-la de se infiltrar nos movimentos sociais para provocar conflitos com o fim de desestabilizar o Governo, advertiu sobre a sua possível expulsão se persistirem nestes esforços.

Tarefa impossível para Morales. USAID jamais será moderada. Esta é uma entidade que faz parte do domínio que o imperialismo norteamericano exerce na América Latina, África e Ásia. É uma engrenagem de uma elaborada a estratégia do capital monopolista destinado a cooperar no incremento dos interesses do império.

Está máquina foi montada após a Segunda Guerra Mundial e é composta pela USAID, a Aliança para o Progresso (CIAP), substituída posteriormente pela Fundação Interamericana (IAF), o Banco de Importações e Exportações (Eximbank), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID ), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento ou Banco Mundial (BM), Organização para a Promoção do Investimento na América Latina (Adela) e seus outros tentaculos financeiros.

USAID iniciou suas atividades no governo de Harry S. Truman em 1946 e,desde então, distribuiu mais de 200 bilhões de dólares em "ajudas" militares e econômicas aos países onde exerce seu domínio na proteção dos seus interesses. Quanto a Bolívia deve a esta organização?. É um fato que deve ser conhecido.

USAID utiliza pelo menos quatro tipos de programas: Empréstimos para o Desenvolvimento, Programas de Ajuda Técnica, Fundos para Emergências e o Programa de Apoio Político-Militar. Este último faz parte de um vasto aparato de espionagem e intervenção norteamericano.

Programa de Apoio Político-Militar é a razão para sua existência, pois é destinado a conter e destruir os movimentos revolucionários na América Latina e para isso desenvolveu um manual sobre repressão confidencial, que na Bolívia foi revelado pelo já desaparecido jornal Hoy, na sua edição de 23 de novembro de 1978.

USAID opera de forma direta entre a agência e o Governo do país onde atua e, indiretamente, através das empresas monopolistas, seguindo objetivos econômico e políticos predeterminados. Este orgão tem dinheiro para os investidores ianques. Inclusive investe diretamente para conseguir influência.

O pedido de modernização feito pelo presidente Morales não vai ser cumprido nunca, pois a USAID foi organizada para isso, para conspirar e derrubar governos revolucionários e agora terá mais apoio, já que o Presidente Barak Obama acaba de aprovar novos programas de "guerra secreta" e "operações especiais" em nível mundial. A Bolívia e Venezuela estão na mira.


Obama pior do que Bush

Uma pesquisa publicada pelo jornal The Washington Post, mostra que Barak Obama acaba de autorizar a expansão da guerra secreta contra grupos radicais, aumentando o orçamento necessário.

De acordo com esse jornal, as operações especiais são realizados em 75 países, com a participação de 13 mil militares e civis, peritos em operações de inteligência, guerra psicológica, assassinato seletivo, missões de treinamento, ações encobertas e outras.

a jornalista venezuelano-americana Eva Golinger, afirmou em um de seus recentes artigos que o pesquisador Jeremy Scahill descobriu que o governo de Barak Obama enviou tropas de elite das forças especiais no âmbito do Comando de Operações Especiais Conjuntas para o Irã, a Geórgia e Ucrânia, mas também para a Bolívia, Paraguai, Equador e Peru.

O chanceler Choquehuanca, negocia a reabertura das relações diplomáticas com os Estados Unidos, mas como você pode comprovar, nem o Governo de Obama nem a USAID mudarão suas políticas. Nestas condições, não seria melhor adiar uma embaixada dos EUA na Bolívia?

Planos dos EUA para desestabilizar governos existem em muitos lugares. Estão prontos e Washington apenas espera o momento para ativá-los. O artigo de Golinger refere-se a uma alta patente militar do Pentágono, que disse que Obama está permitindo muitas ações, estratégias e operações que não foram autorizados por George W. Bush.


Mais dinheiro para desestabilizar

Haverá dinheiro de sobra para conspirar e financiar órgãos como "La Torre" em nosso país (Bolívia), que há dois anos quase consegue derrubar a Morales com um levantamento de caciques e que foi, naquela época, chamado de "golpe civico-profeitural", coordenado pelo então embaixador Philip Goldberg, expulso oportunamente.

Obama acaba de solicitar um aumento de 5,7% destinado ao orçamento de Operações Especiais em 2011. Pediu 6,3 bilhões de dólares além de 3,5 bilhões adicionais para operações encobertas de contingência. Em 2011, o orçamento de defesa total atingiu 872 bilhões de dólares, com 75 bilhões somente para a comunidade de inteligência. O dinheiro está sobrando.

No início de 2009, o Presidente Obama assinou a "Dutrina de Guerra Irregular", dando-lhe prioridade sobre a guerra convencional. Nesta o campo de batalha não tem limites, porque as táticas e estratégias não são tradicionais. A subversão, o uso de forças especiais para operações clandestinas, são as principais técnicas para desestabilizar o adversário "de dentro".

Para realizar estas tarefas, as agências como a USAID, o National Endowment for Democracy (NED) e Freedom House servirão para canalizar fundos para os atores que comandados desde Washington. A “sociedade civil” e os movimentos sociais são infiltrados nos países onde se supõe que os interesses imperiais poderiam ser afetados.

Em seu artigo, Golinger diz que uma fonte das forças especiais dos EUA comentou: "já não temos mais que trabalhar a partir das embaixadas nem temos que coordenar com o Departamento de Estado. Podemos operar de onde quisermos".

Este ano, a Venezuela esteve à beira de ser classificada como "Estado terrorista", mas Washington a retirou-a da lista para não prejudicar a venda de petróleo para os EUA. Não é de estranhar que, a respeito da Bolívia, surjam acusações de setores opositores sobre um presunto aumento do narcotráfico. O governo tem que ter em conta estes porta-vozes do imperialismo que procuram promover uma mudança de regime.

Guerra avisada não mata mouros, diz o ditado, mas é necessário estar preparado diante das ações conduzidas pelas ONG da USAID. No ano que vem, terão um orçamento maior para corromper aqueles que sempre dispostos a se vender.


Fonte: http://alainet.org/active/38923