"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

ELEIÇÕES NA BOLÍVIA NUM OLHAR DIFERENTE

ESPECIAL URDA KLUEGER


Oi, gente! Acordei descansada e sujissima hoje de manha, como e de se imaginar depois de tantas horas naquele trem (o calor fora infernal, ontem e durante à noite. Hoje de manha refrescou). Nossos amigos de Florianopolis fizeram o que e normal entre jovens da idade deles que saem para uma grande aventura: tomaram todo um litro de uisque durante a noite, e segundo a Sandrinha, ficaram muito engracados. Sei que quando acordei ja era a hora da dor de cabeca e da ressaca deles - mais umas 3 noites assim e eles entenderão que divertir-se e algo um pouco diferente. Mas eram uns amores de meninos - chegamos juntos em Santa Cruz de la Sierra. Pois {e, chegamos aqui nove e meia da manha, já com a perspectiva de voltar a viajar ainda hoje, para estar sexta, amanhã, em La Paz, para dar tempo de fazer uma pequena aclimatação à altitude amanhã, para no sábado não perdermos a grande concentração que vai haver na praça Murilo, onde fica o palácio presidencial, para o encerramento da camanha do Evo. No trem, a gente evitou ao maximo de levantar o assunto das eleições, pois tinhamos que conviver bem com todos la ate chegarmos aqui, e os opositores ao presidente são muito mais brabos que a classe media ai do Brasil, que se atem a coisicas de nada para desfenestrar o nosso presidente. Assim, pouco posso dizer sobre o que pensavam os nossos companheiros de viagem, a não ser que o pai de um dos rapazes de Florianópolis tinha avisado a ele que haveria eleições. O pai do menino era militar de carreira, do exército do Brasil. Apenas lá na parada onde havia a banda tocando foi que andei para lá e para cá perguntando aas pessoas de la sobre as eleições, e o resultado foi impressionante: 100% dos que falei votarão em Evo. Aqui, conseguimos passagens para as quatro e meia da tarde em ônibus leito (deveremos chegar oito ou nove da manhã, sem paradas, a La Paz) (a passagem custou 170,00 bolivianos - o cambio continua, por todos os lugares, a 3,60 por real - a passagem de trem custou 115,00 bolivianos - so para voces fazerem as contas e verem os precos.) Tomamos o maior banho aqui na estação, comemos vitaminas de frutas com bolo, e estamos por ai. Sandrinha ja andou por tudo lá na rua, e eu estou lembrando muito muito do Teles, aquele amigo tão querido com quem estive nesta cidade faz três anos, e com quem vivi tantas coisas interessantes aqui. Na verdade, estou até querendo chorar de tanta saudade do Teles. Quem o conheceu estará entendendo o que sinto. Se possível, passem esta mensagem para a família dele. Logo iremos viajar. Muito carinho para todos, Urda.

Oi, gente! Com algum atraso, ontem, saímos de Quijarro de trem. No nosso vagão, cinco jovens brasileiros, sendo quatro de Florianópolis (alunos da UFSC e da UDESC), verdinhos da Silva, indo para Machupichu, sem saber muito bem o que estavam fazendo nem como. Ate comida estavam levando em pesadas bagagens, acho que com medo de não achar comida na Bolívia - alem de uma moça com seu filhinha, bolivianos, que tinham passado ferias na Itoupava Central, em Blumenau. Em 15 dias lá o menininho voltava falando um bocado de português. E então foi aquela doçura de atravessar a Bolívia de trem, com paradas a cada pueblito, onde entravam pessoas no trem vendendo todo o tipo de comida que se possa imaginar, desde refeições salgadas, frutas, sobremesas, sucos, e o que mais se pode imaginar vindo da criação de um povo cheio de imaginação (desculpem a imaginação dupla - há que correr, aqui). A todo instante comprávamos uma nova coisa para comer ou beber, como quase todo o mundo, e a Bolívia deslizava la fora e estava cá dentro. Foi uma agradável tarde onde, depois de umas duas horas, passamos a andar praticamente ao lado da estrada asfaltada que esta se fazendo, paralela a linha do trem, e que permitira o transito de carros e ônibus do Brasil para cá, com facilidade, muito futuramente. E eu so ouvira falar de tal estrada faz poucos dias! De 600 km que tera, 400 km ja estao prontos, com obras ambientais, etc. Pareceu-me que sera uma grande reta. O animado trem seguiu ate chegar a noite e a grande lua cheia que imaginei ver aqui, no domingo, la com meus vizinhos da casa 34. Caio, se tu leres esta, diga a tua família que me lembrei muito de vocês! A lua era laranja, enorme e muito próxima, e antes que eu pudesse dar uma boa conversada com ela, chegamos (creio que pelas nove ou dez da noite) a uma cidadezinha onde ha parada de trem, e onde se pode comprar de tudo para comer e beber, ao lado da pista, e onde havia uma banda nos esperando para nos saudar com belas musicas, Tivemos ali uma parade de uma meia hora, e ao partirmos, a banda voltou a tocar para se despedir de nós. De novo prestei atenção nos cachorros, que estão gordos - tres anos atras, naquele lugar, eles mais pareciam cachorros-fantasmas! Depois da partida, encostei-me a janela para conversar um pouco com a lua... e dormi ate as oito da manha de hoje. A sensação que tinha era de que tinha dormido na minha cama, embora agora esteja sentindo cada osso e ossinho do meu corpo... hehehe! Segue parte 3. Urda


Amigos: Hoje, dia 03.12, 13:00 horas, estamos na estacao de trens e ônibus (de novo vai sem acentos) de Santa Cruz de la Sierra. Um pouco mais tarde viajaremos para La Paz. Amanhecemos, ontem, em Puerto Quijarro, e no cafe da manha, numa lanchonete próxima, esbarramos com a oposicão a Evo. A dona da lanchonete ja vestia uma camiseta pedindo a liberdade daquele sujeito (esqueço o nome) que cometeu o morticinio em Pando (creio que morreram 45 indigenas, segundo a minha lembrança), e a camiseta dela serviu para puxarmos conversa. Ih, a mulher soltava fogo pelas ventas! (Era, como quase todo o mundo, de características físicas indígenas, mas pintava o cabelo de loiro e usava roupas ocidentais.) Outra freguesa la presente resolveu desancar Evo, tambem, e a gente ficou só no humhum humhum, para ver o que elas tinham para dizer. Depois, saímos a andar pela cidadezinha, pois o trem so sairia aas 12:45 horas. Sandrinha saiu antes e ja fui com ela de cicerone - descobriu comites de campanha de Evo e de outro candidato, além de um comitê das Mulheres Indígenas, muito legal. Ela foi fotografando tudo. O que me parece e que a situacão economica da Bolivia mudou bastante nos últimos 3 anos, conforme já falei no outro boletim. Um dia eu conheci uma Bolivia so de cachorros gordos (creio que em 1993) - nos últimos anos, os cachorros eram magerrimos, e havia muita miséria. Ate agora nao vimos miseria (pobreza sim), e com raras exceicões, os cachorros não estão mais magros. Na noite anterior tínhamos ficado andando pela cidadezinha e nos deparamos com diversas coisas, uma das quais estou lembrando agora: diante de uma loja que fica aberta ate tarde, a família da loja e algumas crianças viam televisão na calcada. Ha que se dizer que em Quijarro se pega perfeitamente as televisões do Brasil, mas as pessoas estavam muito atentas era a um discurso de Evo, que encerrava sua campanha num dos estados vizinhos. Chegamos a tirar foto da atencao das pessoas na frente da televisão. Vou fazer uma parte 2 para que a mensagem siga inteira, pois no outro dia tive problemas de transmissão. Abracos, Urda.


2 de dezembro de 2009.


Oi, gente!


Dormi bastante bem lá no longínquo Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, num lugar que parece tão longe que ate acho que não existe (desculpem a falta de acentos, não me acertei bem, ainda, com este teclado). E claro que dormi no chão, com a minha mochila como travesseiro, e que lá pelas três da manhã dei uma acordada de leve, lembrei do lugar de cada osso e ossinho e tratei de colocá-los de volta ao lugar.


Então, pela manhã, pegamos o vôo que nos trouxe ate Campo Grande/MS, e foi um vôo totalmente calmo e sem incidentes, se considerarmos as seis bolachinas de lanche que serviram a cada um, e que me deixaram com a maior fome.


Chegamos a Campo Grande já sabendo que ao meio dia haveria Ônibus para Corumbá, e conseguimos passagens na rodoviária. Deu tempo de comer um prato feito e dar uma espiada na Internet, antes de embarcarmos e cairmos no sono (Sandrinha passara a noite acordada).


No meio do caminho houve uma parada para café, e em seguida vinha o Pantanal, que esta bastante seco e onde se pode ver pouca coisa. Na verdade, dormimos a maior parte do tempo. O ônibus estava bem normal, cheio só de brasileiros normais, quase todo o mundo dormindo.


E então, pelas seis da tarde (horário daqui) chegamos a Corumbá (seis quilômetros da fronteira com a Bolívia), e enquanto averiguávamos os preços e facilidades de ônibus e taxis até a fronteira, apareceu o Salomão, boliviano que esta vindo de vacaciones (ferias) para cá (trabalha na Guiana Francesa) e que estava na estrada desde sábado (veio de avião desde o Amapá até Brasília, o resto por terra). Foi uma sorte acharmos o Salomão!


Dividimos um taxi com ele ate a fronteira (30 reais no total) e depois outro taxi ate o hotelzinho onde estamos (cinco bolivianos por pessoa, o que é menos de dois reais - amanha passo o cambio que se faz aqui, porque chegamos em horário em que o cambio não e bom, e só trocamos um pouquinho de dinheiro para as despesas de hoje, Vamos ver de quanto será amanhã (hoje estava a 3,60 por REAL!) ( e se janta muito bem por 10 bolivianos, o que dá um pouco menos de três reais, mesmo ao cambio de horário errado – o hotel limpinho, com banho e gente simpática, custa 35,00 bolivianos (um pouco menos de dez reais). Estou dando os valores daqui de Quijarro, plena fronteira, para que possam comparar., Imagino que fora da fronteira os valores mudem para melhor.


Chegamos com vento, calor, cansaço e poeira, e era visível, já na aduana, os cartazes e palavras de apoio a reeleicão de Evo colados aos vidros – mas poderia ser coisa obrigatória, né? Só que depois de nos darem os vistos, etc., os funcionários da Aduana, espontaneamente vieram nos falar da reeleicão, estavam encantados com o governo de Evo e das mudancas que estão acontecendo no país, chegando a dar santinho do Evo para a Sandrinha, como se fossemos votar. O calor, aqui, esta ENORME (durante o dia fez 48 graus C), e depois de um banho gelado, fomos jantar com Salomão, que morria de saudades da pátria e que queria comer o seu tradicional... pollo com papas fritas (galinha com batata frita, o arroz com feijão da Bolívia). Comemos muito bem junto com ele, e juntei as sobras (que eram muitas, principalmente as de pollo) para dar aos cachorros que vivem por aqui.


Eu diria que desde a ultima vez em que aqui estive (faz 3 anos, com o Teles) a situação local teve uma melhora, pois os pedaços de pollo, como no passado, estão muito grandes (bem mais no passado as pessoas comiam, numa refeição, ou uma galinha inteira, ou meia galinha - faz três anos e comiam só um ou dois pedacinhos, como no Brasil - hoje os pedaços estão bem grandões, enormes, mesmo), e também não vimos nenhum pedinte na rua, como vi tantos, e tão humilhados, faz três anos. As casas, pessoas, lojas, etc., parecem ser pobres, mas não está mais se vendo miséria, como ha três anos atrás. (Jantamos num restaurante, mas prestei atenção na comida que diversas índias vendiam aqui e ali - os pedaços de galinha estão bem grandões mesmo, quase como no passado mais distante). Tenho bastante curiosidade em chegar a Santa Cruz de la Sierra (deveremos viajar para lá amanhã, por volta do meio dia, de trem. São cerca de 17 horas de viagem), para ver se lá também houve mudança na situação econômica das pessoas, se lá também sumiram os pedintes humilhados, como um dia já vi este país.


Há que se considerar que aqui e uma cidadezinha de fronteira (Quijarro), mas eu achei que ela cresceu um bocado desde quando me lembro, e que está muito movimentada.


Abração para todos, e peco à Hana, a Bruna e ao Mario Henrique que digam para o Atahualpa que morro de saudade dele.


Tudo de bom,


Urda.