"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 9 de agosto de 2009

Regime rasteiro, com um paramilitar à cabeça.

sábado, 08 de agosto de 2009

Os jornalistas Gonzalo Guillen e Gerardo Reyes divulgam no Novo Herald o testemunho que confirma a índole pararmilitar de Álvaro Uribe Vélez.

ANNCOL

O massacre de El Aro, em 1997, onde morreram mais de 15 camponeses, e onde quase todo o povoado foi retirado cumprindo com o objetivo fixado pelo terror paramilitar de expulsar a população, considerada inimiga, para repovoar com população favorável ao projeto paramilitar. Isto explica a fértil reprodução paramilitar em Antioquia que foi multiplicada por dez, em número de paramilitares e por conseqüência no número das CONVIVIR.

Tudo isto sob o mandato do narcoparamilitar Uribe Vélez.

Vejamos a nota, [os comentários e sublinhados com colchetes são de ANNCOL]

O ex-paramilitar colombiano Francisco Enrique Villalba Hernández declarou diante da Promotoria Geral da Colômbia, em fevereiro passado, que o presidente Álvaro Uribe e seu irmão Santiago, participaram no planejamento de um massacre no norte do departamento de Antioquia, segundo uma cópia do testemunho obtida pelo Novo Herald.

Parte da confissão de Villalba, cuja credibilidade Uribe atacou nesta semana, foi utilizada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos - CIDH, para condenar a Colômbia por esse massacre, ocorrido no povoado de El Aro, em 1997, segundo extensa sentença deste tribunal há dois anos.

Villalba, nos testemunhos diante da CIDH, não comprometeu o mandatário nem ao seu irmão, mas seu relato foi parte das provas que tribunal usou para concluir que no massacre de El Aro agentes da força pública colaboraram com grupos das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) para assassinar friamente ao menos 15 camponeses “em estado indefeso, despojando outros dos seus bens e gerando terror e abandono de suas propriedades”, segundo a sentença, de 160 páginas.

A sentença cita também testemunho em que o governo do departamento de Antioquia, naquela época ao mando do atual presidente Uribe, negou-se a prestar proteção aos habitantes de El Aro mesmo sabendo que o ataque paramilitar era iminente. “Diante dessa situação, aproximadamente dois meses antes da invasão, a Junta de Ação Comunal de El Aro pediu proteção ao governo [de Antioquia] que não foi dada”, expressa a sentença do CIDH. Até agora somente conheciam-se, de forma indireta e fragmentada, alguns aspectos da declaração de Villalba perante a Promotoria colombiana repentinamente revelados nesta semana por Uribe, durante uma entrevista de rádio para rechaçar as declarações do ex-paramilitar.

Mas, o Novo Herald obteve uma cópia completa da declaração que, de fato, contém reiterados testemunhos de Villalba de que Uribe, quando Governador do departamento de Antioquia, andava de braços dados com os máximos chefes das AUC e deu carta branca para realizar o massacre.

“[Álvaro Uribe nós disse] que o que tivesse de ser feito que o fizéssemos”], declarou Villalba ao descrever uma reunião na que participaram lideranças das AUC, militares e os irmão Álvaro e Santiago Uribe.

A declaração de 19 páginas de Villalba descreve, com nome e pormenores, uma estreita relação de cumplicidade e camaradagem entre autoridades militares e policiais com os cabeças dos esquadrões da morte.

Villalba denunciou a morte de funcionários da promotoria que investigavam o massacre, o assassinato de ativistas dos direitos humanos que colaboraram com as autoridades no esclarecimento dos fatos e três atentados, um deles com cianureto colocado numa cerveja.
[Descrição dos massacres]

Quando os paramilitares chegaram a El Aro, um povoado de aproximadamente 500 habitantes numa região montanhosa do norte do departamento de Antioquia, levavam uma lista das suas vitimas, relatou Villalba ao jornal El Colombiano de Medellín.

Alguns foram mortos com um tiro na nuca, de bruços, na praça do povoado; também mataram a um rapaz de 14 anos, mas no caso do dono de mercearia, Marco Aurelio Areiza Osório, comerciante de 64 anos, querido na região pela sua generosidade, os paramilitares mostraram-se com uma incrível frieza.

Segundo testemunhas obtidas por Human Rights Watch e jornalistas colombianos, foi ordenado ao comerciante que preparasse e servisse um cozido. Depois de servi-lo foi amarrado a um pé de laranjas e, ainda vivo, extirparam seu coração, depois seus olhos e, por fim, os testículos.
Algumas crianças que estavam escondidas próximo da praça viram tudo. “Ele gemia duro e depois chorava como um menino”, disse um dos menores aos jornalistas Carlos Giraldo e Miguel Garrido, de El Colombiano.

Os paramilitares invadiram El Aro no dia 25 de outubro, sábado, um dia antes das eleições municipais. A invasão do povoado durou uns quatro dias, durante os quais uns 120 paramilitares, com o uniforme das AUC, assassinaram camponeses, violentaram mulheres, saquearam o comércio e roubaram mais de 900 cabeças de gado, segundo documentos judiciais.

Villalba, de 36 anos, confessou a participação neste e outros massacres das AUC.
Três meses depois dos fatos em El Aro, apresentou-se diante das autoridades judiciais porque estava cansado de tantas mortes e com o planejamento de atentados com os que não concordava, disse. Hoje cumpre pena de 33 anos na penitenciaria La Picota, em Bogotá.
Segundo suas declarações à policia, o Exército e as AUC planejaram a invasão de El Aro para escarmentar os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e resgatar uns oito pecuaristas e comerciantes que os rebeldes tinham sequestrados.

Villalba assegurou que três dias antes da incursão em El Aro houve uma reunião numa fazenda – cujo dono não identificou – no município de La Caucana, no noroeste de Antioquia. Assistiram ao encontro, além dos chefes militares da IV Brigada e da polícia, chefes das AUC e os irmãos Uribe, acrescentou.

“Participaram também Santiago Uribe e Álvaro Uribe, que era o governador quando isso ocorreu”, disse a testemunha.

Ao ser perguntado se já conhecia os irmãos Uribe, Villalba respondeu que não no caso de Álvaro, mas que Santiago “sempre foi conhecido na organização porque ainda tem um bloco de Autodefesas em Santa Rosa de Osos”.

Villalba afirmou que soube quem era Álvaro Uribe depois do massacre, quando o então governador se apresentou na mesma fazenda para cumprimentá-los pelo êxito da operação.
“Soube que era Álvaro Uribe porque ele se apresentou, falou conosco e disse que a operação tinha sido um êxito, que os sequestrados resgatados estavam sãos e salvos”, disse Villalba.

“Chegou lá com um guarda-costas, de sobrenome Serna”, acrescentou.

[Porque as autoridades não tentaram localizar o guarda-costas SERNA, se todos os guarda-costas oficiais são registrados em minutas? O que aconteceu com este guarda-costas, o que faz agora?]

Esta semana Uribe aseguró que jamás he estado en La Caucana. Villaba declaró a la fiscalía que años después vio de nuevo al escolta Serna, pero esta vez como guardia del Instituto Nacional Penitenciario (INPEC), en la cárcel de La Picota de Bogotá. Serna lo reconoció y lo saludó, agregó.

Nesta semana Uribe assegurou que jamais esteve em La Caucana. Villalba declarou à promotoria que viu ao guarda-costas Serna anos depois, mas desta vez como guarda do Instituto Nacional Penitenciário (INPEC), na penitenciaria de La Picota, em Bogotá. Serna o reconheceu e o cumprimentou, acrescentou Villalba.

Na reunião previa ao massacre estiveram presentes os lideres das AUC, Carlos Castaño, chefe máximo da organização àquela época e depois assassinado; Salvatore Mancuso, segundo no comando, e outros que identificou com as alcunhas de ‘Noventa’,’Cobra’, o Negro Ricardo e Junior.

Também participou um homem que Villalba, com vacilação, identificou como José Ardila, das autodefesas camponesas legalizadas pelo governo e conhecidas como as ‘Convivir’.
Ao se referir à localização de Ardila, Villalba disse: “[Ardila] estava declarando contra Álvaro Uribe, foi tirado da cadeia, estava condenado a 60 anos e desapareceu, não sei onde se encontra”.
Mancuso foi condenado pela justiça colombiana a 40 anos de cadeia pelos massacres de El Aro e La Granja. Nesta última foram torturadas e assassinadas cinco pessoas em 11 de julho de 1996.

Segundo o declarante, Álvaro Uribe “foi convidado por Carlos Castaño” à reunião anterior ao massacre e a seguir apresentado por Mancuso aos presentes.

Nesta reunião Uribe falou em público, detalhou Villalba. “Álvaro Uribe dava recomendações de que os sequestrados e todos saíssem a salvo e que o que tivesse de ser feito que o fizéssemos”, disse a testemunha.

Quanto à fazenda onde se realizaram as reuniões, o ex-paramilitar assinalou que “à esquerda há currais e um estábulo, essa fazenda não tinha nome, mas ainda existe, nós chegamos um dia antes [da reunião], com meus 22 homens”.

Villalba declarou diante de Carlos A. Camargo Hernández, nono promotor especializado da Unidade Nacional de Promotorias de Direitos Humanos e de Direito Internacional Humanitário, que o encontro “foi de dia, começou por volta das dez da manhã e terminou à 15 horas, depois de termos almoçado e tudo mais”.

Segundo a testemunha, Mancuso e Castaño chegaram “num helicóptero cinza, pequeno, [que] desceu diretamente na fazenda” e na área “havia aproximadamente 100 homens [de esquadrões da morte] com os do povoado e os 22 homens que eu tinha”.Quando o promotor perguntou-lhe se os esquadrões da morte receberam ajuda da força pública, Villalba declarou: “Sim doutor, da IV Brigada [do Exército]. Digo-o porquê antes do massacre houve uma reunião; houve retirada de tropas das barreiras de controle militar da área e suspensão das barreiras de tropas na estrada”. [De onde vieram estas ordens e como se realizaram?]

Villalba disse ao promotor que, anteriormente às suas declarações de fevereiro deste ano, tinha entregado à justiça detalhes deste e de outros massacres a funcionários do Corpo Técnico de Investigações da Promotoria Geral de Medellín.

Também declarou sobre a participação dos irmãos Uribe, que foram gravadas em fitas magnéticas, indicou. Mas “as gravações caíram nas mãos de Mancuso”, explicou Villalba, e os funcionários do CTI foram assassinados em setembro de 1999.

“Eles foram mortos em Medellín pelo bando de La Terraza e mandaram-me ficar calado”, disse.

La Terraza é uma enorme agência de assassinos pagos de Medellín que tem operado sob a direção de poderosos narcotraficantes e paramilitares.

Sobre a reunião da qual os irmãos Uribe Vélez participaram, Villalba disse que também o diretor do CTI de Medellín falou várias vezes, “um senhor de óculos, jovem, ao qual comentei o ocorrido [a reunião] em La Caucana e não falou nada, ficou calado”.

A testemunha assegurou que também falou sobre esses temas com Maria Teresa Gallo, promotora especializada em terrorismo e direitos humanos.

“Prometeu-me muitas coisas, como mudança de identidade, tirar-me da cadeia e me enviar para outro país”, disse.

Em janeiro de 2007, Villalba foi transferido a Medellín para declarar contra o militar Juan Manuel Grajales por outro massacre cometido por paramilitares em novembro de 1997 em La Balsita, município de Dabeiba, Antioquia.

Nesta oportunidade foram assassinadas 15 pessoas e, entre os responsáveis, “também estava o irmão de Álvaro Uribe, Santiago, que emprestou aproximadamente vinte carecas [sicários] para isso”, assegurou.

Villalba tem uma segunda pena de 37 anos de cadeia pelo massacre de La Balsita. Os ‘carecas’ que o irmão do presidente Uribe teria fornecido, pertenciam ao bando paramilitar “Los Doce Apóstolos”, que segundo várias versões judiciais era comandado diretamente por Santiago Uribe.
Villalba afirmou que, em 13 de fevereiro de 1998, decidiu se entregar voluntariamente à Promotoria, pois militares da ativa, narcotraficantes e paramilitares planejavam vários crimes com os que não estava de acordo.

O planejamento foi cumprido. Segundo a testemunha, este grupo assassinou o jornalista e humorista Jaime Garzón, o advogado Jaime Umaña e ao defensor dos direitos humanos Jesús Maria Valle Jaramillo.

Valle teria advertido, desde 1996, que narcotraficantes, militares e esquadrões da morte preparavam-se para cometer o massacre de El Aro. Em resposta, o hoje presidente Uribe, então governador de Antioquia, acusou Valle publicamente de ser inimigo das forças armadas e o exército o processou por calunia. Pouco tempo depois foi assassinado em Medellín.
Valle, segundo Villalba, “foi morto pelo bando de La Teresa e a mim disseram para ficar calado [...] Sua morte foi encomendada pelas investigações que fazia sobre o massacre de El Aro. Era um dos que me ajudava, pois soube quando eu me entreguei e iam me matar para que não dissesse nada”.

O promotor que estava encarregado da investigação de Valle teve que sair do país, disse.

Além do presidente Uribe e do seu irmão Santiago, nos expedientes judiciais figuram o ex-general Carlos Alberto Ospina - comandante das forças armadas durante o primeiro mandato de Uribe – que, no momento dos fatos era o comandante da IV Brigada do Exército, localizada em Medellín. Segundo testemunhas como Villalba e Mancuso, Ospina entregou aos esquadrões da morte a lista de pessoas que deveriam assassinar em La Granja e El Aro.

Villalba relatou que tem sido vitima de três atentados. O primeiro ocorreu na prisão da cidade de Palmira depois de ter falado com o promotor Gallo.

“Um rapaz das autodefesas, Edison Parra, [condenado por homicídio em El Llano] me deu uma facada no lado esquerdo do corpo, na altura do peito”.

Dois meses depois, “no mesmo pátio atentaram novamente contra mim, desta vez com cianureto colocado numa cerveja Pony Malta. O autor foi Edwin Tirado, também das AUC, que agora está na cadeia de Montería, ele era um ex-funcionário de Mancuso”.
“Atribuo esses atentados a Mancuso, nesses dias eu estava fazendo declarações contra a Força Pública”, acrescentou.

Um galo não canta mais claro do que isso. Uribe preside atualmente o cartel desde a Casa de Nariño exportando toneladas de drogas pelas costas colombianas do Oceano Pacífico, em cumplicidade com a sociedade portuária do departamento de Occidente.

Desde sua permanência no governo de Antioquia forjou-se uma simbiose paramilitar entre Uribe e o projeto paramilitar de refundar a pátria. Uribe colocou-se à frente desse projeto porque era o que melhor interpretava o pensamento paramilitar, como o definiu Castaño no seu livro “Minha Confissão”. Uribe chegou ao poder, de mãos dadas com uma coalizão político-militar entre caciques políticos e paramilitares mafiosos e mafiosos que viraram paramilitares – comprando frentes paramilitares para ter poder de negociação e lavar dinheiro do trafego de drogas. Sob esta perspectiva, diante da impossibilidade de julgar a Uribe na Colômbia, onde controla todas as instâncias de controle, a corte penal internacional tem o caminho livre para atuar e qualificar todos os delitos tipificados por Uribe durante toda sua vida política na Colômbia. As bases militares que os EUA receberam num acordo secreto, ao estilo de RALITO, são o pagamento para garantir a impunidade de Uribe Vélez, Presidente narcopamilitar traidor da pátria.