"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 21 de julho de 2009

¡Estados delinqüentes!

Renan Vega Cantor

Nos últimos anos, foi aparecendo um tipo de Estado em alguns países, particularmente na América Latina, com características delinqüenciais inegáveis. Entre eles, Colômbia, México e Peru, assim não sejam os únicos, mas sim, os mais representativos desse regime gansteril, típico da classe dominante mais reacionária.

Esse Estado delinqüencial tem algumas características. Em primeiro lugar, nos países onde se tem estruturado esse tipo de Estado, tendo como guia “a luta contra o terrorismo”, forjada pelo Império Norte-americano, se aplica abertamente uma política criminal contra seus povos. Como resultado, generalizou-se a lógica do terrorismo de Estado, típica da época da doutrina de segurança nacional, para perseguir os movimentos sociais, organizações políticas e intelectuais que se opõem ao terrorismo oficial e seu comparsa o neoliberalismo.

Isso é confirmado na Colômbia pelo escandaloso número de crimes contra sindicalistas, camponeses, defensores dos direitos humanos, líderes sociais e pessoas pobres. Todos esses crimes são acobertados com o eufemismo macabro de "falsos positivos". No Peru se apresenta a repressão indiscriminada, seguindo o modelo israelita, contra indígenas da Amazônia como aconteceu em 5 de junho último, onde foram massacrados quando de forma pacífica protestavam contra a venda de seus recursos a empresas multinacionais. No México, como na Colômbia, são cada vez mais estreitas as ligações entre a polícia, os militares e bandos de narcoparamilitares que usam o aparato do Estado em interesse próprio, incluindo o controle de importantes recursos, o domínio das rotas de tráfico de drogas, em benefício dos grupos criminosos.


Uma segunda característica do Estado delinqüencial é que se guia pela cartilha do Consenso de Washington para a implementação do neoliberalismo e a incondicional aceitação do comércio livre. Isto pode ser visto no México, um aluno predileto dos TLC, porque foi o primeiro país do mundo periférico a assinar um Acordo de Livre Comércio leonino, há mais de quinze anos, que tem arruinado agricultura, indústria e comércio do país asteca, trazendo a fome, o desemprego e a miséria generalizada. O mesmo ocorre no Peru, cujo governo assinou um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, com a aceitação de todas as imposições anti-sociais exigidas pelo amo do Norte e suas corporações multinacionais (entre outras, as relativas à apropriação da biodiversidade e venda a preços muito elevados dos medicamentos produzidos pelas farmacêuticas ianques). Entre outras coisas, o massacre contra os índios da região amazônica peruana, foi para impor-lhes o livre comércio a ponta de sangue e fogo. Na Colômbia, por seu lado, ainda não foi aprovado esse tratado, mas não porque a classe dominante desse país não tenha tentado, mas porque Estados Unidos, por conveniências conjunturais não o tem assinado.

Nos três países durante as últimas décadas tem sido aplicada com toda a violência e impunidade o neoliberalismo, com o fim de rifar os recursos existentes em seus respectivos territórios, como o petróleo, a água, biodiversidade, florestas, bosques, rios, e o antigo conhecimento dos povos indígenas. Por isso não surpreende que as multinacionais de Europa e Estados Unidos, bem como os respectivos governos desses lugares, falem dos "milagres econômicos" que nesses países teriam ocorrido, para garantir o investimento estrangeiro, permitindo a plena repatriação do lucro, facilitar a exploração dos seus habitantes com reformas que beneficiem os empresários nacionais e estrangeiros e para autorizar a criação de maquilas.


Finalmente, há outra característica do Estado delinqüencial relacionada com a política internacional que revive os piores momentos das ditaduras contra-insurgentes e anti-comunitas da 1960-1980, como o sinistro Plano Condor, traçado pelos Estados Unidos, em estreita aliança com as classes dominantes dos países do Cone Sul, e posto em marcha pelos Comandos militares de Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai, Chile, Uruguai e Peru. Com esse plano permitiu-se a troca de perseguidos políticos, independentemente da sua nacionalidade, para que fossem e assassinados de forma indiscriminada por qualquer membro dessa aliança criminosa.


Os Estados delinqënciais, objeto da presente nota, estão revivendo o Plano Condor, agora mascarado de civil e democrático, como fica claro ao examinar alguns feitos da de política externa dos últimos anos. Com efeito, o Governo da Colômbia apóia a criminosa guerra dos Estados Unidos contra a população iraquiana, enquanto se tornou no Israel da América do Sul, com o bombardeamento e a invasão do Equador e a captura ilegal de pessoas na Venezuela. México rompeu com uma tradição de quase um século de respeito para as normas do direito internacional e de asilo político aos perseguidos em várias partes do mundo, para expulsar o professor Miguel Angel Beltrán e aceitar as mentiras do narco-Estado colombiano, para se tornarem um ativo cúmplice de seus crimes. Não por coincidência, os ilegítimos presidentes dos dois países, México e Colômbia (ambos alcançaram a Presidência em duvidosos pleitos eleitorais, com a fraude, corrupção e um monte falsidades), reuniram-se há poucos dias em Medellín para reforçar os seus laços criminosos com a bênção, para quaisquer dúvidas, dos príncipes do Reino de Espanha.


E, no Peru as coisas não são diferentes, porque agora o país se tornou um santuário para os terroristas estado, pois, recebeu de braços abertos os representantes da direita venezuelana, conhecidos por suas operações criminosas, como o fugitivo governador do estado Zulia, Manuel Rosales. Lembremos que o Estado delinqüencial colombiano, também, asila golpistas, como Pedro Carmona, que reside em Bogotá, enquanto embravece porque outros estados dão asilo a perseguidos políticos, porque na Colômbia se incrimina a quem pensa de maneira diferente, qualificando essas pessoas de terroristas. Também, tem convertido as Embaixadas em escritórios de delinqüentes que atuam com cinismo e impunidade.


Em conclusão, dissemos que Alan García decidiu asilar, nada mais e nada menos do que conhecidos genocidas do povo boliviano, que em 2003, massacraram centenas de homens e mulheres pobres nas cidades de El Alto e La Paz, só pelo fato de que, se opuseram à venda de gás a empresas estrangeiras. Esses genocidas agiam como ministros de Estado no regime de antinacional de Gonzalo Sánchez de Lozada, que por sua vez, está foragido nos Estados Unidos. Agora, com o genocídio na Amazônia peruana, fica mais do que claro que Alan García acolhe com tanto entusiasmo colegas do crime, provavelmente para receber ensinamentos sobre a forma de dirigir o massacre do povo humilde.

Com www.anncol.eu