"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Derrocar o Governo de Honduras, Objetivo dos EUA e aliados

Por Pedro Echeverría V.

1.Honduras, país americano situado no centro da América Central, enfrenta seu futuro nestes dias e, ao tempo, as possibilidades de dar um grande pulo político. O presidente Manuel Zelaya está promovendo a realização no próximo domingo 28 de um referendo nacional em favor da colocação de uma quarta urna nas eleições generais de 29 de novembro – junto às urnas para escolher presidente, deputados e prefeitos – para que se decida se se convoca a uma assembléia constituinte que aprove uma nova Constituição. Obviamente isto tem desatado a fúria dos poderosos grupos empresariais hondurenhos, associados com os EUA, que vêem fazendo uma campanha que parece estar desembocando na promoção de um golpe de Estado.

2. No México, embora muito já escrevemos em jornais e revistas para demonstrar o prejudicial que seria para o povo o Tratado de Livre Comércio (TLC), este mesmo acordo se realizou oito anos depois, em 2005, entre Honduras- Estados Unidos, mas, os movimentos populares dos hondurenhos gritaram que “esse era o último golpe que se lhe dava à Constituição e portanto, era necessária uma nova Constituinte”. Por isso a promessa se converteu em realidade ao adotar o presidente Manuel Zelaya essa consigna e veio convocando os hondurenhos sobre a necessidade de continuar lutando até conseguir as mudanças constitucionais que permitam que o povo deixe de ser enganado com leis feitas pela classe dominante e para seu próprio benefício.

3. Honduras tem sido um país centro-americano dominado – durante os últimos 100 anos- por militares, por grandes investidores ianques e uma poderosa classe política e empresarial associada aos EUA. A pobreza dos seus aproximadamente oito milhões de habitantes é profunda, enquanto um punhado de privilegiados reúne todas as riquezas e a modernidade nas principais capitais daquele país. Apesar de ser um dos países mais extensos da região, de possuir uma enorme riqueza natural em suas montanhas, seus rios, sua produção agrária, Honduras não tem se sobressaído na região porque seus governos têm sido submissos às políticas ianques e seus empresários têm vivido acumulando riquezas sem investir.

4. As forças armadas hondurenhas têm intervindo muito em golpes de Estado. Nas últimas décadas os hondurenhos lembram. Em outubro de 1956 se registra um derrocamento por parte do exército. Em 1963, também em outubro, o exército derroca o presidente Villeda. Dois anos depois se promulga uma nova Constituição, mas, as confrontações de força não cessam. Em 1969 se registra uma “guerra não declarada” entre Honduras e El Salvador. Três anos depois outro golpe de Estado dirigido pelo general López Arellano, mas, em 1975 o próprio general é destituído pelas forças armadas. Em 1980 a mesma Junta Militar traspassa o governo à Assembléia Constituinte. Em definitivo, só em 1985 é eleito, segundo se publicou, o primeiro governo civil.

5. Nos últimos meses, com o novo governo de Manuel Zelaya, Honduras estreitou relações com o presidente venezuelano Hugo Chávez e passou a integrar a Aliança Bolivariana dos povos da Nossa América (Alba) deixando de lado o projeto ALCA que Bush e seus incondicionais quiseram impor na América. Por outro lado o presidente Zelaya, seguindo o exemplo da Venezuela, Bolívia e Equador, tem procurado a aprovação de uma nova Constituição mediante a instalação de uma Assembléia Nacional Constituinte que discutiria também o direito de reeleição presidencial. O presidente Zelaya tem conseguido um forte apoio dos setores explorados e oprimidos do povo, mas, por outro lado se lhe prepara um golpe de Estado.

6. A poderosa classe empresarial de Honduras parece mover-se da mesma maneira, com a mesma estratégia que o faz a Venezuelana, boliviana ou equatoriana. Com o aberto apoio dos meios de informação privados e internacionais – propriedade dos grandes capitalistas – impulsionam enormes contra Chávez, Evo, Correa e Fidel Castro, com a finalidade de desprestigiar o movimento dos povos e as lutas de libertação. Procuram mobilizar os setores privilegiados das cidades, os branquelos dos bairros residenciais e os empregados das empresas privadas para sair às ruas a manifestar-se contra o comunismo e em defesa da religião e as propriedades. O México também se anota na lista de manifestações “brancas”.

7. Hugo Chávez, quem nestes anos tem representado a oposição mais conseqüente frente às oligarquias e o imperialismo, expressou na quinta-feira 25 seu total apoio ao presidente Zelaya pelo fato de estar sendo objeto de uma tentativa de golpe de Estado da parte do Congresso Nacional, de membros das Forças Armadas e da Corte Suprema de Justiça do seu país. Da mesma forma enviou seu apoio ao povo hondurenho, aos movimentos sociais e populares de Honduras. Explicou que os poderes públicos e militar de Honduras se opuseram a uma consulta popular, avalizada pela assinatura de mias de 500 mil cidadãos hondurenhos, para a convocatória à instalação de uma Assembléia Nacional Constituinte, desconhecendo ao chefe de Estado desse país.

8.A Venezuela enviou nesta sexta-feira um comunicado aos diversos meios de informação de Honduras, onde define seu respaldo a todas as ações que realiza o presidente hondurenho. E à vez, um documento que diz: “Os países membros da Aliança Bolivariana dos povos da nossa América (Alba), manifestamos nosso firme respaldo ao governo do presidente Zelaya, em suas justas e decididas ações por defender o direito do povo hondurenho a expressar sua vontade soberana”. Esses documentos demonstram um amplo rechaço ao golpe de Estado que as poderosas classes empresariais e o governo norteamericano estão preparando. Por toda essa história cheia de intervenções militares os hondurenhos e líderes da América Latina estão atentos para evitar um novo golpe de Estado.

pedroe@cablered.net.mx

Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.