"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 21 de abril de 2009

Nova batalha ganha...

...por Cuba e o Bloco da ALBA

Por Carlos Aznárez

Sem dúvida alguma e, apesar dos pesares do Império e seu novo rosto representado pelo Barack Obama, a grande estrela da recente Cúpula das Américas foi a primeira revolução socialista do continente e seus companheiros que junto com ela integram a Alternativa Bolivariana para os Povos de América (ALBA).
Depois de 50 anos de batalha pela independência e a soberania de seu próprio país, Cuba obteve uma vitória grandiosa ao pôr contra as cordas, mais uma vez, o Imperialismo norte-americano e gerar o maior consenso de solidariedade favorável à sua posição relacionada com o levantamento total e para sempre, do bloqueio criminal que EUA e todos seus aliados ocidentais aplicam contra a Ilha desde há mais de quatro décadas.

Isso não é um milagre nem nenhuma casualidade, mas algo que tem a ver com a resistência conseqüente que Cuba sempre tem demonstrado nos duros momentos que tem vivido por culpa da política genocida das administrações que têm governado desde Washington. O povo cubano sabe muito bem o que significam esses últimos anos em relação com a dignidade e consciência para superar as carências impostas pelo bloqueio. É por isso que justamente agora, toda América Latina tem-se posto de pé para acompanhar Cuba em sua exigência. De nada valem os sinais hipócritas que podem se inferir do comportamento do presidente Obama se, desde logo, não vão acompanhados de fatos contundentes.

O outro vento fresco que invadiu a Cúpula por todos seus flancos, foi aquele dos países que integram a ALBA: pesaram com muita contundência, demonstrando que nesse aspecto sim, as coisas têm cambiado para melhor no continente.

Dentro desse marco, deve-se analisar se realmente, como nos quer fazer crer a avalancha da grande mídia, Obama representa um câmbio real ou trata-se de uma sutil e inteligente estratégia do império para passar da fracassada política do pau e o garrote para a do cacetete e a cenoura. EUA chegou à Cúpula das Américas sabendo que a “frente de rechaço” representado pelos países que integram a ALBA, não estavam dispostos a retroceder um milímetro em suas posições de crítica severa aos males impostos pelo capitalismo selvagem, nem tampouco a admitir que a política ingerencista norte-americana siga imaginando o continente como seu pátio traseiro.

De fato, já tinha-se dado a conhecer o primeiro grande choque quando se rechaçou enfaticamente o projeto de declaração da Cúpula, levando a que finalmente muitos países não o assinaram “por representar um aberto retrocesso” perante o ganhado na Cúpula de Mar do Prata, quando se enterrou a ALCA.

No mesmo momento em que Obama repartia sorrisos e multiplicava seus gestos simpáticos para os mandatários que o saudavam em Trinidad-Tobago, seus aviões de guerra seguiam bombardeando Paquistão (assassinando una dúzia de civis, entre eles vários meninos e meninas), e outros similares uniformizados massacravam civis no Iraque ocupado e resistente. Essa é a essência fundamental e dramática dos “câmbios” que representa Obama, mais lá de seus sorrisos mentirosos.

Mas, ainda, tem mais. Para o mandatário norte-americano, “o povo de Cuba não é livre”, “não há liberdade de opinião nem religião” e, também, “seus cárceres estão lotados de presos políticos”. Dessa simples e tergiversada maneira de entender a realidade, o “gringo bom” sugere que o bloqueio não se levantará e que só estaria disposto a discutir algumas concessões. Diz isso o mesmo chefe de Estado cujo governo tem violado a liberdade e a soberania de dezenas de países e cujos militares continuam aterrorizando a milhares de moradores no Médio Oriente. Afirma isso o maior aliado da política genocida sionista contra povo palestino, e o representante político das trasnacionais vorazes que mantém cativos a centenas de países do Terceiro Mundo, ou o corre-ve-i-dile dos fabricantes de armas que abastecem o arsenal bélico de polícias e exércitos do planeta.

De que câmbios fala mister Obama, quando suas receitas econômicas só buscam re-lançar experiências como a do FMI e o Banco Mundial, que tanta fome, miséria e dependência têm gerado com sua atuação. Ou por acaso, alguém tem escutado que abrirá los cárceres de seu país onde permanecem confinados dezenas de milhares de latinos, mulheres e homens afro-descendentes (como o próprio Obama). Ou que serão liberados e enviados de volta para Cuba os 5 heróis detidos por lutar contra o terrorismo. ¿E Mumia Abu-Jamal, e Leonard Peltier, e os revolucionários porto-riquenhos que há quase 40 anos estão se apodrecendo nas prisões dos EUA? ¿Haverá dito algo Obama da situação de ocupação ilegal que suportam Puerto Rico e Guantánamo? ¿Escutaram alguma palavra sobre a situação de manter dezenas de bases de ocupação e intervenção militar em todo o planeta, em aberta violação da soberania dos povos?
¿Câmbios de que? ¿De maquiagem? Porque sobre a espoliação, a ingerência e a ocupação ilegal de territórios, parece que pouco abordou-se.

De todas maneiras, se bem houve presidentes (e presidentas) que em Trinidad-Tobago conectaram plenamente com a Obamanía e terminaram jogando o triste papel de intermediários entre o Império e os países, com discurso mais radicalizado (por ter na sua frente governos revolucionários e não simplesmente “progressistas”), o certo é que o mandatário estadunidense teve que conformar-se com receber um trato educado e cordial, mas não logrou quebrar a disciplina que levou à reunião o Bloco ALBA. Escutou severas críticas ao imperialismo por parte do nicaragüense Daniel Ortega, ou o digno discurso do presidente Evo Morales quando explicou com luxo de detalhes a conivência entre o governo norte-americano e sua embaixada em La Paz e a oposição fascista que recentemente tentou assassinar-lo. E por si faltava algo, não pôde mais que sorrir com cara de despistado, quando Hugo Chávez lhe obsequiou, “para que se instrua sobre o Imperio”, o imprescindível livro de Eduardo Galeano, “As veias abertas de América Latina”.

Repetindo: os grandes vencedores dessa nova batalha foram aqueles que desde seus povos e governos, têm mantido em alta as bandeiras da resistência contra imperialismo e suas oligarquias locais, aqueles que encurralam com suas mobilizações e iniciativas de solidariedade entre nações, o capitalismo e seus lacaios. Essa atitude e não outra, é a que tem obrigado a EUA a ter que cambiar de estratégia e disfarçar o lobo de cordeiro para tentar reverter uma situação, que como bem disse o Comandante Fidel Castro em sua última visita a Argentina, “levará o Império a sua desaparição antes que termine este século”.

Quando desde os países da ALBA se aponta a que a única forma de sair da atual crise inter-capitalista é avançar rumo à construção do Socialismo, se está apresentando um caminho sem retorno, que a mediano prazo gerará -ninguém duvide- enfrentamentos de maior calado com a política imperial dos Obama ou de seus sucessores. Crer o contrário, e cair no jogo astuto de Obama e sua comparsa, pode resultar atraente para a camada de mandatários “progressistas”, que tanto o louvaram em Trinidad-Tobago, mas para aqueles que propõem um câmbio estrutural no continente, fica meridianamente claro que como dizia o Che, “no imperialismo não devemos ter nenhum poquinho de confiança”.

*Diretor de “Resumen Latinoamericano”