"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O paracio presidencial


ANNCOL.


Iván Márquez, Integrante do Secretariado das Farc


Nunca antes analista político havia conseguido estampar com tanta acuidade e capacidade de síntese, como Vladdo, a doente e silenciosa realidade de um país prisioneiro da tirania. Sua caricatura semanal do “Paracio Presidencial” estampou com espanto o rastro da infâmia e a criminalidade de um governo protegido até agora pelos falcões washingtonianos e a guarda presidencial da impunidade de fanáticos fascistas e instituições podres.

O título de “Paracio Presidencial” é uma genialidade do artista gráfico que de início mostra com acerto o governo do Presidente Álvaro Uribe. Fere a dignidade da Colômbia que os paramilitares tenham tomado o Palácio Presidencial. Uribe é a realização do sonho de Pablo Escobar, de chegar a Presidência da República. No fim das contas – como disse um destacado comandante das FARC – Uribe é simplesmente o filho de um testa-de-ferro do narcotráfico, um a mais.

Suas duas campanhas eleitorais foram empurradas pela motosserra e pelos dólares de sangue e cocaína dos capas narco-paramilitares que ocuparam o lugar dos cartéis de Cali e Medellín. Na parede da frente do rachado “Paracio” aparece a repugnante estampa da aliada “La Gata”, mafiosa paramilitar da Costa que também financiou sua campanha.

Deve flamular em algum lugar do apocalíptico “Paracio” a bandeira dos Estados Unidos que sustenta esse governo podre no meio da tempestade moral que reclama sua renúncia. Parece, no entanto que o F-16 e o helicóptero que sobrevoam o nublado céu, não só protegem a sede do governo, senão que representam também o Plano Colômbia e o Plano Patriota, estandartes da preocupante ingerência de Washington no conflito interno que sangra a Colômbia.

Nota-se a ausência da motosserra paramilitar, ainda que certamente esteja representada no crânio que remete a uma de suas torres. Esse símbolo da morte expressa em sua face oca a infâmia dos “falsos positivos” que tem feito chorar milhares de famílias pobres o maldoso assassinato de seus familiares. Os assassnaram e logo os disfarçaram de guerrilheiros para que a política de “segurança democrática” pudera cravar para o mundo seu ensangüentado grito de vitória. Ante ao silêncio das instâncias judiciais, como fica a responsabilidade penal de Uribe, do ministro Santos e dos Generais envolvidos? Nós colombianos não podemos permitir que a cortina de fumaça que se levanta densa desde as bases do “Paracio”, cubra com seu escuro manto de impunidade crimes contra a humanidade cometidos pelo Estado como os massacres de civis, os desaparecimentos forçados, as milhares de fossas comuns e o deslocamento camponês com despejo de terras.

Pendurada no terraço se vê a mão amputada do Comandante Iván Rios como símbolo macabro da degradação da guerra, prática inveterada do Estado e cruel expressão de sua barbárie.

Na outra torre, um cínico elefante que representa Uribe, muco no ar lança berros de perjúrio tentando fazer acreditar que todos esses crimes ocorreram pela suas costas. Nada teve que ver com o angelito no suborno que torceu o pescoço da Constituição para garantir sua reeleição imediata. Nada teve que ver na fraude eleitoral que a seu favor arranjaram o diretor do DAS e o cabeça paramilitar Jorge 40. Também não sabia do plano de magnicídio contra o Presidente Chávez. Foi nas suas costas também que o DAS passou aos paramilitares a lista de dirigentes sindicais e populares que deveriam assassinar. O inocente querubim também não tem culpa do protuberante ocorrido onde mais de 90% de sua bancada no Congresso havia sido vinculada ao processo da narco-para-política. Sem se importar nem um pouco com as interpretações da ética, sustenta no cargo seu Ministro do Interior e Justiça, que apesar de ter um irmão atrás das grades, que defendeu, sabendo que era um fiscal sem vergonha a serviço da máfia.

E lá em cima, no topo do “Paracio”, o Ministério de “Palmicultura” (não de Agricultura), célebre porque dalí o ministro do ramo conhecido como “Uribito”, negou terras aos camponeses deslocados alegando que esses precisavam de “músculo financeiro”, razão pela qual as outorgava aos senhores da agroindústria paramilitar. O leitor deve ter em conta que no seu projeto contra-insurgente, o senhor Uribe está entregando a seus sócios paramilitares – como estratégia de controle territorial – as terras tiradas dos camponeses para semear a palmeira africana.

Ao lado da “La Gata” podem ver os emblemas da Cruz Vermelha e da Telesur, utilizados como mentira na denominada “operação jaque”, cujo êxito se deveu fundamentalmente a ação de uns traidores. E um pouco mais acima, a púrpura do inferno, monsenhor Escrivá, fundados da Opus Dei, sombria seita que pertence o Presidente Uribe.

Ultimamente estão aparecendo, em primeiro plano, os filhos do Presidente montados sobre a permanente cortina de fumaça que encobre o governo, muito sorridentes com suas luciferinas asas escuras, enriquecendo com as operações financeiras da pirâmide DMG, a mesma que o governo agora acusa de instrumento para lavagem de ativos como pretexto para justificar o roubo da poupança de toda uma vida de milhares de colombianos. O raro é que enquanto os filhos do Presidente ficavam ricos, DMG foi uma empresa muito honrada.

E a face principal do imundo “Paracio”, debaixo do escudo da República, pode ler-se o distintivo “CASA DE NARI”, nome que deram ao Palácio de Narinho, os mafiosos da “Oficina de Envigado” de Medelín, que entrando pela porta de trás se reuniram com os representantes do Presidente para conspirar, na própria sede do governo nacional, contra a Corte Suprema de Justiça. Algum dia essa casa que ostenta o nome do precursor de nossa independência, Antonio Narinho, terá que voltar a ser a digna casa de onde governou Bolívar, o Presidente Libertador, e não uma corja de gigolôs.

Na estrema direita flamulam as bandeiras da mentira e da manipulação do editorial Planeta e o diário El Tiempo que representam a aliança do franquismo com a família Santos, encobridores dos mais abomináveis crimes de Estado que tem apertado a cabeça de um assassino com a falsa auréola de um messias. E em toda a cúpula de URIBITWO se pode apreciar a antena da RCN, que já não é Radio Cadena Nacional, senão Rádio Casa de Nari, que joga idêntico papel de cúmplice dos atropelos do poder contra um povo que não viverá eternamente nas trevas da opressão. Maldito e triste papel e de todos os aduladores do poder despótico.

Com toda certeza, a bandagem ou fita adesiva com que as FARC inauguram esse governo, acompanhará também a expulsão dos foragidos da Casa de Narinho quando a soberania do povo e a cólera dos de baixo, disserem basta na forma de uma alternativa política que restabeleça a dignidade da nação.

Essa outra caricatura de Vladimir Flórez (Vladdo) que aparece a nave aeroespacial de Uribe perseguindo entre asteróides as FARC sem perceber que atrás dele vai à poderosa nave da Corte Penal Internacional deve servir de reflexão a seus seguidores e substitutos. Não acreditamos que estão dispostos a acompanhá-lo ao banquinho dos acusados pela Corte Penal Internacional. Ainda estão a tempo de deixá-lo só. rumo a seu destino. E dizemos reiterando a todos, que por princípio e sentimentos de soberania não estamos de acordo, sob nenhuma circunstância, com tais tribunais nem com a extradição de nacionais.

Este Vladdo é excepcional. Nem se enruga nem se ajoelha diante da tirania do poder.

Montanhas da Colômbia, 15 de Janeiro de 2009

Enlace original