"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O M-19 em Cuba

por ABP Colômbia

Histórias que não devem ser esquecidas.

Muitos colombianos leram o livro La Paz en Colombia, escrito pelo Comandante Fidel Castro, que revela as medidas do governo cubano na busca por um caminho no qual os colombianos possam falar de Paz, objetivo que um dia, oxalá não muito distante, possamos alcançar.

Nessa empreitada o Comandante narra fatos que os guerrilheiros e demais protagonistas da vida política colombiana viveram; o livro é rico em situações narradas por Fidel e cada feito é amplamente documentado. A proximidade e o interesse do autor por nossa pátria começou com sua entrevista com Jorge Eliécer Gaitán, realizada em 8 de abril de 1948. O assassinato do caudilho liberal no dia seguinte marcaria profundamente o seu futuro político. O futuro Comandante foi contagiado pela rebeldia incontida do povo bogotano, que participa e tenta colocar ordem na revolta que em meio ao caos brotou em cada lugarejo de Bogotá e de toda a Colômbia.


Em outro texto Fidel relembra parte desses feitos, que permaneciam intactos na sua memória 60 anos depois de ocorridos:

“Mataram a Gaitán!, repetiam os gritos em um 9 de abril em Bogotá, para onde nós, um grupo de jovens cubanos, havíamos viajado para participar de um congresso latino-americano de estudantes. Enquanto isso o povo arrastava o assassino pelas ruas, uma multidão incendiava comércios, escritórios, cinemas e edifícios de inquilinato. Alguns arrastavam pianos e armários em padiolas improvisadas. Outros quebravam espelhos. Terceiros arremetiam enfurecidos contra postes e marquises. Os de longe vociferavam sua frustração e dor nas entradas das ruas, os terraços floridos e as paredes fumegantes. Um homem descarregava sua raiva dando golpes numa máquina de escrever, e, para poupar-lhe o esforço descomunal e insólito, joguei-a para o alto e ela espatifou-se em vários pedaços após cair contra o piso cimentado.”

(Confira o texto completo em: http://www.juventudrebelde.cu/2002/octubre_diciembre/en1319/lanovela.html)

Arturo Alape obteve um comovente testemunho pessoal do Comandante narrando minúcias das suas experiências no trágico 9 de abril. Elas foram transcritas em parte no livro El Bogotazo, Memorias del Olvido. Na apresentação do livro, em algum dia de 1984, alguém interrogou o autor sobre as conseqüências do Bogotazo para a América Latina e ele respondeu: “…Fidel Castro aprendeu nesse dia o que não era uma revolução”. Essas experiências e essa aprendizagem que nos deu Arturo Alape criaram em Fidel esse seu sentimento de compromisso com nosso pais para buscar uma saída ao conflito armado que é inclusive anterior à Revolução Cubana, o que a obra, claro, reconhece.

Mas acho que ao livro La Paz en Colombia faltam algumas páginas, um capítulo doloroso para Cuba, para a Colômbia e para a América Latina. Um capítulo que conheci na condição de militante do movimento guerrilheiro 19 de Abril.

O Capítulo XI, intitulado COMO SE SALVARAM MUITAS VIDAS, INCLUSIVE A DO EMBAIXADOR DOS ESTADOS UNIDOS, narra como se deu a mediação do governo cubano entre o comando do M-19, que tomou a Embaixada da República Dominicana, e o governo de Turbay Ayala. A mediação pôs fim, em abril de 1980, a 59 dias de ocupação da sede diplomática ao transladar a Havana, em um avião da Companhia Cubana de Aviação, o corpo diplomático feito prisioneiro e o comando guerrilheiro.


O livro não traz mas referências ao M-19, apesar da vida muito ativa desta organização guerrilheira em Cuba após o desenlace com os reféns. Jaime Bateman, comandante do movimento, e Antonio Navarro, tiveram vários encontros com o Comandante Fidel que não são mencionados na obra. Essa relação que teve suas origens após a Ocupação da Embaixada gerou conseqüências diplomáticas para Cuba, devidas, em parte, à irresponsabilidade do M-19 e de outras atividades desprezíveis que puseram em perigo a base de honestidade sobre a qual foi erguida a Revolução e que particularmente, acho, fizeram com que o autor do livro não tornasse público esses detalhes dolorosos.



O M-19 ganhou um milhão de dólares por libertar os reféns que manteve na Embaixada da República Dominicana, dinheiro que usou para comprar armas na Alemanha. Parte desse arsenal entrou nas selvas da Colômbia por via aérea e outra parte se perdeu no navio Karina, nas águas do Oceano Pacífico, quando a embarcação foi detectada por navios da Armada da Colômbia. Parte dos integrantes do comando da Embaixada se transladaram ao Panamá e dali com outro grande número de militantes do M-19 viajaram em navio até a desembocadura do rio Mira, perto da fronteira colombo-equatoriana. A imprensa colombiana afirmou que eles vinham de Cuba, declaração que o governo da Colômbia usou como desculpa para romper as relações diplomáticas com Havana.


Apesar desse incidente, Cuba deu atenção médica e hospitalar a Antonio Navarro e Carlos Alonso Lucio depois do atentado sofrido na cidade de Cali. Outros militantes encontraram refúgio para suas famílias, participaram de eventos de importância para o Continente que se desenvolveram na época na ilha caribenha; o governo cubano fez além disso enormes esforços diplomáticos no sentido de buscar uma saída de emergência para evitar a carnificina do Palácio da Justiça, em novembro de 1985.


À generosidade cubana respondeu-se com traição. Um pequeno grupo da Direção do M-19 estabeleceu contato com altos comandos militares cubanos, como o general Arnaldo Ochoa e o coronel Tony de la Guardia, na tentativa envolvê-los com o tráfico de drogas, facilitando os contatos que o M-19 tinha com o Cartel de Medellín. É preciso lembrar que depois do seqüestro de Marta Nieves Ochoa o M-19 fez um pacto de não-agressão com este Cartel em reunião realizada no Panamá entre Jaime Bateman e Pablo Escobar. Foi amor a primeira vista, alguém comentou. Em poucos meses, integrantes do M-19 estiveram a ponto de fazer cambalear um governo honesto, êxito que a CIA não tinha alcançado em mais de 30 anos; os generais cubanos foram condenados em um julgamento que se transmitiu ao mundo em 1989. Entre os comandantes do M-19 comprometidos nessas vergonhosas atividades estão os irmãos Antonio e Jaime Navarro Wolf, Carlos Alonso Lucio, Ramiro Lucio Escobar, Heber Bustamante e outros. O M-19 nunca esclareceu esses fatos nem sancionou as ordens dadas nesses horríveis acontecimentos.

Esses quadros do M-19 pareciam mais funcionários do escritório dos EUA em Havana que líderes guerrilheiros. Diziam que uma parte dos cubanos vivia no Socialismo Científico e outra no Socialismo Real, que as pessoas deviam escolher o que queria comer e não só aceitar o que tinha que comer… Claro que não falavam na devastação que sofrem a cada ano, na época dos furacões, ou do bloqueio norte-americano, e também não olharam o que a Revolução alcançou em saúde, educação, defesa civil… em solidariedade internacional…

Como é conhecido por todos, Cuba, apesar das tentativas de desestabilização, segue a cada dia mais firme nos 50 anos recém-completos, o que não se sucedeu ao M-19. Claro, o Tempo trouxe de volta os velhos comandantes, agora antichavistas. Vejamos o que diz Petro:


“Chávez equivocou-se. O processo político que vive a Venezuela perdeu seu pluralismo. Os grupos que ficaram no governo podem gozar do poder de bilhões de dólares, amparados em discursos cada vez mais radicais, que também servem para eliminar as oposições. Por isso há um paradoxo entre radicalismo e corrupção. E essa aliança entre radicalismo e corrupção pode provocar graves danos em Chávez como líder da Venezuela. De outra parte isso trouxe, para o caso do intercâmbio humanitário, decisões profundamente erradas. Ele deveria ter feito um esforço para conectar-se mais com a realidade colombiana. Chávez deixou isolar-se com uma aliança radical corrupta lá e com as Farc aqui, cometendo assim um erro enorme: tentar uma negociação sem Uribe, libertando seqüestrados.


Por isso também era previsível o que faria Uribe, uma vez fora do jogo. É o que fazem os maus jogadores de xadrez fazem quando sentem que vem um xeque-mate: derrubar a mesa e todas as fichas. Isso foi o que ele fez no Equador, com imprevisíveis conseqüências.” (declarações tomadas da entrevista concedida à jornalista Margarita Vidal no Pais de Cali).


Quem afirma isso é que quem transportou as armas de Zipaquirá a Bogotá para a ocupação da Embaixada Dominicana e que, depois que subtrai-las do Cantón Norte tinha escondido e abandonado Hebert Bustamente. Os dois negam ter participado de ações armadas e condenam os movimentos guerrilheiros; o primeiro agora tenta ser o candidato uribista (o senador Gustavo Petro, do Polo Democrático, propõe uma grande convergência de partidos na qual poderiam estar os uribistas). Já o segundo é alto funcionário do governo Uribe.

A trajetória criminosa do M-19 em Cuba também tornou-se conhecida na Nicarágua, El Salvador, Mexico, e, claro, na Colômbia…

(http://www.abpnoticias.com/index.php?option=com_content&task=view&id=1376&Itemid=1 )


A entrega de armas do M-19 tornou-se uma camisa-de-força para outros movimentos da América Latina, e, na Colômbia, negociou-se a Espada de Bolívar em troca de um ministério para Navarro. Navarro era responsável pelo financiamento do M-19 e por ações conjuntas com as máfias do narcotráfico, a inclusão de paramilitares na lista de AD M-19 para a Assembléia Constituinte de 1991. O conservador e segundo na lista para o senado pela Aliança Democrática M-19 era Carlos Albornoz. Hoje processado por corrupção, este entregou propriedades como o Diario El Deportivo de Comisadas, além da direção de Entorpecentes, a outros mafiosos.



Os comandantes do M-19 fizeram um pacto de silêncio com os militares sobre o massacre do Palácio da Justiça e sobre o assassinato de Carlos Pizarro, guardaram silêncio também acerca do massacre da UP. No financiamento da campanha de Navarro por parte do narcotraficante Grajales, o M-19 atuou ao lado da variante paramilitar conhecida como Frente Ricardo Franco; privatizaram empresas municipais nas cidades onde elegeram prefeitos e delataram militantes do Jega ao DAS.

O dinheiro que os Michelsen pagaram pela liberação de Camila ficou nas mãos de Navarro, de Otty, de Petro… Agora no governo de Nariño os paramilitares do sul têm entrada livre e participação no gabinete desse governo. María Emma Mejía… que na Comissão de Relações manifestou-se contra o presidente Chávez e em defesa a Uribe, faz parte da cota de Petro…


Eles tomaram o Palácio da Justiça para acabar com a extradição e guardaram silêncio perante as extradições de Simón Trinidad e Sonia.

Além da longa lista existe a tarefa de Petro & Garzones para sabotar a unidade do Polo Democrático Alternativo, tratando de impor candidatos com posturas de Direita ou com atitudes favoráveis para propiciar uma nova candidatura de Uribe.