"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Não perder as peras da pereira

Nas decisões de Obama e de sua equipe vão ter muito peso as influências do poderoso lobby da construção, assim como os representantes das companhias farmacêuticas e do clã sinistro dos seguros privados de saúde.

Alberto Pinzón Sánchez

Os intoxicadores da opinião global (spinn doctors) a serviço do Império, tão eficientes, expelem aos borbotões as suas primeiras “análises” sobre o significado da era Obama em seus incontáveis meios de comunicação estrategicamente localizados em redor do mundo. Imediatamente, como por encanto, as pequenas caixas de ressonância, filiais ou colonizadas, reproduzem os mesmos argumentos com algumas pequenas variações. As ladainhas são repetidas mil vezes até que sejam convertidas em “realidades sustentáveis”.

A velha discrepância entre a classe dominante dos EUA, representada tradicionalmente – cúmulo da bobagem – como reles intermitência entre falcões e pombas, ou melhor, entre águias e corvos, diferentes, mas iguais em sua condição de predadores, substituiu no contexto atual o problema de fundo: A essência da “era” que se abre nesse momento foi anunciada estridentemente não há muito a Bill Clinton: “É a economia, estúpido!”, e acrescento que não de qualquer economia, mas a Imperialista; das características fundamentais desentranhadas por Lênin há quase um século um delas é a guerra de rapina.

O quadro atual, sobre o qual é preciso pensar com realismo, é como o estrondoso naufrágio de um poderosíssimo navio de guerra, semelhante ao famoso cruzeiro Bismarck, símbolo da máquina militarista de Hitler, capitaneado durante uma boa temporada pelo temível “Ruinator”, nome que a revista alemã Der Spiegel deu àquele vaqueiro texano de lábios ressecados, fraudulentamente alçado ao cargo de motorista de um Império; ao lado do navio bóia sobre as águas um pequeno salva-vidas, balançado pelas ondas. Vai ali o presidente Obama com a sua tripulação, tratando com bastante esforço, da forma como pode, chegar a um porto seguro, conjurando para isso a esperança do mundo inteiro que se aferrou a ele.

Em seu discurso de posse, tão disputado e observado com ansiedade extrema pela aldeia global, incluída as de seus antepassados, o presidente Obama satisfez algumas expectativas - por enquanto. A preocupação agora é o nosso futuro, sem ódios, com esperança, e não foi o medo que produziu o profundo e longo ódio para “Nós”, semeado durante anos por bombas de fósforo branco ao longo do Mundo, justificadas pelo incompetente e ultra reacionário discurso de “choque de civilizações” do recentemente falecido professor Samuel Hougtinton, o qual orientou durante décadas a política predadora do Imperialismo, e impôs ao mundo de maneira ilegal e ilegítima (com sangue, vide Guantánamo e Abu Grahib) com a desculpa fantasiosa levar-lhes os valores de “nossa Democracia Ocidental e Cristã”. Isso, não se pode negar, é reconhecidamente um argumento de largo alcance civilizatório.

Retiraremos-nos o mais em breve possível das guerras (que nos arruinaram e não ganhamos) tal como avisou em Saigón, em 1973, o também professor Henry Kissinger: “Não devemos apressar guerras das quais não possamos nos retirar facilmente”.

É um posicionamento, vale destacar, realista e até positivo. Significa que nós exibiremos “nossos músculos” disuasores de Robocop ferido aos incorrigíveis Irã, Coréia do Norte e outros vilões teimosos que rejeitam a nossa mão estendida.
Mas, que fique claro, “não nos desculparemos pelo nosso estilo de vida”, aquele que conquistou o distante Oeste exterminando 22 milhões de indígenas “pele-vermelhas” (não negras), 70 milhões de búfalos e outros animais de pele preciosa e transformou a pradaria americana em um “ecocidio etnocida” de cimento e campos de milho. O mesmo que se apoderou, comprou ou invadiu territórios alheios, fossem vizinhos ou distantes, (devo enumerá-los?), expulsou e matou com ódio os seus nativos (incluído o idílico Havaí dos meus antepassados), e que com a exploração violenta de milhões de escravos negros desarraigados massivamente e transplantados para a América; tudo isso fez possível que os EUA chegassem a ser a potência Imperial que hoje lambe as feridas da sua própria barbárie, sem que reconheça as suas origens das mesmas na sua realpolitik.

Agora, para enfrentar a espantosa crise econômica global e sistêmica que corrói e destroça a humanidade, há um pacote em massa de estímulos fiscais que permitirão uma sobrevida sem necessidade de fazer ou adiantar as reformas profundas e estruturais da Economia Global.

Porém, é precisamente por isto que, como diziam os antigos castelhanos, não se deve pedir peras ao Olmo. O presidente Obama, por melhores e honestas que sejam as suas intenções, está circunscrito e fechado numa realidade maior: as poderosas e incontroláveis forças da economia mundial, que não são nenhum Mefistófeles para que se possam conjurar e vê-las voltar inofensivas com um simples pacto de boa vontade.

No entanto, é indubitável que um novo ambiente de esperanças invade a humanidade doente e desempregada. Até onde chegará o presidente Obama em seus desígnios? Quanto tempo vai ter que esperar? Por ora, e para confirmar as suas palavras com ações, que é como se deve medir os homens, o presidente Obama ordenou o fechamento do centro de torturas oficiais norte-americanas em Guantánamo, e, por assim dizer, este sucessor de J. F. Kennedy, temendo algum complô (nunca se sabe) voltou a jurar a sua posse presidencial.

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