"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Vitória operária em Chicago!

por Lee Sustar
Socialistworker.org

A história da grande vitória operária em uma ocupação fabril que dominou os titulares através do país e inspirou a sindicalistas e ativistas de base de todo o mundo.

Dezembro de 2008

Com um voto unânime, e depois que o Bank of America e outros se comprometeram a financiar o pagamento de cerca de $2 milhões em indenizações, férias remuneradas e seguros de saúde, os operários da usina de Republic Windows and Doors, em Chicago, puseram fim à sua ocupação fabril, que durou seis dias a partir do dia 5 de dezembro.
“Todo mundo está se sentindo fantasticamente bem”, disse um cansado porém exuberante Armando Robles, presidente do Local 1110 de United Electrical, Radio and Machine Workers (EU).

Melvin Maclin, vice-presidente do local, esteve de acordo. “Me sinto validado enquanto um ser humano. Estamos todos cheios de orgulho. Isto é importante porque mostra aos trabalhadores de todo o mundo que temos voz, inclusive nesta economia, porque nós somos a coluna vertebral desse país. Não é o chefe do executivo, mas os operários.”

Fazendo alusão ao logotipo da companhia, Melvin continuou, “Está vendo este letreiro lá em cima? Sem nós, diriam apenas ‘Republic’, porque nós que fazemos as janelas e portas. Isto demonstra que se pode lutar – que temos que lutar”.

O acordo foi uma ressonante vitória para os membros do sindicato, que tiveram notícia de que a fábrica fecharia em menos de três dias – e que, diferente do que diz a lei federal, não receberiam indenização alguma.

Portanto, para colocar pressão sobre a empresa e conseguir o que lhes era devido, os trabalhadores votaram a favor de permanecer na usina depois que esta parasse a produção em 5 de dezembro.

Com a decisão de ocupar sua fábrica – uma tática utilizada pelo movimento operário na década de 1930, mas praticamente desconhecido nesse país desde então – os trabalhadores de Republic desencadearam um movimento de solidariedade que lhes ajudou a obrigar um dos maiores bancos do país a pagar dois meses de salários e o seguro de saúde, apesar do banco não ter nenhuma obrigação em fazê-lo.

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O que começou como um ato isolado de uns 250 trabalhadores, converteu-se rapidamente em um símbolo nacional de resistência operária em uma economia em crise. Centenas e centenas de sindicalistas de base e seus funcionários – não apenas de Chicago, mas de todo o Meio-Oeste – chegaram à fábrica Republic para prestar sua solidariedade e levar doações de alimentos e fundos de urgência.

Ainda assim, o apoio à luta em Republic foi mais além das fileiras do movimento operário organizado. A luta cristalizou a massiva ira pelos $ 700 bilhões de resgate econômico para Wall Street. Apesar do Bank of America – principal credor de Republic – ter recebido até $25 bilhões dos contribuintes, o banco se negou a financiar os 60 dias de salário devidos aos trabalhadores em virtude da Lei WARN (suas siglas em inglês, que também significa “aviso”), a que obriga a gerência a avisar com dois meses de antecipação ou pagar dois meses de salário.
Políticos democratas, desde o Presidente eleito Barack Obama, até os vereadores de Chicago, sentiram-se obrigados a declarar seu apoio a esta luta.

A cobertura da imprensa viu-se afetada também. Por fim, os meios de comunicação não apenas puseram em destaque uma luta trabalhista, mas também usaram seus recursos para investigar a um empregador. O Chicago Tribune informou que o principal dono de Republic, Rich Gillman, esteve envolvido na compra de uma fábrica de janelas, não sindicalizada em Iowa, onde planeja mover suas operações. Os jornalistas também descobriram provas de que o Bank of America negou-se reiteradas petições para extender o crédito a Republic, apesar de sua infusão de dinheiro do resgate econômico.

Assim, quando a UE decidiu fazer do Bank of America o objetivo de uma manifestação no dia 10 de dezembro, cerca de 1000 pessoas chegaram com pouco tempo de aviso.

“Já que estamos logo abaixo do distrito financeiro, façamos um pouco de matemática”, disse o reverendo Gregory Livingston, da organização Rainbow / Push, “Bank of America recebeu $25 bilhões de dólares, o Citibank outros $25 bilhões. Quanto receberam os trabalhadores? Zero.”
“Por isso estamos aqui, no distrito financeiro. Este é o lugar onde está o dinheiro. As pessoas trabalham e adivinhem de quem é o dinheiro nestes bancos. Adivinhem que dinheiro está no mercado. Adivinhem qual dinheiro está nos bolsos deles. É o nosso dinheiro.”

Mas o que é notório acerca desta ação não é a ira contra os bancos, mas uma tangível amostra do poder operário. Membros de uma dezena de diferentes sindicatos estiveram lá, assim como grupos de estudantes, socialistas e grupos comunitários, todos eles inspirados pela luta dos trabalhadores de Republic.

Larry Spivack, diretor regional do Conselho 31 da AFSCME (sindicato de trabalhadores do estado, dos condados e das vizinhanças), resumiu o estado de ânimo em seu discurso: “olhe ao seu redor”, disse à multidão, identificando as principais instituições financeiras no lugar. “Quem criou toda esta riqueza?” perguntou. A resposta unânime da multidão foi: “Nós!”. “Quem tem o poder?”, “Nós!”

Spivack continuou: “Este é um começo, como quando a luta de Haymarket aconteceu em 1886, “uma referência aos mártires de Chicago da luta pela jornada de oito horas de trabalho, concluindo com o grito: “Poder aos trabalhadores!”.

Algumas horas mais tarde, de volta à usina de Republic, depois dos trabalhadores terem ouvido os termos do acordo e haviam votado, Bob Kingsley, o diretor nacional de organização da UE, destacou um ponto similar em sua avaliação da vitória:

“A importância desta luta para o movimento operário é que em um momento em que milhões de operários americanos enfrentam uma crescente incerteza econômica, com mais e mais casos de injustiça, é necessário ser um claro símbolo da resistência.

“Os trabalhadores da Republic são a cara dessa resistência. Eles personificam o desafio que a classe trabalhadora enfrenta hoje na economia, mas também simbolizam a esperança de que se nós, como trabalhadores, permanecermos unidos, se lutarmos juntos, e se estivermos dispostos a romper os limites, podemos conseguir coisas incríveis. Sua vitória chega em um momento em que o movimento operário a necessita.