"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 2 de setembro de 2008

O que propõem as FARC?


A necessidade de discutir e dialogar sobre a “Plataforma Bolivariana” para avançar por uma solução política para o conflito social e armado que vive a Colômbia, conflito imposto por uma oligarquia narcotraficante-paramilitar e pelo império.

Por Allende La Paz, ANNCOL



O Secretariado Nacional das FARC incluiu no seu último comunicado publicado pela ANNCOL, além da reiteração de sua proposta de Intercâmbio Humanitário, “a discussão em torno da nossa Plataforma Bolivariana com a convicção profunda de que a Colômbia será capaz de alcançar a meta de um novo governo de unidade, que alcance a paz democrática e o resgate de uma nova soberania nacional”.


Evidentemente, sobre o Intercâmbio Humanitário quase tudo já foi dito. A novidade é a publicação da lista de prisioneiros em poder das FARC. Não achamos que o regime narcotraficante-paramilitar de Uribhitler mude da noite para o dia os seus “inamovíveis” e tudo parecesse indicar que as primeiras movimentações do Intercâmbio Humanitário começarão de fato a partir de 8 de agosto de 2010, sem que isso signifique que os setores favoráveis ao Intercâmbio Humanitário devam aquietar-se. Pelo contrário, é preciso que esses momentos redobrem seus esforços para ir sensibilizando todos os democratas do mundo para a realização de tão louvável objetivo.


Entretanto, chama a atenção - de setores revolucionários e democráticos, não dos oligárquicos e imperiais - que as FARC reivindiquem a discussão da “Plataforma Bolivariana” com todos os setores interessados numa saída política do conflito interno, social e armado que vive a Colômbia por conta de uma máfia-oligárquica embutida em inquilinato na Casa de Nariño. Plataforma que não pode ser tomada como algo acabado e “inamovível”, mas, como diz o comandante-em-chefe das FARC, Alfonso Cano, “A idéia de nossa proposta para tirar o país da crise não é envolver a Colômbia em um debate sobre “modelos de desenvolvimento”. Nada disso. Nem mesmo “marcar posições”, porque não pretendemos ser os donos da verdade absoluta. Queremos congregar idéias, fazer convergir à maior quantidade possível de colombianos as alternativas possíveis de mudanças, que possam chegar ao fundo da problemática nacional levando em conta as particularidades do país, da sua história e sua idiossincrasia". [1]


Trata-se precisamente de começar a construir as pontes imprescindíveis para, mediante o diálogo civilizado, superar a noite escura em que mergulhou o país pela oligarquia narcotraficante-paramilitar e o império.


Por isso, nada é melhor que tornar visíveis esses pontos para ir avançando na discussão – enquanto não se iniciam os diálogos propriamente ditos - dos pontos contidos na “Plataforma Bolivariana”. Resta dizer que da discussão - e do diálogo - se enriquecerão esses 10 pontos. Queremos enumerar alguns para que todos possamos ter uma ferramenta para a discussão e o diálogo que se aproximam. É isso o que dizem as FARC em sua “Plataforma Bolivariana”:


“A Plataforma de 10 Pontos para Um Novo Governo, que leva em conta o momento do desenvolvimento sócio-econômico do país, sua situação política, e, certamente, a realidade internacional, propõe integralmente uma saída à crise sob os seguintes critérios:

. A profunda crise nacional deve solucionar-se pela via política.

. A oligarquia colombiana demonstrou que é incapaz de dirigir o país para o progresso material com justiça social, de elevar a moral pública e, menos ainda, de defender a soberania nacional. Portanto deve dar a vez aos setores populares para que governem e administrem a nação.

. A chamada Polícia (Forças Militares e de Polícia), assim como todas as forças que com armas defendem as instituições oficiais, foram condicionadas para proteger os mais ricos e reprimir os mais necessitados. Assim, devem dissolver-se para permitir a criação de uma Força Armada Democrática de aspecto BOLIVARIANO.

. A vida política colombiana deve sustentar-se na condução e fiscalização da coisa pública pela maioria.

. A política econômica deve priorizar o SETOR PRODUTIVO, combater a especulação e a usura e ter como prioridade o abastecimento DO MERCADO INTERNO. Suas principais seções devem ser PÚBLICAS e portanto deve terminar-se a safadeza da PRIVATIZAÇÃO.

. A terra deve ser de quem nela trabalha.

. Sendo o colombiano o principal patrimônio nacional ele deve ter trabalho, comida, bom salário, boa moradia, bom serviço médico, água potável, boa e adequada educação, facilidade no acesso à pesquisa científica e cuidados com o meio ambiente que hoje está sendo destruído.

. O narcotráfico é um câncer político, social e psicológico que não é possível erradicar com medidas paliativas.

. Essa proposta é anti-neoliberal porque não fazemos culto ao livre mercado.”

O comandante-em-Chefe das FARC avisa sabiamente: “Queremos continuar raciocinando claramente com todo o país sobre a Plataforma” e nos democratas verdadeiros e nos revolucionários colombianos e estrangeiros haverá a repercussão adequada para o avanço da luta pela paz na Colômbia. Porque “o futuro da Colômbia não pode ser a guerra civil”.

NOTAS

[1] A propósito de la Plataforma de los10 puntos... o que é. Cano Alfonso. 12.26.2007 http://mbolivariano.blogspot.com/2007/12/proposito-de-la-plataforma-de-los-10.html