"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


domingo, 29 de julho de 2007

Farc:”Colômbia não é a embaixada do Japão no Peru”

Em alusão ao falido plano de Uribe de resgatar os deputados do Valle del Cauca. A trama das razões de Estado de Uribe para a prisão de Rodrigo Granda e as declarações do G8 na Alemanha. A decomposição de sua classe governante encabeçada pelo presidente Uribe e seus mais imediatos colaboradores, os Santos. Convidam as Farc, os colombianos e a comunidade internacional a “lutar pelo intercâmbio humanitário e a saída política para o conflito social, político e armado que vive a Colômbia há mais de 50 anos”, nas declarações de sua Comissão Internacional ao Foro de São Paulo.


Manuel Marulanda, comandante-em-chefe das Farc!


[ANNCOL]


Para conhecimento de todos nossos leitores, a carta em sua totalidade.

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Companheiros da Mesa Diretora do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo.
Companheiras e companheiros:


Nos reunimos em um momento muito importante para o avanço político e social do nosso Continente. Os triunfos da Nicarágua e Equador nos mostram a decisão tomada pelos povos, de não permitir às classes dominantes e minoritárias que sigam governando nossos países, atropelando aos mais débeis, entregando nossas riquezas à empresas multinacionais e pisoteando nossa soberania.


A consolidação das revoluções cubana, venezuelana e boliviana nos asseguram que o futuro da América Latina e o Caribe se encaminha pelas mudanças em benefício dos povos.


Nossa querida Colômbia esta doente, os governos das últimas décadas, tem destruído tudo o que uma democracia burguesa pode mostrar ao mundo, as instituições estão em crise, o executivo é sindicato de paramilitares e narcotráfico, o presidente Uribe figura no posto 82º na lista de Bush pai de 1991, o vice presidente Francisco Santos tem sido acusado pelos “capos” do narcotráfico de pedir esquadrões da morte para Bogotá. O ministro da defesa, Juan Manuel Santos tem sido acusado de contatos com os chefes paramilitares para cometer crimes e dar um golpe de Estado em seu cúmplice Ernesto Samper Pisano. Governadores, Prefeitos e Inspetores estão sendo chamados ao júri e têm sido condenados pelos delitos que cometeram contra a população.


No legislativo a situação é idêntica, 18 congressistas já estão presos, entre Senadores e Representantes da câmara, Deputados estaduais e Conselheiros municipais estão sendo julgados por narcotráfico, paramilitarismo e múltiplos homicídios.


As Forças Armadas se encontram em sua maior crise da história, foram destituídos mais de 30 generais e centenas de oficiais e sub-oficiais comprometidos com o narcotráfico e a guerra suja contra o povo; são comuns as operações “positivas”, que matam qualquer pessoa, a colocam em um uniforme, lhe dão um fuzil e a fazem aparecer como guerrilheiro; em vários quartéis foi denunciado a tortura que oficiais e sub-oficiais infligem à cidadãos e soldados.


Altos oficiais da polícia estão comprometidos na devolução de carregamentos de coca apreendidos dos narcotraficantes; grampearam os telefones dos dirigentes políticos, sindicais, jornalistas, artistas e altos funcionários do governo como o Comissionado da Paz e funcionários da OEA. Ao não poder ocultar tanta corrupção foram destituídos 12 generais em um só dia.


O chefe do (DAS) Polícia Política, Jorge Noguera, está acusado de ser uma ficha de Jorge 40, reconhecido chefe paramilitar e narcotraficante da Costa Atlântica. Hoje se encontra detido em regime fechado sem o direito de ir para casa.


A Procuradoria foi penetrada pelo paramilitarismo e o ex-procurador geral da Nação, Camilo Osorio é investigado pela relação com tal organização criminal. Muitas das investigações que foram realizadas nesse órgão eram dirigidas por um mandante. As cortes se enfrentam entre si, a Corte Constitucional contra a Corte Suprema de Justiça e estas duas contra o Conselho de Estado.


Os partidos políticos Liberal e Conservador, que governaram o país alternadamente nos últimos 180 anos, se encontram falidos e não é para menos, pois são responsáveis pela crise social, econômica e política pela qual estamos atravessando.


O movimento sindical segue sendo duramente golpeado. Nos 5 anos de mandato de Álvaro Uribe Vélez, foram assassinados 540 dirigentes sindicais, uma média de 108 mortes por ano, enquanto Uribe mente ao mundo dizendo ter abaixado a morte de sindicalistas em seu governo. O massacre não se limita aos dirigentes, também as organizações sindicais foram desaparecendo de forma contínua, o que faz diminuir o número de afiliados aos sindicatos; no ano de 1990, a porcentagem de afiliados era de 14% e hoje é de 4,5% segundo a estatística da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT). Têm motivado essa queda o assassinato de sindicalistas, a privatização de dezenas de empresas do Estado e a “reengenharia” das privadas.


Tal qual aconteceu com o movimento estudantil, cooperativo, comunal e indígena, seus dirigentes foram assassinados, desaparecidos ou desterrados pelos agentes do terrorismo de Estado.


Os planos Colômbia, Patriota, Victória e outros foram um fracasso dos senhores George Bush e Álvaro Uribe Vélez. Várias vezes foi tentado o resgate pela via militar aos prisioneiros de guerra e em todas fracassou, a última tentativa foi no dia 18 de junho de 2007, tendo como resultado a morte dos 11 deputados que se encontravam em poder das FARC há 5 anos. A quem serve essa ação estúpida? À guerrilha, que cuidava há 5 anos da vida deles para um intercâmbio humanitário! Ou ao governo, que desde o primeiro momento ordenou o resgate pela via militar sem se importar com a vida dos prisioneiros.


Lembremos agora como foram as ações: em finais de maio o presidente disse aos meios de comunicação que colocaria em liberdade mais de 300 guerrilheiros das FARC. O Presidente da França, Nicolas Sarkozy falou por telefone com o presidente Uribe e lhe pediu a libertação de Rodrigo Granda Escobar, aparentemente sem muita resistência Uribe aceitou, anunciando ao país que obedecia razões de Estado. Ninguém entendeu o que estava acontecendo e qual era a razão de Estado para que com uma simples chamada se aceitasse libertar um dos guerrilheiros que a qualquer momento e devido à política seguida pelo presidente Uribe poderia ser extraditado aos EUA ou ao Paraguai. O processo seguiu, Rodrigo Granda foi libertado no dia 4 de junho de 2007, e levado à Havana no dia 19 de junho sem nenhuma “condição”.


Para aumentar o mistério o Grupo dos 8 que se reuniu em Heiligendamm, Alemanha, respaldou a ação de Álvaro Uribe Vélez, e de quebra reconheceu que na Colômbia existe um conflito quando pontualizou; “os chefes de Estado e de governo do G-8 formulam o desejo por uma solução humanitária que poderia abrir o caminho para retomar um processo de paz em benefício de todo o povo colombiano”.


Nada ficava claro, que mudança havia ocorrido na política de Bush para assinar um documento apoiando a liberdade de um membro de uma organização homologada como terrorista?


O seguinte trecho do comunicado do Comando Conjunto do Ocidente esclarece a situação.


“O Comando Conjunto do Ocidente das FARC informa que no dia 18 do presente mês, 11 deputados da Assembléia do Valle que detivemos em abril de 2002, morreram em meio ao fogo cruzado quando um grupo militar sem identificação até o momento, atacou o acampamento onde se encontravam”


O G-8 havia julgado o destino das FARC na reunião, de uma parte se mostrava a magnanimidade do presidente Uribe e ao mesmo tempo demonstrava a capacidade militar para derrotar definitivamente a guerrilha. O mundo o apoiava, os do G-8, o Papa, a ONU, a OEA, a social-democracia, os esquerdistas vergonhosos, alguns revolucionários guardariam silêncio e diriam passivamente: pobrezinhos! Não tem alternativa! Às FARC, derrotadas e humilhadas, não resta nenhuma opção senão a de sentar-se e negociar sua capitulação.


Mas acontece que a Colômbia não é Uganda, não é a Embaixada do Japão no Peru... e o plano fracassou.


Agora tratam de converter sua derrota em vitória. Os meios de comunicação em poder dos grupos econômicos, os colunistas pagos, os jornalistas sensacionalistas, os intelectuais “independentes” todos uniformemente condenam as FARC pelo “massacre”.


Senhores, os convidamos à reflexão: que foi o responsável pela morte de 300 mil colombianos de 1948 a 1953? Quem foi o responsável pelo massacre contra a União Patriótica de 1986 até os nossos dias? Quem é o responsável pelo massacre de mais de 2.500 dirigentes sindicais em 10 anos? Entre eles 540 no mandato de Álvaro Uribe Vélez. Quem é o responsável pelas expulsões de mais de 3.5 milhões de colombianos, de suas veredas, seus municípios, seus estados e seu próprio país?


Quem organizou os grupos paramilitares desde 1948 até nossos dias.


Lamentamos a morte dos 11 deputados, levamos mais uma vez as condolências aos familiares e amigos das vítimas.


Condenamos as operações encobertas dirigidas por oficiais da CIA que se encontram dirigindo o Plano Colômbia, Patriota, Victória, Consolidação e outros.


Chamamos aos colombianos e a comunidade internacional a lutar pelo intercâmbio humanitário e à saída política ao conflito social, político e armado que vive na Colômbia há mais de 50 anos.


Pedimos a solidariedade com os 5 patriotas cubanos, os 11 mil palestinos, entre eles 100 dirigentes, os porto-riquenhos, os paraguaios. E em especial, Sonia e Simón, todos presos políticos pagando injustas penas.


PELA NOVA COLÔMBIA A PÁTRIA GRANDE E O SOCIALISMO
FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA EXÉRCITO DO POVO
FARC-EP
COMISSÃO INTERNACIONAL. Julho 2007


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