"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


terça-feira, 17 de abril de 2007

Novo fracasso de Uribe e de Bush no TLC

A administração de Uribe ainda não se inteirou sobre o alcance das mudanças, nem dos mecanismos para fazê-los. É novamente convidada de pedra, limitando-se, como durante a negociação, a dizer se a qualquer coisa que proponham os norte-americanos. Ainda quando no começo consideraram impossível qualquer modificação, com o decorrer dos dias tiveram que resignar-se ao fato de que em todos os estágios do trâmite os Estados Unidos querem vantagens adicionais, impõem novas condições, encompridam ou encurtam os prazos a seu bel-prazer e sujeitam qualquer acordo a suas conveniências internas.


TLC em favor das multinacionais assassinas.


[Por Recalca]

O governo colombiano segue disposto a aceitar qualquer coisa que acordem os democratas e republicanos nos Estados Unidos com respeito ao TLC. Efetivamente, a bancada democrata tem chamado à formulação de uma “nova política comercial” que reforme as disposições em matéria de propriedade intelectual, trabalhista e de meio ambiente dos TLCs que estão em trâmite e que assegure lucros reais para os empresários e trabalhadores estadunidenses. Também querem que se aprovarem novos TLCs, estes tenham sua chancela, já que têm uma nova maioria no Congresso. Os republicanos consideraram “positiva” a proposta democrata que pede que se apliquem os padrões trabalhistas da OIT, instrumentos para aplicar os acordos ambientais multilaterais e facilitar o acesso aos medicamentos genéricos.

Charles Rangel, presidente da Comissão de Meios e Arbítrios, se opôs previamente à idéia de uma carta adjunta, e Thea Lee, diretora de política na federação laboral AFL-CIO, disse que uma carta adjunta não atende suas preocupações, as quais vão mais além das cláusulas trabalhistas em áreas tais como investimentos, meio ambiente e gestão governamental.

No entanto, na data prevista, a 31 de março, e que era considerada como o limite para iniciar um trâmite de 90 dias no parlamento norte-americano, não chegaram a um acordo e disseram que os prazos não eram tão peremptórios e que o mais importante era resguardar a possibilidade de formular uma política comercial bipartidarista, anunciaram informalmente que, possivelmente em duas semanas, haja alguns resultados e apresentaram um projeto ampliando a vigência do ATPDEA. Não serviu o chamado de Bush para que o parlamento o votasse rapidamente e, pelo contrário, a chefe da maioria democrata lhe fez um desaforo ao ir visitar o mandatário da Síria, considerado por Bush parte do “eixo do mal”.

A administração de Uribe ainda não se inteirou sobre o alcance das mudanças, nem dos mecanismos para fazê-los. É novamente convidada de pedra, limitando-se, como durante a negociação, a dizer se a qualquer coisa que proponham os norte-americanos. Ainda quando no começo consideraram impossível qualquer modificação, com o decorrer dos dias tiveram que resignar-se ao fato de que em todos os estágios do trâmite os Estados Unidos querem vantagem adicionais, impõem novas condições, encompridam ou encurtam os prazos a seu bel-prazer e sujeitam qualquer acordo a suas conveniências internas.

Agora Uribe tem a interpretação de que não importa quando se estude no Congresso norte-americano, pois o fato de haver-se firmado com antecipação lhes permite aprová-lo pelo método da via rápida. Com tal ter o TLC aprovado, faz qualquer interpretação, assim tenha que torcer-lhe a mão ao fato de que este tipo de tratados recebem cada vez mais questionamentos nos Estados Unidos.

Na Colômbia, tampouco o governo pôde cumprir os prazos que se fixou para a aprovação nas comissões segundas, que era no 16 de março. Todavia não se apresentaram todos os relatos e os liberais que se opõem estão pendentes de uma definição da bancada, a qual, aparentemente, não se vai adotar até que os democratas nos Estados Unidos não tomem uma posição definitiva, a ver se ali lhes tiram as castanhas do fogo. O fato é que vão haver mudanças e o governo está forçando contra toda legalidade ao parlamento a ratificar um texto diferente ao que se aprovará nos Estados Unidos. A firme oposição de alguns liberais pode terminar acomodando-se a uma decisão de conveniência. Se é que o governo não logra antes a divisão do partido liberal, como tenta nos Estados Unidos Bush com o Partido Democrata. As vozes liberais que chamam a “reformular o Plano de Desenvolvimento para que responda às necessidades do livre comércio” revelam que muitos liberais querem aprová-lo, porém querem que o governo pague um preço.

O fracasso do governo em acelerar este trâmite se deve adicionalmente às repercussões nacionais e internacionais dos escândalos da parapolítica. Muitos democratas vêem com preocupação o aprofundamento da crise e os vínculos do governo com os paramilitares, coisa que se agrava com a vinculação de 46 empresas colombianas à “Lista Clinton” de empresas acusadas de relacionar-se com o narcotráfico. Os democratas chegaram a afirmar “Temos que estar satisfeitos do governo Uribe e os paramilitares antes de atuar frente ao TLC ou ao Plano Colômbia”, porém imediatamente afirmaram “cremos que não há nada em nosso documento que não seja superável com alguma discussão”.

O movimento popular avança em sua crítica ao tratado e a toda a política oficial. As mobilizações gigantescas do 7 de março, a tomada de Bogotá e o anúncio de que haverá um multitudinário 1º de Maio e uma paralisação nacional em 23 desse mês, tudo isto contra o tratado, anuncia que a luta continua e que chegará a novos níveis.

Bogotá, 10 de Abril de 2007

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