"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 21 de março de 2007

O para-estado detém outro jornalista colombiano

Horacio Duque, conhecido jornalista e analista político foi detido pelo exército ontem. Horacio Serpa, dirigente liberal e duro crítico ao presidente Álvaro Uribe, que disse: ‘Me surpreende muito conhecer essa informação porque sempre o conheci como um intelectual questionador, um forte opositor ao presidente Uribe’. Duque é assessor de Horacio Serpa e trabalhou inclusive no “Instituto de Estudos Liberais” em meados dos anos 90 e logo foi assessor de Serpa para temas de paraticipação no Ministério do Interiror, escreve Dick Emanuelsson.


O Cartel dos narco-para-uribistas


[Por Dick Emanuelsson, ANNCOL]

Horacio Duque, conhecido jornalista e analista foi detido pelo exército ontem, quarta-feira, acusado de ter ‘supostos nexos com o narcotráfico e as FARC’, segundo El Tiempo, o jornal diário do vice-presidente e da família Santos. O mesmo jornal entrevista Horacio Serpa, dirigente liberal e incisivo crítico do presidente Álvaro Uribe, que disse que está surpreso pela detenção: ‘Me surpreende muito conhecer essa informação porque sempre o conheci como um intelectual questionador, um forte opositor ao presidente Uribe’. Duque é assessor de Horacio Serpa e trabalhou inclusive no “Instituto de Estudos Liberais” em meados dos anos 90 e logo foi assessor de Serpa para temas de participação no Ministério do Interiror’, segundo El Tiempo.

Nós que conhecemos Horacio não estamos surpreendidos. Foi e é, como disse Será, um “intelectual questionador”, basta ler (no final do artigo) suas excelentes crônicas no semanal VOZ (órgão semanal do Partido Comunista Colombiano), nas agências de notícias ANNCOL ou ARGENPRESS.info, o portal Rebelión ou nos meios alternativos como o INDYMEDIA, seção colombiana.

A Venezuela!

A conheci pela primeira vez na “Caravana de Solidariedade à Venezuela”, realizado por sindicatos e organizações populares colombianas em janeiro de 2003. Foi durante a sabotagem do petroleiro em Venezuela que recebeu todo o apoio silencioso e aberto por parte do governo de Uribe respectivamente a abjeta oligarquia colombiana”, como disse posteriormente Chavez. Um dos mais “abjetos oligarcas” foi o atual ministro da defesa, Juan Manuel Santos, integrante do poderoso clã e do monopólio da imprensa escrita colombiana, o grupo El Tiempo. Vale a pena recordar, que a partir de suas páginas tirava todo tipo de mentiras e insultos ao processo venezuelano aonde um dos membros do clã, Roberto Posada, vulgo ‘D´artagnan’ qualificava a Chavez como um ‘pequeno idiota’. Mas Horacio esteve lá, escrevia e relatava sobre o novo país vizinho que a democracia e o povo estavam defendendo para que sobrevivesse.

‘A conexão Boliviana’

Foram intermináveis crônicas escritas por Horacio durante o regime uribista. E a atividade jornalística se intensificou ultimamente paralelamente aos escândalos da base política do presidente Uribe; os narco-para-políticos, vários deles agora na prisão por serem “patrões” dos chefes dos esquadrões da morte, agora em processo de legalização pelo presidente Uribe.

El Tiempo disse que “as autoridades seguiam seu rastro há alguns meses e inclusive informações confidenciais assinalam que este homem havia estado em Bolívia realizando uma transação de drogas”. O método das autoridades de criar a montagem é olhar para o passaporte do sindicante para ver se viajou ao exterior. Aí não serve viagens à Miami, mas se é para a Venezuela, Bolívia, ou qualquer membro da ALBA, fica muito mais suspeito e é um ‘indício’.

A inteligência militar e os organismos de segurança de Uribe, o famoso DAS-paraco, tem feito tramas e montagens em relação à Bolívia. Lá esteve detido durante vários anos ‘Pacho’ Francisco Cortés Aguilar, um dirigente camponês que teve que exilar-se porque na Colômbia iam mata-lo, acusado de ser guerrilheiro do ELN em Arauca. Em Bolívia teve relação com os camponeses ligados ao MAS, atual governo de Evo Morales. E agora se utiliza o mesmo argumento, ou “pretexto”, contra Horacio Duque.

A armação sobre Freddy Muñoz

A mim me dá sinceramente pena por meus colegas colombianos que tem que transmitir o que todos no meio jornalístico sabemos que são armações, feitas como cortinas de fumaça. Mas não somente isso, as prisões têm várias dimensões, uma delas é ‘neutralizar’ os críticos da atual política uribista através do amedrontamento com qualquer armação ou acusação.

Anteontem era o jornalista de Telesur, Freddy Muñoz. Foi detido e acusado pelo DAS em novembro (e lembrem-se que a polícia de segurança DAS é um órgão POLÍTICO subordinado ao mesmo presidente que é o chefe máximo desse órgão terrível) de ser o perito em explosivos da Frente 37 das FARC. Tiveram que soltar a Freddy Muñoz 50 dias depois porque nem sequer os desertores das FARC se sustentavam em seus ‘testemunhos em branco’ redatados pelo DAS, quando não voltaram atrás, como aconteceu nos julgamentos de Simon Trinidad e Sonia nos Estados Unidos.

Depois os soldados da Armada em Montes de Maria ‘encontraram casualmente’ uma mochila com fotos de uma festa dos guerrilheiros da Frente 37, aonde aparecia o mesmo Freddy Muñoz com fuzil e roupa verde-oliva. Utilizando o programa de edição de imagens Photoshop trocamos facilmente a cabeça de Freddy por Uribe, Bush ou porque não, pelo próprio ministro de defesa, o senhor Santos. Era estarrecedor ver esse corpo guerrilheiro forte (pelo menos 90 quilos) e sem uma grama de gordura e compara-lo com o pequeno corpo de Freddy, gordinho. Mas durante meses questionaram, não somente a honestidade e profissionalidade de Freddy mas sobretudo, e isso principalmente, o papel de Telesur, um canal de televisão que cresceu em tamanho e qualidade de forma impressionante. Hoje nem mencionam mais a foto do “guerrilheiro Freddy”.

Uribe põe a lápide do jornalista Carlos Lozano

Explodiu o escândalo dos narco-para-políticos, a base política e social de Uribe e com certeza para a maioria uribista no congresso. O presidente se viu cada vez mais entrincheirado, os chefes “paracos” ameaçavam revelar os ‘verdadeiros patrões’ desses acontecimentos, tirando o lacre sobre os generais (que todos os jornalistas de Bogotá sabem quem são mas não se atrevem a revelar) corruptos e assassinos, os industriais e os afiliados do agora embaixador Jorge Visual dos paramilitares do Fedegan.

Os familiares dos civis detidos pelas FARC e os familiares dos mais de 50 oficiais (os 400 soldados sem patente foram unilateralmente entregues pelas FARC em junho de 2001 a seus familiares) começaram a pressionar. A data, 23 de fevereiro, aniversário de Ingrid Betancourt teve repercussões tanto no país como no exterior e sai Uribe dizendo que as FARC fecharam as portas a um acordo humanitário. O esposo de Ingrid, Juan Carlos Lecompte, dizia, sem pestanejar, diretamente para a Telesur, que quando Uribe assumiu a presidência em 2002 que com ele “os detidos vão apodrecer na selva”.

Carlos Lozano, diretor do semanal Voz, depois de uma investigação com as FARC, desmentia a existência de um ‘emissário fantasma’ de Uribe e que havia se encontrado com a guerrilha. Salientou que a guerrilha não fechou as portas a um intercâmbio humanitário, não importa quão ilegítimo o atual regime de Uribe é. Uribe não demorou muitas horas para declarar Carlos Lozano como ‘objetivo militar’ e colcoar uma lápide em cima da sua cabeça com as palavras “Carlos Lozano é cúmplice das FARC” e “Porta-voz da guerrilha”.

Manuel Cepeda, assassinado pelo estado

Tem sido assassinados vários jornalistas do semanário Voz, Manuel Cepeda, foi assassinado dia 9 de agosto de 1994 quando se dirigia em seu carro blindado ao senado onde representava o Partido Comunista. Sua coluna ‘Flecha em Branco’ muitas vezes era mais duro que um Ponto 60 da guerrilha, quando dirigia suas palavras em denúncia contra o Estado de Terrorismo, um estado que por fim acabou com a vida desde grande jornalista.

Será que vamos permitir que o colega e amigo, Carlos Lozano, tenha a mesma sorte? Por que o homem que dirige as forças uniformizadas ou civis obscuros do estado, já não respeita nem mesmo a vida e a garantia daqueles que exercem o trabalho jornalístico em Colômbia.

As declarações de Uribe contra Lozano tem despertado o horror nos círculos dos familiares dos detidos pelas FARC já que Lozano foi um dos facilitadores para um intercâmbio humanitário, ao qual Uribe nunca aceitou. “Resgate á sangue e fogo” é política do governo de Uribe.

O complô de Uribe contra os liberais Anti Uribistas

Começaram a questionar Horacio Será, ex candidato presidencial e líder do partido liberal, um duro crítico à política pro paramilitar de Uribe. Não demorou muito tempo até que despertou Fernando Botero, ex-ministro de defesa do governante Ernesto Samper. Foi chefe da campanha eleitoral do ex-presidente Samper em 1994 que recebeu vários milhões de dólares do Cartel de Cali. Botero denunciava que Serpa sabia das ‘doações’ do cartel de Cali. Serpa o encobriu com a cortina de fumaça para desviar o escândalo da parapolítica.

O ministro do interior, Carlos Holguín dizia há uma semana que a fiscalização e a Corte Suprema de Justiça, não somente deveriam investigar os políticos com ligações aos paramilitares, mas também os políticos ligados às FARC. E ontem foi detido pelo exército Horacio Duque, ex assessor de Serpa e acusados te terem ligações tanto com os narcos como com as FARC.

Assim se completa o cronograma político da armação de Uribe contra Serpa e os liberais que se atrevem a questionar o presidente.

Em uma só busca na internet pelo nome de Horacio, é possível encontrar centenas de artigos escritos por esse colombiano. Será que os narcos utilizam uma pessoa tão pública como Horacio e que o enviam à Bolívia?

Uribe tem seus dias contados

Claro que não. O que vemos agora é um novo caso de repressão realizado pelo Terrorismo de Estado. Uribe tenta desesperadamente calar as vozes em discrepância e recorrem aos velhos métodos de perseguir aos que se atrevem a abrir a boca através do terror ou a guerra psicológica. Uribe tem seus dias contados, disso não resta dúvida. E ele sabe disso, por isso está cada dia mais descontrolado e totalitário.

O que vemos é um chefe político em queda

Uribe também sabe perfeitamente, que se chega a terminar seu mandato, o que não acredito, será enfrentado com seu Amo no Norte, enfrentando as velhas acusações de filiação ao Cartel de Medellín feita pelo Departamento de Defesa estadunidense em 18 de março de 1991 e revelado na revista Newsweek em junho de 2001. Não somente os colombianos sabem de onde saiu sua fortuna, por ter sido um simples homem da classe média com problemas econômicos e tornou-se um dos maiores e mais ricos detentores de terra na Colômbia. Os gringos também o sabem em detalhes.

Todos esses antecedentes Horacio Duque descreveu de forma excelente, por isso terminou onde está agora, no Bunker da Fiscalização em Bogotá. Falta ainda a assinatura do TLC para que os gringos possam deixar de dar respaldo a Uribe, pois não precisarão mais dele. Colômbia criou o acordo Puebla-Panamá, para conectar os Estados Unidos e sua desejada infraestrutura para unir a Colômbia à América Central e aos EUA. O novo e ampliado canal do Panamá possibilita aos porta-aviões norteamericanos a mudar de oceanos facilmente e meter tropas e aviões mais rápido em qualquer lugar da América Latina.

Colômbia poderá servir mais facilmente como ponte de agressão contra Venezuela e Equador. Além do mais, Uribe entregou aos gringos através dos Planos Colômbia, Patriota e agora Vitória a maior biodiversidade do mundo, a região amazônica.

O espaço de manobra de Uribe está diminuindo

Essa manhã chegou a notícia de que o desemprego oficial aumentou 13,8%. A política anti-trabalhista beneficiou apenas a oligarquia enquanto os trabalhadores vêm perdendo a remuneração pelas horas extras, as jornadas já não são mais de oito horas sendo muitas vezes até 12 horas sem remuneração, férias e sobre tudo, a mínima estabilidade trabalhista que existia.

Três agentes da CIA presos pelas FARC entrevistados

Nesta sexta-feira estréia o novo filme do ilustre jornalista Jorge Enrique Botero. Trata-se dos três agentes da CIA que foram capturados pela guerrilha das FARC no dia 14 de fevereiro de 2003 no estado de Caquetá. O então chefe do exército colombiano, Jorge Enrique Mora, nefasto general corrupto com ligações aos chefes paracos, dizia em uma “escapolida” que os três agentes civis estavam executando tarefas de inteligência. Mora foi destituído rapidamente, acusado formalmente por não se entender muito bem com a ministra de defesa, Marta Lucia Ramírez, uma simples desculpa que todos os jornalistas em Colômbia asbem que é uma mentira monumental.

O filme é uma exclusividade que até agora tem sido totalmente abafado pelos grandes meios controlados pelos três grupos, donos da Colômbia; Santos, Santodomingo e Ardilas Lulles.

O filme vai estreae no canal Telesur às 19:00 em Colômbia e, com toda a segurança, será visto por todos na embaixada grinda em Bogotá, Uribe e seu governo.

O trabalho jornalístico é exclusivo já que ninguém teve acesso para fazer uma entrevista com esses três agentes, prisioneiros de guerra e membros das forças ocupantes dos Estados Unidos na Colômbia, os personagens mais procurados ao lado de Bin Laden. A guerrilha integrou-os como “trocáveis” com guerrilheiros presos, como Simon e Sonia. Arriscando tocar esse tema Botero era jornalista na TV-Caracol, e feito o primeiro filme sobre os soldados e militares capturados em combates com as FARC em 2001. Dos 45 minutos que tinha o filme, os diretores de Caracol permitiram mostrar somente cinco minutos, cenas selecionadas pelo ponto de vista político, para desprestigiar a guerrilha e colocá-la como ‘cruel’, comparando os acampamentos dos prisioneiros com os campos de concentração nazistas.

Mas o mais preocupante é que esse tipo de documentário jornalístico, sempre termina com ameaças de morte, assassinatos, como no caso de Manuel Cepeda, ou com prisões como no caso de Horacio Duque. É uma ilustração e uma confirmação de que um Terrorismo de Estado executado por uma intolerante “oligarquia podre” onde não há espaço para a liberdade de expressão e de pensamento.

Liberdade para Horacio!

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